O processo de construção de uma identidade de um
sujeito apto a ser diretor e ator das ações revolucionárias de mudança radical
da sociedade, precisa aprender a ouvir críticas e assimila-las, mas também deve
aprender a realizar autocrítica. Com a vinda da Presidenta Dilma a Castanhal,
postei em uma das minhas contas nas redes sociais um alerta que o PSTU iria
mandar um ônibus (nem sei se era real ou não), dessa minha iniciativa, que em
seu início era apenas uma sátira foi para um lado que jamais imaginei, com
críticas a meu comportamento nas eleições passadas, com nuances
preconceituosos, mas que me fizeram refletir, quero desde já agradecer
publicamente a companheira e amiga Regia, o meu muito obrigado, suas críticas,
mesmo sem fundamentação teórica, ela revelava um sentimento honesto e capaz de
desenvolver um profundo e sincero processo de autocrítica que começo agora.
Como por exemplo, meu afastamento da campanha do companheiro Alfredo, que teve
mais conotações políticas do que necessariamente os motivos indicados pela
companheira Régia, mas que pelo meu silêncio e falta de senso de oportunidade,
justificam perfeitamente as críticas a mim, mas me fez refletir e com isso
podemos aprender um pouco com esse fato.
Ano passado com o processo de escolha do
pré-candidato do PT as eleições municipais resolvi tomar partido, assim no dia
29 de dezembro de 2011, resolvi procurar o companheiro Getúlio que intermédio a
reunião, foi um conversa rápida, e passada as festas de fim de ano, entramos de
cabeça na pré-campanha do companheiro. Naquele momento lanço um manifesto
rompendo qualquer tipo de laço com a campanha do Puty, explico, quando o Movimento
Solidariedade me deu a tarefa de fazer a reaproximação com o Governo Ana Júlia
fechamos o acordo de apoiar o Puty para deputado federal e cumprimos com nosso
acordo, mas o problema começa a aparecer na negociação para fechamos a escolhas
dos membros do Diretório Regional, eu estava encarregado de realiza-la,
supervisão do companheiro Nonato Guimarães, com quem sempre aprendo algo novo,
mesmo a contragosto e pela unidade da Mensagem ao Partido no estado, fui
indicado para compor o diretório estadual do PT, mas as relações com a DS
começava a fazer água.
Percebia que a intenção da DS era simplesmente a
cooptação dos setores minoritário, uma simples anexação, esse alinhamento sem
debate nunca foi meu forte, mas enfim, permaneci mesmo discordando da linha
adotada pela maioria do Solidariedade, inclusive fiquei o ano de 2011 esperando
o contato do gabinete do Puty, coisa que nunca houve, logo me senti completamente
livre para apoiar o Alfredo. Como não era necessário na campanha do Puty,
tentei ser com o Alfredo. E tenho a convicção que temos uma contribuição
significativa, até nossos militantes com tarefas em outros municípios vieram se
incorporar a campanha, como é o caso do Rogério, parceiro de todas as horas e
do Rodrigo. Deve-se destacar que mesmo não sendo mais um coletivo os membros do
Solidariedade Belém, se mantiveram juntos na ação e assim continuará!
O estabelecimento da linha política adotada teve
como objetivo dois aspectos fundamentais, o primeiro era barra uma postura
arrogante dentro do PT e depois demonstrar nosso capital intelectual. Com a
vitória do Alfredo, após um processo de dois turnos, com lamentáveis
comentários sobre a prática de compra votos, reproduzindo dentro do PT o que
ocorre nas eleições viciadas e vendidas pelo TRE, obviamente que o PT está
institucionalizado até a alma, mas eleições internas serviram para mostrar
claramente que não podemos mais nos comportar como sacripantas, o enraizamento
de valores externos as práticas construídas no PT só demonstra sua indulgência
frente aos valores burgueses e como eles têm corrompido nossos próprios
valores.
Esse foi meu primeiro erro, fui sinceramente
orgulhoso e submeti minha ação política em uma pequena vingança, saborosa, mas
inútil. Muito embora a estratégia estivesse correta, pois ainda acredito que o
PT tem que passar por um processo de maturação e de depuração, contudo essa é
outra história. O importante é que durante a pré-campanha conseguimos dar o
aporte político necessário para ela sair vitoriosa, mesmo sabendo das
limitações da candidatura do PT naquela conjuntura, mas a oportunidade estava
dada, poderíamos utilizar como utilizamos uma forma completamente experimental
na campanha do Alfredo, uma campanha militante, mas a medida que as peças foram
sendo encaixadas, percebi que não haveria espaços para um debate mais longo do
papel das eleições para construção do PT e do Socialismo.
Cheguei mesmo a comentar com o Fernando as ideias,
com a utilização de animação, chegamos mesmo a contatar desenhista que
trabalham com quadrinhos, em não utilizar a estrela do PT de uma forma inédita,
a estrela daria lugar a um coração pulsando e com ele o 13, tantas ideias
discutidas, a própria internet seria um palco diferenciado, mas de repente o
conhecimento ficou sem emoção, o saber cientifico fora transformados em dados
sem razão de existir e a campanha tornou-se um processo político completamente
doloroso para o PT, que para uma estratégia de depuração se encaixava
perfeitamente, mas nem sempre tudo que é certo, pode ser verdadeiro, compreendo
isso agora.
Quero aqui deixar meus agradecimentos ao
companheiro Alfredo, sei que a partir de agora nossos caminhos sempre estarão
de alguma forma ligados, bem como ao guerreiro Laercio, e a todos que na
pré-campanha, em especial ao Fernando e a Marcela. Obviamente que nem tudo
foram flores, cheguei mesmo a ser recebido muito bem, mas confesso que ouvi
coisas absurdas como, por exemplo, “não te acostuma, quando chegar outubro
estarás fora”, isso só seria o início de tudo que passei e de tudo que tive que
engolir, mas o projeto era maior, mas maior para quem, por quê? Já passei da
idade de me sujeitar a esse tipo de situação, e liberdade de poder pensar e falar
o que se quer tem um preço que eu simplesmente nunca me ausentarei de pagar,
podem apostar nisso!
As linhas adotadas na campanha do Alfredo eram
suicidas, eu tinha duas alternativas, uma era simplesmente me afastar e ficar
observando o que ia acontecer. A outra era fazer luta política dentro do
comitê, confesso que eu queria fazer a luta política, mas depois de certa
idade, e com a estratégia de depuração em mente preferir não fazê-la, a
possibilidade de romper com a direção não estava dada, preferir apoiar o PT em
outros municípios onde minhas capacidades pudessem ser ouvidas. O que me resta
a saber que “não podem ser eternos”, um hora, um dia ou mesmo um ano vindouro,
tudo pode mudar a construção de novos dirigentes, de novas políticas é uma necessidade
dialética, sei que eles não iram cansar e simplesmente largar o osso, eles são
uma burocracia que se alimenta das relações com o poder existentes dentro do PT
e com isso se movem e se estruturam, mas até mesmo eles perceberão que não
podem continuar numa estratégia de derrota o tempo todo!
Esse ano ter-se-á novamente o PED, com novas
regras, uma chance de refazer o debate, incautos os arautos da mesmice deverão
permanecer, e a mudança continuara a seduzir os sonhadores, o rei permanecera
nu, os mentirosos e traidores continuaram usando de poder e influencia para
manter em suas rédeas o poder. Tolos e imbecis acreditam que basta o poder do
dinheiro para continuar, cegos estão e cegos permaneceram, como diria Chico
amanhã vai ser outro dia e outras primaveras ainda virão.
Sim, fui soberbo, deixei me levar por um estratégia
onde a covardia era a atitude principal, deixei o bom combate de lado para ver
a arrogância ser a mola propulsora da história, pensei que a corda dada poderia
ser a mesma que na forca estaria, não, definitivamente não é um erro, a
ganancia deles justificava esse ato, para eles a eleição é o momento de treinar
acordos e conchavos, para ganhar tostões, miseráveis de espirito bastava para
eles a indicação dessas ou daquele serviço, mas enfim, o processo passou, sair
do gabinete ainda em Setembro, frustrado por não ter ido a luta, sabia que era
inútil, mas fugi esperando que a própria bílis fosse o suficiente para o
sacrifício, mas eles sobreviveram e já foram para outras paisagens como pragas
que acabam com os campos e em seguida seguem em frente para outras.
Obviamente a que a avalição de um processo como
esse não será sem traumas, mas minha intensão é tão somente esclarecer a minha
fuga da eleição aqui em Belém, e cada coletivo interno tem suas dinâmicas próprias,
assim fui seguir minhas convicções, se elas serão compreendidas ou mesmo
aceitas, não me cabe avaliar, mas temos que ter cuidado com ataques de cunho
ético e moral, pois a verdade no máximo é algo pessoal e intransferível, mas
estarei aqui disposto a fazer o debate seja com que for e aonde for
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