sábado, 7 de janeiro de 2012


Sobre as prévias no Partido.....



Quero deixar claro que as posições descritas nessas linhas representam necessariamente a preocupação de construir alternativa ao autoritarismo de “esquerda infantil petista”, que não formula, em seu conjunto teórico ou mapa conceitual, as suas verdadeiras diretrizes políticas, e uma das minhas tarefas enquanto militante do materialismo histórico é desmascarar tais “atrocidades”, digo isso com profundo pesar, até porque tais iniciativas não são novas no movimento da esquerda mundial, aliais, foram e são até o presente momento os principais entraves da compreensão revolucionária marxista.

E em seu nome foi montado verdadeiras mentiras seculares que se basearam sistemas inteiros, inclusive o mundo pós-guerra, o que esses senhores, “companheiros de partido” o fazem é utilizar de modo desavergonhado toda tradição, força e acima de tudo convicção marxista acerca das suas teses sobre a superação do capitalismo, e sob esse signo, vale tudo!

Por exemplo, um dos pilares do marxismo enquanto doutrina social é a defesa intransigente de uma ditadura, a do proletariado, “formula” utilizada por Marx a partir do estudo histórico das diferentes revoluções no mundo (europeu) pressupõe períodos pós-revoluções que significam um ordenamento social em foco de guerra, e que somente o processo de construção econômica pressupunha tal organização, ainda mais, que o proletariado seria a única classe com doutrina e disciplina para sua construção: o estado operário.

Esse item da doutrina do marxismo, a qual eu concordo em gênero, número e grau, ofereceu distorções a inúmeras tragédias na historia da humanidade, dentre elas, o próprio stalinismo, maoísmo, castrismo e tantas outras que seria inadequado enumerá-las, todavia isso seria apenas o ponta do iceberg, a partir da deturpação voluntária e consciente e de diferentes níveis e formas, esse processo seria ininterruptamente transformado com diferente nuances, entre eles o processo de construções das chamadas “democracias ocidentais” em contrapartida aos estados operários deformados, isso no terceiro mundo sofreria alterações acachapantes.

Na America Latina e particularmente no Brasil as particularidades obrigaram uma geração inteira de quadros da esquerda a se adaptar ao discurso da “democracia”, logo a democracia surgiria como única alternativa ao processo de ditaduras militares na região, e o conteúdo das teorias, inclusive sobre a ditadura do proletariado, teria modificações, a democracia passou a ter um valor universal, e logo os teóricos do PT ampliariam mais sua conceituação aos valores éticos, econômicos e sociais, não cabe aqui discutir esses valores, aos quais no momento histórico são justificáveis, mas sim avaliar a partir desses elementos o discurso desses “senhores” que se julgam além do bem e do mal, circulam entre ortodoxia e heterodoxia como navegassem em um único rio, e como caboclo do Marajó, acostumado com vazantes e cheias, sabe bem que isso é como encher um paneiro com água.

O que é estranho nesse processo, e vou dar nomes aos bois, a dita ortodoxia, que incluem ai PSTU, CST no campo fora do PT e internamente a própria DS, se revela ainda mais assustadora, por ter um discurso democrático para consumo externo e internamente se revela um verdadeiro aparelho de montagem de maioria, não somente numéricas, mas hegemonistas ao extremo, quem não lembra da captação dos movimentos sociais pela prefeitura do Edmilson Rodrigues, ou mesmo da relação do governo Ana Júlia com os movimentos sociais, e por ai afora, seriam desnecessário falar isso, com exceção da análise da prefeitura do Ed, que merece melhor destaque, mas isso fica para outro momento, o que vale comentar e que a prefeitura dele não foi uma gestão petista, não nós cabe essa tragédia, e a história esta ai, e alerto aos companheiros do PT que tomem cuidado nesse ano eleitoral, não cabe ao PT fazer campanha para o Edmilson e nem ao PSOL.

Logo a DS vem assumindo o papel deixado por Ed e sua trupe e com eles os mesmos equívocos e erros formatado a partir da leitura superficial e deturpado do marxismo, mas especificamente no que se refere a ditadura do proletariado combinado com o discurso democrático, falácia, eu sou em pleno gozo das minhas faculdades mentais marxista e em nada me assemelho as práticas adotadas por esses senhores, logo, minhas posições sobre as prévias do PT são plenamente justificáveis, pois temos que impedir que em nome do PT e da esquerda paraense, comenta-se novamente os erros tanto na prefeitura de Belém como no governo do estado.

Inicialmente tinha aderido a campanha do nobre e valoroso companheiro Paulo Gaya, que em um gesto corajoso foi com Hannah Arendt formulou, mas desejo a esse companheiro todo sorte dos lutadores e que continuaremos a caminhada logo após as prévias, mas que nesse momento temos que juntas todas as forças possíveis e imagináveis para impedir essa tragédia, que nesse momento anuncio, o PT não pode e não deve indicar o Puty como nosso candidato a prefeito de Belém, mesmo que nessa eleição sejamos apenas um na disputa.

Logo nossa tarefa é, dentro do campo democrático e popular, construir alternativas, e nesse contexto o companheiro Alfredo Costa se constitui hoje como um real e importante alternativa para as prévias e para as eleições, talvez seu perfil possa fazer mudar as designadas orientações das próximas eleições, essa novidade permitira ao PT ser de fato um partido de esquerda democrático e popular e quem sabe assim, possamos fazer um governo identifica ao próprio PT, como o governo federal, dois mandatos do companheiro Lula e agora com a Dilma, com o governo da Erundina, de Porto Alegre, de Brasília e de tantos outros, o que temos agora é esse desafio: construir um candidato que represente todos os petistas que nunca se sentiram contemplados em governos do lado de cá e o mais importante, afastar definitivamente essa forma leviana de ser fazer política.



Marcelo Bastos.



Belém, 07 de Janeiro de 2012