sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ser marxista hoje!

O profundo debate em torno das questões filosóficas intangíveis sempre me motivou, contudo, eu sempre tive como prática de vida, construir debates que fossem para além dos meus próprios muros, ou seja, a criatividade, a ousadia e o pensamento crítico sempre foram o viés de relacionamento com o mundo.

Lembro de tantos companheiros e companheiras que trilharam caminhos comigo, alguns se afastaram, outros estão na batalha ainda hoje, cada um a seu modo, não serei o arauto do julgamento histórico, esse processo é infindamente dialético, não vou citar nomes para não ser injusto com nenhum.

Mas enfim, o processo de formação de um militante é longo, e tem mais haver com as habilidades individuais do que necessariamente um estresse psicossomático de nivelamento por insistência (chamam isso de doutrinamento), mas sempre acreditei que o marxismo seria uma alternativa de qualquer ser humano inteligente e, com todos os novos militantes, para mim seria importante dar uma formação mais de questionamento, embutir um senso crítico permanente, não o doutrinarismo programático marxista, em função de determinada cartilha, eu mesmo não sigo nem uma cartilha do marxismo, mas tento construir ele a partir do momento histórico.



Logo, o marxismo é, na minha opinião, um sacerdócio, com votos inclusive de pobreza, afinal de contas, não é a consciência que determina o ser social, mas sim o ser social que determina a consciência, lembro de um certo momento em que discutia com um companheiro da LBI, falando que se eu ganhasse na megasena, a gente sairia daquela “pindaíba”, ele sorriu e disse direto “se tu ganhasse na megasena, não estaria aqui fazendo a revolução!”, obrigado P., suas palavras ainda são fonte de sabedoria.

Poderia contar tantos outros casos, mas o que importa é que o marxismo era a fonte de contribuição que eu poderia dar a elas, mas nunca o fiz com segmentação de uma ideologia imposta, mas seria o caminho natural da própria crítica social.


Enfim, o marxismo é produto necessário para a crítica social, assim com ele se nutre dela e dai surge o processo ideológico de formação consciente, não há outro caminho e nem escolha, o marxismo, é mais que uma linha de atuação política, é uma filosofia de vida, nele encontro forças para caminhar, é uma forma de se encarar a vida, não existe problemas pessoais, nem depressão, minha vida é subordinada a luta política é só assim que eu me encontro, é só assim que eu sou verdadeiramente humano.

sábado, 16 de novembro de 2013

DILACERADO

Dilacerado.




Quando me propus a usar o termo dilacerado em meu blog, jamais pensei em escrever algo tendo ele como título, mas isso mudou agora a pouco....



Vendo meus esforços perdidos.
Teus grilhões não foram vencidos.
Meu sangue escorre lentamente de meus pulsos
Dilacera-se meus sentimentos.

Percebo, somente agora, que fui rude.
Mas não mude
Sinta-se apenas como um passageiro
E embarque nessa maravilhosa viagem que é a vida

Mentira! Sofra! Morra!
Não espere de mim sorrisos, apenas guerra!
Sou um combatente convalido, mas jamais serei vencido!

Hoje é o meu coração partido
Amanhã será seu próprio futuro
Sinto pena por nós dois.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

CRIAÇÃO DE MINIPOLOS AGROENERGÉTICOS: ORGANIZAÇÃO DE COOPERATIVAS DE PRODUTORES DE MANDIOCAS


Na crise completa por onde começa? Criando minipolos agroenergéticos geridos por cooperativas de produtos de mandioca.
É UMA TENDENCIA HUMANA VIVER O PRESENTE CONVICTO DE QUE TUDO ESTA SOB CONTROLE, ATÉ QUE UMA CRISE VENHA A DEMONSTRAR A FALSIDADE DA PROMESSA.
Em função da abundância do petróleo, os complexos petroquímicos respondem pela quase totalidade da produção de etileno, propileno, butenos e outros compostos fundamentais para a alimentação da vasta cadeia de produtos que permeiam o dia a dia da vida humana no planeta. Outras fontes raramente têm sido empregadas, por razões econômicas.
No entanto, dois países configuram uma exceção: o Brasil e a Índia. Em ambos, o pujante desenvolvimento da cultura da cana de açúcar abre a possibilidade do emprego do etanol em substituição aos derivados do petróleo, com franca vantagem para o Brasil devido ao desenvolvimento da técnica e do volume de produção.
O uso do etanol como matéria-prima não é uma novidade. Há mais de um século tem sido empregado na produção de moléculas com maior valor agregado, devido à facilidade com que é obtido via fermentação de açúcares de várias fontes naturais. Antes que o petróleo se afirmasse como a principal fonte de compostos orgânicos para indústria química pesada, o etanol teve seus dias de glória, como atesta a multiplicidade de patentes então registradas.
Na época da Segunda Grande Guerra, o emprego do etanol intensificou-se em função dos esforços de guerra. A Alemanha, a maior potência em química pesada e química fina do planeta nessa fase, produzia então borracha sintética a partir do álcool.
Após o término do conflito, os campos petrolíferos do Oriente Médio ficaram sob o controle dos Estados Unidos e da Inglaterra, resultando em uma oferta de petróleo em quantidade e a preços muito baixos, inviabilizando a alcoolquímica, de forma particular para países que não dispõe de clima para a cultura da cana-de-açúcar.
No Brasil, Índia e Austrália, ao longo das décadas de 1950 e 1960, a alcoolquímica ainda manteve seu espaço, face ao preço competitivo do etanol em relação ao petróleo: são países que então não dispunham de fontes domésticas de petróleo, mas cultivavam a cana.
Especificamente no Brasil, o fim da década de 1960 e início da de 1970 marcou o começo do desenvolvimento da indústria química com projetos próprios e grandes empreendimentos, que mudaram toda a estrutura doméstica, no tocante à produção dos insumos químicos básicos, tudo isso calcado na petroquímica, com tecnologia e preços imbatíveis.
Deve-se considerar que a disponibilidade do etanol em larga escala para embasar com segurança tal impulso estava, nesse momento, completamente fora de qualquer cogitação.
Esse panorama sofreu forte impacto com a primeira crise do petróleo, desencadeada em 1973 e agravada em 1979. A resposta do Brasil veio em 1975, com o programa ProÁlcool, voltado para o combustível automotivo, com o ideário e engenharia gerados no CTA, em São José dos Campos.
O programa foi um sucesso: na safra 1979-1980, já se produzia 3,4 bilhões de litros de etanol e, no ápice, chegou a 12,4 bilhões de litros na safra 1986-1987. Este soçobrou em 1989: a elevação dos preços do açúcar no mercado internacional em 1988 tornou muito mais atrativa sua venda, em lugar de convertê-lo em etanol, provocando a falta do produto no mercado interno e o descrédito ao programa.
Processo semelhante ocorre no período que abrange as safras 2009 e- 2010, pelos mesmos motivos: fatores climáticos reduziram a safra de açúcar indiano, com consequente elevação dos preços internacionais e redução da oferta de etanol no mercado interno.
Embalada no sucesso do plano, a ciência brasileira voltou-se para as possibilidades que o etanol farto abriam, retomou os estudos da década de 1950 e reviu velhas lições ditadas pelas necessidades de 1940, tanto que em 1981 realizou-se o I Congresso Brasileiro de Alcoolquímica em São Paulo, com participação ativa de pesquisadores do Cenpes / Petrobras.
É uma tendência humana viver o dia convicto de que tudo está sob controle, até que uma crise demonstre a falsidade da premissa, assim, velhas ideias, recheadas com novas e muito mais eficientes tecnologias, não chegaram à maturidade de projetos industriais concretos, que de resto levam tempo para serem concretizados: a falência do Pró-Álcool paralisou eventuais projetos em andamento. As unidades industriais que produziam seus insumos químicos a partir do etanol, operacionais já na década de 1970, continuaram a operar regularmente no Brasil, e é assim até hoje.
As décadas de 1990 e 2000 viram novamente o predomínio incontestável da petroquímica. A elevação estratosférica dos preços do petróleo, no entanto, fez que a alcoolquímica voltasse às mesas de projeto, e a crise de 2007 de pronto colocou-a na prateleira, a espera de novas crises ou necessidades, como uma nova alta no preço do petróleo, puxada pelo consumo mundial, ou ainda o aceno atual do aquecimento global. A conclusão do Fórum de Copenhague, no entanto, é um sério indicativo de que a via política dificilmente marcará uma posição clara na direção dos insumos renováveis, forçado pelas pressões de interesses inerentes à própria estrutura que controla o poder na sociedade.

MINIPOLOS AGROENERGÉTICOS

As regiões NORTE-NORDESE apresentam uma grande potencialidade de produção de frutas tropicais e plantas básicas para a alimentação humana e animal. Nessa potencialidade, destaca-se a do cultivo da mandioca, de baixa exigência de qualidade de solo e com possibilidade de produção ao longo de quase todo o ano.
Ligado a realidade dos pequenos agricultores da região Norte-Nordeste esta a produção da mandioca que possui alto teor de amido (20% a 30%), além de servir de base para uma alimentação de subsistência humana, o cultivo desta também permite ao pequeno agricultor a criação de suínos alimentados pela ração obtida por meio do aproveitamento dos resíduos resultantes do processamento da planta.
O processamento para a produção de produtos de maior valor agregado – como a tapioca e bioetanol para a produção de bebidas alcoólicas – é ainda incipiente e pode ser mais bem explorada no Brasil. A fécula (amido de mandioca) é a substância nobre da raiz da mandioca, de enorme versatilidade como insumo industrial. Deve-se ressaltar que a Embrapa tem desenvolvido excelentes trabalhos relativos à mandioca, por meio de seu Centro de Estudos localizado em Cruz das Almas – BA.
Esta tem uma excelente infraestrutura técnica para apoiar os agricultores no cultivo da mandioca, tanto na orientação dos tipos da mandioca a serem plantadas bem como nas técnicas de plantio. Numa figura com a mostra da árvore do amido de diversas fontes de matéria-prima vegetal novamente pode-se observar os inúmeros produtos alimentícios e industriais que podem ser viabilizados a partir de cultura da mandioca e de outros produtos agrícolas.
Deste modo paralelamente ao processamento industrial da mandioca para a obtenção de derivados de maior valor agregado, em paralelo, poderiam ser implantadas miniusinas para a produção de álcool combustível a partir da mandioca, ou seja, o aproveitamento da planta na região Norte-Nordeste poderia ser feito por meio da implantação de minipolos agroenergéticos.
O álcool combustível produzido seria destinado ao uso dos agricultores produtores de mandioca, sócios das entidades jurídicas formadas para a industrialização desta, com comprometimento formal de fornecimento da matéria-prima da mandioca necessária para a miniusina de álcool.
O minipolo agroenergético seria formado por duas entidades: Miniusina de álcool: destinada a produzir álcool combustível a partir da mandioca.
De imediato, poderia ser definida como uma miniusina com as seguintes características: Capacidade de produção: 10.000 l/dia; Matéria-prima necessária: raízes de mandioca com teor médio de amido igual a 30% (66 t/dia); e Esquema de produção: a miniusina deverá operar 330 dias/ano, 24 h/dia, em três turnos de oito horas.
Considerando-se um consumo médio de 300 l/mês por automóvel, a miniusina poderá sustentar 1.000 veículos consumidores de álcool. Descritivo do processo: basicamente, o processo de produção de álcool combustível a partir de mandioca ocorre de acordo com as seguintes etapas:
Recebimento e preparo da matéria-prima: esta etapa inclui a inspeção para verificar a inexistência de objetos estranhos, pesagem, estocagem, lavagem e despelamento.
Cominuição (moagem): a mandioca é picada e moída para redução de suas dimensões a fim de facilitar as etapas seguintes do processo.
Cozimento: feita para gelatinizar o amido contido nas células da mandioca para permitir a ação dos sistemas enzimáticos na hidrólise subsequente.
Hidrólise: o amido gelatinizado é transformado em açúcar pela ação de enzimas previamente preparadas, resultando o mosto principal que vai para a fermentação.
Fermentação: os açucares contidos no mosto são convertidos em álcool etílico pela ação de leveduras.  Durante a fermentação dióxido de carbono (CO2) é produzido, o qual pode ser recuperado para uso industrial.
Destilação e retificação: o vinho filtrado é pré-aquecido e enviado para o sistema de destilação e retificação, no qual recebe calor para sua liberação do vinho e recuperação do álcool etílico.
A bebida efluente do citado sistema sai praticamente isenta deste último. O álcool etílico recuperado no sistema é resfriado e enviado para tancagem.
Tratamento de efluentes: os efluentes líquidos são tratados e parte retorna ao processo. O tratamento é feito para as reduções da demanda biológica de oxigênio (DBO) e da demanda química de oxigênio (DQO), principalmente do vinhoto.
Este último poderá ser utilizado como fertilizante, sendo lançado diretamente sobre a plantação de mandioca. Por digestão anaeróbica do vinho, pode-se produzir gás metano, o qual é queimado nas caldeiras de geração de vapor da usina de álcool.
Equipamentos principais: os equipamentos da usina de álcool são constituídos por balança, bombas diversas, caldeira, colunas de destilação, dornas, filtros, lavadores, misturadores, moinhos, picador, tanques, transportadores, trocadores de calor e vasos de pressão diversos. Todos os equipamentos poderão ser fabricados e fornecidos pela indústria nacional.
A miniusina de álcool necessitará da seguinte estrutura de mão de obra direta para operação: 28 pessoas – para três turnos, incluindo feriados; para suporte da operação: cinco pessoas; para o gerenciamento e a administração: seis pessoas. Mini-indústria: destinada a processar a mandioca para a linha de alimentos. A linha de produção deverá ser definida conforme o potencial de mercado a ser levantado.
Em ambos os casos, as entidades deveriam ser cooperativas formadas por produtores de mandioca, sócios diretos destas, os quais teriam os seguintes compromissos formais: a plantação de mandioca não poderá ultrapassar 20% da área de sua propriedade e deverá seguir regras de rotatividade das plantações; e fornecer mandioca para a operação de três a cinco dias de operação da entidade formada, dependendo da área agrícola de sua propriedade.
Também poderia ser integrada nos minipolos agroenergéticos a cana-de-açúcar.
Apresenta-se a árvore simplificada de derivados da sacarose e mostram-se os processos e os produtos que poderão ser obtidos da sacarose extraída desta cultura.
A produção de combustíveis automotivos, tomando como ponto de partida a transformação de materiais orgânicos renováveis é, pela sua própria natureza, um fator de geração de renda voltado para a área agrícola e, portanto, diretamente ligado à renda das comunidades distantes dos grandes centros urbanos fortemente industrializados.
Sua produção exige a transformação in loco das matérias-primas face ao custo do transporte, alocando a agroindústria em comunidades pouco industrializadas, sendo, portanto, um fator positivo no adensamento da cadeia produtiva, além da evidente necessidade de extensas áreas cultivadas, que por si só promovem a inclusão da comunidade na cadeia produtiva.
Pode-se separar a produção do biocombustível segundo o tipo de matéria-prima empregada: etanol obtido pela fermentação de açúcar extraído da cana; etanol obtido pela fermentação de açúcar gerado pela conversão química de amidos; etanol obtido pela fermentação de açúcar gerado pela conversão química da celulose; e conversão de óleos vegetais em compostos que podem ser empregados como combustível em motores movidos a óleo diesel, sem alteração do motor.
A produção do etanol a partir da cana-de-açúcar é uma tecnologia plenamente desenvolvida e dominada pelo Brasil. Seu incentivo e planejamento da expansão passam naturalmente pela criação de infraestrutura que permita a correção dos solos a serem empregados e a disponibilização de água.
No caso, a água acaba por ser o fator limitante e que exigirá os maiores investimentos, passando pela perfuração de poços e pelo gerenciamento de açudes.
É evidente que em áreas com grandes variações na disponibilidade de água, a criação de uma estrutura que abra a perspectiva não de abundância, mas de correta distribuição por si só, será um forte fator de adensamento produtivo.
O tipo de cultura que a esse sistema se agrega não somente deverá ser seletivo em não gerar apenas matéria-prima para ser exportada para outras regiões, mas também dispor de meios, por simples que sejam, de transformá-la para agregar valor e gerar trabalho.
As grandes áreas do sudoeste do Brasil ocupadas por canaviais geram riquezas que se traduz no evidente desenvolvimento social das comunidades em que estão alocadas.
O etanol obtido pela fermentação de amidos realizada pela transformação química destes, nos países de clima mais frio que o Brasil, tem como fonte o amido de milho ou de outros grãos, empregando matéria-prima valiosa.
Some-se a isso o fato de que o processo industrial exigido em sua manufatura percorre rotas mais dispendiosas que aquela da cana-de-açúcar, incluindo-se um maior dispêndio de energia.
Para países da América Latina ou da África, o emprego de grãos não faz sentido: seu uso como alimento humano ou animal é muito mais importante. No entanto, há a possibilidade de se empregar a mandioca. Esta planta apresenta um elevado teor de amido, sua cultura não exige solo rico podendo ser cultivada em solo semiárido, sua colheita pode ser feita nos 12 meses do ano e a técnica de plantio é plenamente difundida.
Mais importante ainda: pode ser cultivada em glebas de pequena área. Assim, a criação de uma cooperativa regional que processe a mandioca produzida pode envolver um grande conjunto de pequenos produtores.
A transformação de amido em açúcares fermentescíveis é uma tecnologia já plenamente desenvolvida e dominada no Brasil, podendo ser prontamente implementada.
A conversão de materiais celulósicos, como palhas, madeira etc., em açúcares fermentescíveis, para que nessa fermentação se possa produzir etanol, está atualmente sendo pesquisada em profundidade (DEMIRBAS, 2005).
Não é uma tecnologia já consolidada. Sabe-se como fazer, mas o processo ainda demanda um custo energético elevado. Em países de clima frio, o objetivo é o aproveitamento da palha e do sabugo do milho para a produção de etanol, somando-se este ao etanol pela conversão do amido. As dificuldades estão centradas na produção em escala econômica das enzimas que promovem a conversão da celulose em açúcares, especialmente se esse etanol for competir, em termos de preço, com o produzido a partir da cana-de-açúcar.
Como subproduto de um processo, a hidrólise de materiais celulósicos pode tornar-se promissora, como é caso do emprego de sabugo e palha de milho, no qual o processo principal converte o amido do milho em etanol.
Para o Brasil, pode-se destinar, como já tem sido planejado, parte do bagaço e da palha da cana-de-açúcar gerados no processo para a conversão em etanol, via hidrólise da celulose.
Da unidade que produz açúcar e etanol da cana-de-açúcar resultam em torno de 440 kg de bagaço para cada 1.000 kg de cana-de-açúcar alimentada ao processo, com 50% de umidade, representando, portanto, 220 kg de matéria seca. Esta última contém celulose, que pode, pela ação de enzimas, ser convertida em açúcares fermentescíveis, produzindo etanol. Resta, nesse ponto, um importante balanço a ser feito pelo investidor: será mais compensador converter o bagaço gerado em uma massa a mais de etanol, pelo investimento na construção de uma unidade industrial anexa, ou gerar mais eletricidade pela sua combustão na caldeira que naturalmente a fábrica já disporá.
A produção de bioetanol a partir de gás de síntese não necessita de microorganismos para conversão em etanol; neste caso, isto ocorre em reatores químicos com catalisadores, podendo produzir etanol diretamente (gás para etanol) ou primeiramente metanol (gás para metanol) e em seguida etanol. A viabilidade destes processos físico-químicos ainda não apresenta resultados adequados quanto ao custo.
Pode-se considerar que o etanol produzido é renovável, quando é produzido de forma a contribuir para a diminuição do efeito estufa (BÖRJESSON, 2009), isto é, as plantas de bioetanol utilizam biomassa, e não combustíveis fósseis; os produtos são utilizados eficientemente e quando as emissões de óxido nitroso são mínimas.
A produção de combustíveis para motores movidos a diesel a partir da transesterificação de óleos vegetais, seja com etanol, seja com metanol, tem, por sua vez, alguns atrativos: pode ser realizada em microunidades industriais e não exige tecnologia ou equipamentos sofisticados.
No entanto, o óleo vegetal deverá ser produzido a partir de plantas que apresentem viabilidade econômica. No momento, o mais rentável é ainda a conversão de óleo de soja, pela escala de produção e pelo fato de que este pode quase ser considerado um subproduto, em função dos preços e dos usos das proteínas isoladas após a extração do óleo.
Isso não quer dizer que o óleo de algodão, girassol, amendoim, palma e, até mesmo, algas não possam ser empregados, necessitando apenas que a cultura dessas espécies seja possível e econômica na região pretendida.
A produção de biodiesel utiliza diferentes matérias-primas, a saber: óleos naturais (soja, amendoim, palma, canola, girassol e algas); gordura animal; resíduos industrias; óleos reciclados, entre outras.
Esta utiliza processos de transesterificação com diferentes tipos de catalisadores químicos ou enzimáticos (ENWEREMADU; MBARAWA, 2009).
A biomassa também é matéria-prima para a produção de biodiesel utilizando processos de pirólise (tratamento térmico a altas temperaturas), gaseificação e posterior conjunto de reações catalíticas com o gás de síntese. Estes processos são chamados de BTL (biomassa produzindo combustíveis líquidos).
Na figura x3, observa-se a diversidade de matérias-primas existentes e os diferentes processos para a conversão em biocombustíveis.
Pode-se observar também como varia em quantidade (volume) de matérias-primas necessária à produção, nota-se que os processos de gaseificação de biomassa necessitam de maior volume e a produção de biodiesel a partir de óleos naturais um menor volume.
Em relação ao custo da matéria-prima, a biomassa tem um menor custo, os amidos e açúcares, custos intermediários e os óleos naturais custos maiores.
Em relação às tecnologias existentes, a produção de biodiesel a partir de óleos, açúcares e amidos é tecnologia consolidada, mas, para os processos de transformação de biomassa e de materiais lignocelulósicos, as tecnologias estão em desenvolvimento e apresentam grandes desafios para a inovação.
Os processos também estão divididos em tecnologias de primeira geração, nos quais as tecnologias são comerciais, de segunda geração, os quais são tecnologias emergentes, e de terceira geração, os quais ainda são tecnologias em desenvolvimento.
Se a tecnologia que viabiliza uma biorrefinaria é disponível, a matéria-prima nem sempre o é. De uma década para outra, as condições econômicas e o mercado para o açúcar, o etanol e o petróleo têm se alterado de tal modo que tornam as decisões pelo investimento ou não excessivamente inseguras.
No mercado brasileiro a produção do bioetanol está diretamente ligada ao mercado internacional de açúcar. Quando a demanda por açúcar no mundo aumenta ou ocorre uma quebra de produção, como a que ocorreu em 2009, a produção deste biocombustível é prejudicada e o mercado se retrai na sua utilização.
Independentemente dos preços do petróleo, cuja variação sempre acontecerá, o único modo de viabilizar a operação de uma biorrefinaria é verticalizar o processo: a unidade de transformação do etanol em etileno e de etileno em outros produtos, como óxido de etileno e etilenoglicóis, polietileno e acetato de vinila, deverá estar anexa à unidade que produz o etanol. Assim, o suprimento de etanol às unidades transformadoras estará garantido, independente das flutuações do mercado de açúcar.
Há uma segunda vantagem que não pode ser deixada de lado nessa análise: o processo de produção do etanol pela fermentação do açúcar de cana produz mais energia que consome, e a energia excedente viabiliza o processo de produção do etileno.
A produção de bioetanol esta diretamente ligada à disponibilidade de grãos (milho), cana-de-açúcar e, talvez, de mandioca. Esta última foi utilizada no Brasil para a produção de etanol e atualmente existem plantas de produção usando-a na Tailândia. Além dos Estados Unidos, outros países, como Canadá e Argentina, estão analisando a utilização do milho como matéria-prima para o etanol (KLINE et al., 2007).
Não é possível conduzir uma política de uso do bioetanol renovável sem utilizar novas fontes de matérias-primas que não estejam atreladas ao mercado mundial de commodities, como no caso do açúcar e do álcool. Para a produção de biodiesel, também são utilizados matérias-primas de fonte alimentar.
No Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, as maiores consumidoras de diesel no país, a produção de biodiesel utiliza como maior fonte de matéria-prima o óleo de soja. O cultivo nacional desta planta será capaz de atender à demanda crescente de biodiesel. Para estas duas regiões, são cerca de 8 bilhões de litros de biodiesel, considerando um consumo anual de 40 bilhões de litros com 5% de biodiesel.
No futuro, talvez este mercado sofra os mesmos problemas que o mercado de açúcar e álcool está enfrentando no momento, isto é, um melhor preço no mercado internacional e o desvio da produção para exportação e falta de matéria-prima para produção de biodiesel localmente. O dilema do uso de matérias-primas alimentícias ou não sempre pesará sobre este mercado. A busca de novos recursos ou processos está acontecendo. O uso de biomassa lignocelulósica para a produção de bioetanol é muito promissor e uma opção para países que não produzem grãos. Materiais lignocelulósicos são baratos, abundantes e renováveis e podem minimizar os efeitos da produção de bioetanol a partir de fontes alimentares (BALAT; BALAT, 2009).
Para a produção de biodiesel, também estão sendo buscadas novas fontes de matérias-primas, as algas, que utilizam CO2 e energia solar para a produção de óleos, são uma das alternativas que estão sendo estudadas em vários países (FJERBAEK et al., 2008), inclusive no Brasil, com chamadas específicas das agências de fomento do governo. O mercado dos biocombustíveis é diferente do de petróleo. No Brasil, esta diferença é bem marcante. A produção destes, além de ser uma necessidade do mercado, esta fortemente ligada a política de governo e demanda sociais.



Conclusões


Para avançar rumo ao desenvolvimento no Brasil do século XXI será necessário permitir aos excluídos que este disponham de propriedade privada individual e uma maneira de viabilizar tal necessidade é fomentando arranjos produtivos locais os quais se possível devem estar casados aos grandes empreendimentos da cadeia produtiva nacional.
Uma das características marcantes do Brasil é a diversidade socioeconômica e cultural existente ao longo de seu território.
Essa diversidade remonta ao início da organização da nação brasileira, diante de um processo de colonização que ocorre de formas muito distintas entre suas regiões.
Ao mesmo tempo em que as pluralidades de culturas e de formações geográficas são fontes de riquezas e de inspiração para os brasileiros, as grandes diferenças socioeconômicas podem enfraquecer seu pacto federativo e seu desenvolvimento socioeconômico. Um desenvolvimento de políticas públicas geradora de renda e, como consequência de melhores condições de vida em regiões com baixo IDH deve estar entre as prioridades da sociedade.
As regiões Norte-Nordeste são habitada por aproximadamente 30 % da população nacional que sobrevive com grandes bolsões de pobreza econômica e social em relação às demais regiões do Brasil, daí a necessidade desenvolver uma indústria de substituição de matérias primas de origem petroquímica por insumos obtidos a partir do Bioetanol, base para a instalação de uma Industria Acoolquimica e o desenvolvimento de uma estrutura para produção de Biocombustível e deste modo gerar uma classe operária fruto de um arranjo produtivo  local a qual graças a vida comunitária e paroquial poderá criar fortes laços de solidariedade e ser menos propensa a vida endonista  típica do operariado dos grandes centros fortemente influenciados pelo modo de vida da pequena burguesia urbana, e sua cultura individualista.
Para o desenvolvimento econômico regional, é fundamental a melhoria e disseminação do grau de escolaridade da população em todos os níveis, desde o primário até o universitário, para que esta possa assimilar e incorporar o desenvolvimento tecnológico necessário para a região.
A união de esforços dos dirigentes políticos da região, dos estados e dos municípios, considerando que seu desenvolvimento econômico, social e cultural é mais importante e deve ficar acima das divergências políticas e interesses pessoais e ou partidarios.
Portanto, todos devem se conscientizar de que este é o momento em que todos devem unir esforços para lutar pelo desenvolvimento da região Norte-Nordeste, aproveitando as oportunidades que se apresentam para: atrair a implantação de complexo de fertilizantes básicos na região, fundamental para a produção dos insumos necessários à agricultura; propiciar o desenvolvimento industrial metal-mecânico de apoio ao complexo de fertilizantes; permitir o desenvolvimento de instalações industriais misturadoras de fertilizantes básicos nas regiões de maior consumo; propiciar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas na área agroindustrial; e promover as condições para o adequado desenvolvimento da mão de obra necessária para o sucesso de um desenvolvimento sustentado na região.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ENFIM, O PED CHEGOU!

Ufa, o PED chegou e com ele o momento para paráramos e pensar o PT! Digo isso com a preocupação de quem construiu e constrói o Partido, compreendendo que o PT ainda têm algumas missões, e em função disso, e somente disso, prossigo nele. Mas quero aqui relembrar somente o que desejamos e temos construído, mas indicar mesmo erros e apontar caminhos. A missão nunca foi tão fácil, sabemos disso, mas ainda acreditamos no processo racional de construções históricas, logo precisa-se explicar o porque de nossas palavras e ações, que justifiquem na teoria e na nossa própria prática. E acreditem que acho pertinente não me reter em pequenas sintaxes, ou ter o tédio de ser panfletário nesse período, afinal, o desafio intelectual é, certamente, um dos que mais me agrada. 
Logo ao afirmar que a chapa A Hora e a Vez da Militância, nº 456, é sim um momento de reflexão, não só no próprio processo, mas também indicar qual o PT que queremos no futuro, um partido socialista, de luta social e militância de esquerda. Tenho claro que o PT não é e nunca será revolucionário, mas ele ainda tem o papel de inserir novas culturas na arena política, necessário inclusive para um elite política fundamentais para se modificar as relações sociais e econômicas, o PT cumpre um papel histórico que ainda é válido, e completamente dialético. O PT está em disputa, pois ainda existimos, os questionadores, os rebeldes, a juventude, os inconformados e até os cornos! 



Seja como for, existe de fato uma complexa rede de interesses a serem discutidos e rediscutidos, mas apresentados a toda sociedade, a partir mesmo do PT, assim ele vincula-se cada vez mais com a grande maioria da população, convocando-a e tem isso como processo natural de lutas de nossos tempos, elas existem e são de resistências, cabe ao PT inflá-la, com discursos e práticas diferentes, queremos e podemos! A missão fica mais complexa a medida que podemos avaliar as suas conseqüências a partir do senso comum que o PT virou, mas esse processo pode ser diferente dependendo do que podemos indicar, não se trata de resultados eleitoral, nunca foi, é apenas o nascimento de uma força maior, que questiona, não aceita com passividade, qualquer asneira, mas acima de tudo acredita no PT enquanto esse partido socialista e popular, logo essa pequena brasa não se acomodará, formará permanente corações e mentes. 
De uma nova prática política no PT, que usa as redes sociais, que escuta rock, mas adora carimbo, que ao chegar se insere na vida cotidiana de qualquer ambiente, organiza a população e vai à luta! Ser militante do PT, que ainda acredita nesse partido é que queremos falar e discutir, vocês construiu e ainda constrói, dizer que ele é produto de seus esforços. 
Vamos entregar ele assim? Sem a mínima resistência, eu duvido! No domingo temos mais uma luta, não falte e vá para as ruas, com sua bandeira na mão, quem tem que sentir vergonha, são aqueles que utilizaram nossos símbolos e cometeram crimes, a nós, cabe-nos tão somente dizer que o PT é nosso, a partir do interesse histórico dos explorados. Vote A Chapa A Hora e a Vez da Militância, n º 456.