sábado, 9 de fevereiro de 2013

Autocrítica!





O processo de construção de uma identidade de um sujeito apto a ser diretor e ator das ações revolucionárias de mudança radical da sociedade, precisa aprender a ouvir críticas e assimila-las, mas também deve aprender a realizar autocrítica. Com a vinda da Presidenta Dilma a Castanhal, postei em uma das minhas contas nas redes sociais um alerta que o PSTU iria mandar um ônibus (nem sei se era real ou não), dessa minha iniciativa, que em seu início era apenas uma sátira foi para um lado que jamais imaginei, com críticas a meu comportamento nas eleições passadas, com nuances preconceituosos, mas que me fizeram refletir, quero desde já agradecer publicamente a companheira e amiga Regia, o meu muito obrigado, suas críticas, mesmo sem fundamentação teórica, ela revelava um sentimento honesto e capaz de desenvolver um profundo e sincero processo de autocrítica que começo agora. Como por exemplo, meu afastamento da campanha do companheiro Alfredo, que teve mais conotações políticas do que necessariamente os motivos indicados pela companheira Régia, mas que pelo meu silêncio e falta de senso de oportunidade, justificam perfeitamente as críticas a mim, mas me fez refletir e com isso podemos aprender um pouco com esse fato.

Ano passado com o processo de escolha do pré-candidato do PT as eleições municipais resolvi tomar partido, assim no dia 29 de dezembro de 2011, resolvi procurar o companheiro Getúlio que intermédio a reunião, foi um conversa rápida, e passada as festas de fim de ano, entramos de cabeça na pré-campanha do companheiro. Naquele momento lanço um manifesto rompendo qualquer tipo de laço com a campanha do Puty, explico, quando o Movimento Solidariedade me deu a tarefa de fazer a reaproximação com o Governo Ana Júlia fechamos o acordo de apoiar o Puty para deputado federal e cumprimos com nosso acordo, mas o problema começa a aparecer na negociação para fechamos a escolhas dos membros do Diretório Regional, eu estava encarregado de realiza-la, supervisão do companheiro Nonato Guimarães, com quem sempre aprendo algo novo, mesmo a contragosto e pela unidade da Mensagem ao Partido no estado, fui indicado para compor o diretório estadual do PT, mas as relações com a DS começava a fazer água.

Percebia que a intenção da DS era simplesmente a cooptação dos setores minoritário, uma simples anexação, esse alinhamento sem debate nunca foi meu forte, mas enfim, permaneci mesmo discordando da linha adotada pela maioria do Solidariedade, inclusive fiquei o ano de 2011 esperando o contato do gabinete do Puty, coisa que nunca houve, logo me senti completamente livre para apoiar o Alfredo. Como não era necessário na campanha do Puty, tentei ser com o Alfredo. E tenho a convicção que temos uma contribuição significativa, até nossos militantes com tarefas em outros municípios vieram se incorporar a campanha, como é o caso do Rogério, parceiro de todas as horas e do Rodrigo. Deve-se destacar que mesmo não sendo mais um coletivo os membros do Solidariedade Belém, se mantiveram juntos na ação e assim continuará!

O estabelecimento da linha política adotada teve como objetivo dois aspectos fundamentais, o primeiro era barra uma postura arrogante dentro do PT e depois demonstrar nosso capital intelectual. Com a vitória do Alfredo, após um processo de dois turnos, com lamentáveis comentários sobre a prática de compra votos, reproduzindo dentro do PT o que ocorre nas eleições viciadas e vendidas pelo TRE, obviamente que o PT está institucionalizado até a alma, mas eleições internas serviram para mostrar claramente que não podemos mais nos comportar como sacripantas, o enraizamento de valores externos as práticas construídas no PT só demonstra sua indulgência frente aos valores burgueses e como eles têm corrompido nossos próprios valores.

Esse foi meu primeiro erro, fui sinceramente orgulhoso e submeti minha ação política em uma pequena vingança, saborosa, mas inútil. Muito embora a estratégia estivesse correta, pois ainda acredito que o PT tem que passar por um processo de maturação e de depuração, contudo essa é outra história. O importante é que durante a pré-campanha conseguimos dar o aporte político necessário para ela sair vitoriosa, mesmo sabendo das limitações da candidatura do PT naquela conjuntura, mas a oportunidade estava dada, poderíamos utilizar como utilizamos uma forma completamente experimental na campanha do Alfredo, uma campanha militante, mas a medida que as peças foram sendo encaixadas, percebi que não haveria espaços para um debate mais longo do papel das eleições para construção do PT e do Socialismo.

Cheguei mesmo a comentar com o Fernando as ideias, com a utilização de animação, chegamos mesmo a contatar desenhista que trabalham com quadrinhos, em não utilizar a estrela do PT de uma forma inédita, a estrela daria lugar a um coração pulsando e com ele o 13, tantas ideias discutidas, a própria internet seria um palco diferenciado, mas de repente o conhecimento ficou sem emoção, o saber cientifico fora transformados em dados sem razão de existir e a campanha tornou-se um processo político completamente doloroso para o PT, que para uma estratégia de depuração se encaixava perfeitamente, mas nem sempre tudo que é certo, pode ser verdadeiro, compreendo isso agora.

Quero aqui deixar meus agradecimentos ao companheiro Alfredo, sei que a partir de agora nossos caminhos sempre estarão de alguma forma ligados, bem como ao guerreiro Laercio, e a todos que na pré-campanha, em especial ao Fernando e a Marcela. Obviamente que nem tudo foram flores, cheguei mesmo a ser recebido muito bem, mas confesso que ouvi coisas absurdas como, por exemplo, “não te acostuma, quando chegar outubro estarás fora”, isso só seria o início de tudo que passei e de tudo que tive que engolir, mas o projeto era maior, mas maior para quem, por quê? Já passei da idade de me sujeitar a esse tipo de situação, e liberdade de poder pensar e falar o que se quer tem um preço que eu simplesmente nunca me ausentarei de pagar, podem apostar nisso!

As linhas adotadas na campanha do Alfredo eram suicidas, eu tinha duas alternativas, uma era simplesmente me afastar e ficar observando o que ia acontecer. A outra era fazer luta política dentro do comitê, confesso que eu queria fazer a luta política, mas depois de certa idade, e com a estratégia de depuração em mente preferir não fazê-la, a possibilidade de romper com a direção não estava dada, preferir apoiar o PT em outros municípios onde minhas capacidades pudessem ser ouvidas. O que me resta a saber que “não podem ser eternos”, um hora, um dia ou mesmo um ano vindouro, tudo pode mudar a construção de novos dirigentes, de novas políticas é uma necessidade dialética, sei que eles não iram cansar e simplesmente largar o osso, eles são uma burocracia que se alimenta das relações com o poder existentes dentro do PT e com isso se movem e se estruturam, mas até mesmo eles perceberão que não podem continuar numa estratégia de derrota o tempo todo!

Esse ano ter-se-á novamente o PED, com novas regras, uma chance de refazer o debate, incautos os arautos da mesmice deverão permanecer, e a mudança continuara a seduzir os sonhadores, o rei permanecera nu, os mentirosos e traidores continuaram usando de poder e influencia para manter em suas rédeas o poder. Tolos e imbecis acreditam que basta o poder do dinheiro para continuar, cegos estão e cegos permaneceram, como diria Chico amanhã vai ser outro dia e outras primaveras ainda virão.

Sim, fui soberbo, deixei me levar por um estratégia onde a covardia era a atitude principal, deixei o bom combate de lado para ver a arrogância ser a mola propulsora da história, pensei que a corda dada poderia ser a mesma que na forca estaria, não, definitivamente não é um erro, a ganancia deles justificava esse ato, para eles a eleição é o momento de treinar acordos e conchavos, para ganhar tostões, miseráveis de espirito bastava para eles a indicação dessas ou daquele serviço, mas enfim, o processo passou, sair do gabinete ainda em Setembro, frustrado por não ter ido a luta, sabia que era inútil, mas fugi esperando que a própria bílis fosse o suficiente para o sacrifício, mas eles sobreviveram e já foram para outras paisagens como pragas que acabam com os campos e em seguida seguem em frente para outras.

Obviamente a que a avalição de um processo como esse não será sem traumas, mas minha intensão é tão somente esclarecer a minha fuga da eleição aqui em Belém, e cada coletivo interno tem suas dinâmicas próprias, assim fui seguir minhas convicções, se elas serão compreendidas ou mesmo aceitas, não me cabe avaliar, mas temos que ter cuidado com ataques de cunho ético e moral, pois a verdade no máximo é algo pessoal e intransferível, mas estarei aqui disposto a fazer o debate seja com que for e aonde for

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A morte de uma estudante e a descoberta da luta pelo Socialismo




A morte de uma estudante e a descoberta da luta pelo Socialismo

A busca pela felicidade é uma constante humana, os sonhos de uma vida melhor, sempre envoltos na perspectiva de melhora. Filosoficamente falando é uma liberdade, mas que objetivamente ainda é uma utopia. Desculpe a franqueza, mas é o que acho.

Durante minha juventude tive a oportunidade de fazer parte do Movimento Estudantil, que tempo bom, à época a juventude ainda era assombrada pela falta de democracia, como por exemplo, obrigada a usar uniforme na escola, enfrentando fila para ter acesso ao prédio, do Colégio Lauro Sodré, inclusive para subir as escadas, aos olhos vigilantes da Marina, que nunca tirava o lenço da cabeça, que em comentários diziam que ela era careca, mas lendas a parte o processo de lutas democráticas inspiravam minha geração, que nasceu em plena ditadura militar.

A lei do Grêmio Estudantil foi promulgada em 1985, no ano seguinte estava fundando a Associação de Aluno e Ex-Alunos do Colégio, enfim, o Lauro Sodré era um tradicional colégio do Estado, no final do século XIX foi considerado um dos três melhores do mundo, mas naquele ano de 1986 a escola estava caindo aos pedaços, um prédio que exigia uma manutenção permanente, em compensação tínhamos professores que valiam a pena, como o Haroldo de História, que era da antiga Convergência Socialista, o Geogenor e o Ofir de Matemática, o Augusto de Ciências que militava no Partidão e para não fugir a regra tinha a reação em pessoa, o cão desencarnado do inferno (figura de linguagem), a Vera Lúcia de Geografia, essa merece um capítulo a parte.

Contudo foi em 1988 que começamos a debater mais intensamente o Grêmio Estudantil, lembro que no turno da tarde estudava os alunos da sétima e da oitava série do primeiro grau, os alunos da quinta e da sexta no turno da manhã e o segundo grau à noite. Logo após as férias de fim de ano voltamos para a escola, na época a Secretaria de Educação era a Terezinha Gueiros, então primeira dama do Estado, depois de algumas prorrogações a direção da escola tinha decidido sobre um limite de dada para entrar na escola com o uniforme, toda a luta do Grêmio começou com essa demanda.

Lembro que já estava na escola a três anos, desde a quinta série, e na oitava já estávamos na reta final, e conhecíamos todo mundo, o Lauro Sodré tinha um vida acadêmica agitada, a equipe de vôlei, de futebol, de handebol, tinha o teatro, a banda musical, o clima da escola com vários locais de encontros e desencontro, em um período de descobertas, os porões eram sempre visitados em suas diferentes entradas, sem contar as idas ao Bosque, mas isso é tema para outra história.

Enfim, vários personagens que comporiam o Grêmio já eram figuras carimbadas, o César e eu de certa forma no turno da tarde tínhamos maior inserção, o Cesar já pela sua capacidade de leitura e oratória sem iguais e eu por ser da equipe de Vôlei, que me dava certa popularidade, tinha ainda a Andréa, minha irmã que sempre foi uma figura presente e marcante na luta do dia-a-dia do colégio, a Adriana com uma liderança respeitada, a Elis, a Luciana, a Lena Claudia, o Dinorlan, o Miguel, tanta gente, mas basicamente esse era o núcleo e boa parte dele morava no Conjunto Maguari.

Estou lembrando isso por que hoje dia 03 de fevereiro de 2013, uma companheira completaria 40 anos, a Giselle Miranda, que foi atropelada em uma manhã de setembro de 1988, não sei se mais alguém lembra a data, mas não podia deixa passar em branco, a Giselle não participava diretamente do Grêmio, mas em vários momentos ela sempre foi a primeira a sair para as passeatas em sua sala, lembro dela como um menina que sempre estava curiosa, queria conhecer a vida em sua plenitude, confesso que sempre a olhava com curiosidade, mesmo naquele período eu já olhava as pessoas enquanto perspectiva.

Como eu praticamente vivia na escola, tinha treino de vôlei toda manhã, e as atividades do grêmio, entrava na escola as 7 da manhã e saia a noite, esse período conheci o Reginaldo, o Eliezer, o Newton e o Afonso, que completariam a direção do Grêmio, lembro que o Newton Pereira foi eleito na reunião da chapa para ser nosso candidato a Presidente do Grêmio, que depois foi batizado de Giselle Miranda.

A morte da Giselle foi um pouco depois da eleição do Grêmio, o nome da nossa chapa era “Em Prol da Juventude”, lembro que fui contrário, mas a Adriana soube defender e teve logo o apoio do pessoal da noite, mas enfim, estávamos a pouco tempo empossados, e a Giselle veio a falecer naquela manhã de setembro, e eu estava na escola, chegamos a socorrer, mas ela não resistiu ao impacto do atropelamento, a notícia de sua morte só chegou na manhã seguinte.

Lembro-me de ter chegado na escola por volta das oito da manhã, e assim que pisei na calcada central vi toda a movimentação, os alunos por iniciativa própria não tinham entrado nas salas, ficaram na frente da escola, prática comum, pois quando tínhamos alguma manifestação para ir nos concentrávamos na frente do prédio para sairmos em caminhada. Quando vi aquela multidão já sabia o que tinha acontecido, confesso que fiquei receoso em continuar minha caminhada em direção a entrada da escola.

Da parada do ônibus até a escadaria em frente a escola são pouco mais de 300 metros, vi vários rostos conhecidos me olhando, algumas pessoas se aproximaram, lembro de reconhecer o rosto do Dino, assustado ele chegou e me disse “o que vamos fazer?”, fiquei sem palavras e continue a caminhar, fui direto para a sala da direção da escola, que eu frequentava costumeiramente, antes entretanto de chegar na sala para falar com a diretora, fui abordado pela professora Ana, de português, falando que essa era a hora do Grêmio tomar uma atitude.

Não sabia exatamente o que deveria ser feito e como ser feito, mas a primeira coisa ha saber era o que estava acontecendo, se a espontaneidade dos alunos de não entrarem era verdadeiro ou uma ordem da direção da escola? Quando cheguei à sala da Diretora ela veio logo perguntando quem eu era para não deixar os alunos entrarem na escola, fiquei meio perplexo mais fiquei calado, e percebi que em sua sala estava a mãe da Giselle, reconheci ela por que tinha participado de uma reunião entre os pais e a direção da escola algumas semanas antes e ela estava lá, ela comentou que ainda não tinha local para realizar o velório, logo veio a ideia de realizar no auditório do Colégio, assim que o corpo fosse liberado, a assim ficou combinado entre a direção, o Grêmio e os familiares.

Depois fui para frente da escola, e juntei as centenas de estudantes que se encontravam na frente da escola e comecei a falar da reunião que decidira realizar o velório, e sugerir que todo mundo fosse para suas casas e tarde voltasse para a chegada do corpo, quando deu umas 11h fui embora para casa para voltar o mais rápido possível.

Os acontecimentos da tarde daquele fatídico dia estão vivos na minha memória, como se fossem hoje, foi na verdade meu batismo de fogo na luta, mas é outra história, estou a anos trabalhando na pesquisa e colhendo o material, ainda falta fazer várias entrevistas, mas é um desafio que encaro com maior prazer, contar nosso lado da história.

Lembrar da Giselle em seu aniversário, depois de tanto tempo renova um significado que a luta por mudanças sociais ainda são necessárias, que ainda temos muito que caminhar, sei que se ela viva estivesse, estaria ainda me olhando e dizendo que seria a primeira a levantar da cadeira para a passeata, que essa data seja lembrada com tristeza, mas também com o desafio de continuar a luta por uma sociedade socialista.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Lobo tomando conta do galinheiro



O Lobo tomando conta do galinheiro: Renan de líder do bando a presidência do Senado.

A eleição de Renan Calheiros abre um tempo novo no Senado Federal, um tempo em que o STF inaugurou com o fim da AP 470, desde Cabral, o português. Duvido que nossa nação sem noção possa estar mais cabisbaixa, mas ainda temos tempo para mais e muito mais. Se por um lado o poder executivo permanece com a gerência o PT, tá bom sou filiado, não há dentro do PT no Pará um debate sobre os rumos do governo, apenas um silêncio reinante e um aversão a crítica e a autocrítica, por outro temos um tempo inglório para as lutas sociais, a criminalização das lutas sociais, agora batizadas de terroristas e bandidas, são apenas a pequena face do período sóbrio que se tem a frente.
Renan como presidente do Senado leva a fundo uma simplória, mas eficiente analogia sobre o lobo tomar conta do galinheiro e com a postura subserviente do STF aos poderes midiáticos se tem uma fórmula que só pode levar a uma única conclusão: Estamos Ferrados!
 O PT completamente afastado das lutas sociais e completamente submerso aos ditames da burocracia estatal, servo inequívoco do parlamento e dependente de uma nova geração de quadros despolitizados e institucionalizados até a alma, acho que eles não sabem pedir uma cerveja no boteco das esquinas de Brasília sem mandar um memorando!
Enfim, a ofensiva da classe dominante, coisa antiga, mas vai servir, estará em construir medidas para restringir os poderes do executivo, principalmente se manter a popularidade da atual gestora, a Presidente Dilma, com esse risco e com os lucros sendo divididos com políticas de construção do Estado, pois as políticas do PT no Governo Federal não passam de colocar o Estado presente nos rincões do país, nada mais e nada menos que isso, a dita inversão de prioridades ainda está no discurso, se os dados indicam um avanço, o que é natural, pois nunca houve um governo que se dispôs a ser presente na vida cotidiana da população do país, mas isso é outro debate.
Renan, no Senado, o STF com está e o poder da mídia sendo ofertado a todo o momento, tem-se assim o chamado golpe branco! E ainda vai existir gente querendo me criticar por ser de esquerda nesse país. Te cuida Brasil!