quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O papel das mídias virtuais e a eleição municipal.

 
A cada ano o processo de aceitação da tecnologia em diferentes ambientes têm se mantido em estado de permanente evolução, já foi assim na década de 90 com o mundo corporativo, business to business, com o estado (processo de informatização do governo federal, mas precisamente a do Banco do Brasil que tem um específico Back Bone, cuidando de sua comunicação e comutação, ou mesmo da Previdência Social que hoje tem um dos sistemas de informática mais modernos do mundo), enfim, não é de hoje que a tecnologia vem assumindo cada vez mais um papel significativo nos processos, chegando inclusive nas eleições por meio das urnas eletrônicas.
O papel da internet no mundo vem sendo ampliado desde sua origem, ainda na década de 60 até hoje muito se caminhou, estamos à beira da internet de 3º geração (3G), onde a virtualidade assumirá outras proporções, desde a mudança de finais de filmes, ou mesmo a troca de atores em determinada produção, como uma cidade virtual que poderemos mudar o perfil de cada personagem, a cor do cabelo, a roupa, até mesmo a forma de falar, mas isso tudo é apenas a redução de um conceito: a interatividade!
Pode-se compreender que o futuro da internet está muito além das redes sociais, febre em nossa região, mas que já é a mais de uma década algo do passado nos países do primeiro mundo, onde essa interatividade já está em pleno funcionamento entrelaçadas a TV, a telefonia e a internet, não há mais a dita “privacidade”, a interação desses modelos e linguagens está transformando o próprio perfil do consumidor médio americano, tema de outro artigo, assim espero!
Contudo, voltamos à interatividade, recentemente tivemos a experiência dos países árabes, onde a liberdade de imprensa ainda é um processo tardio, com captação de imagens via celulares, de transmissões com vídeos de baixa qualidade que varreram o mundo com imagens que chocaram a todos, com a violência descabida e inoportuna, para ser benevolente, mas esse processo, longe de ser inédito pode ser compreendido como um grito de socorro, da mesma forma que as imagens da Praça da Paz Celestial (China, 1989) percorreram o mundo e tiveram em sua síntese uma aura particular, em seu sentido alocado por Walter Benjamin, pois seu conteúdo não era exatamente o que se esperava, mas que em sua síntese apontava algo novo, mesmo revolucionário, na sua gênese, mas que não impetrava uma revolução política, logo a sua aura era expresso pela sua singularidade inovadora, mas natimorto em seu sentido progressivo.
Do mesmo modo no outono árabe a luta progressista de seus povos estará limitada aos interesses do estado de Israel e do próprio imperialismo ianque, mas enfim, cumpriram um papel, e a internet foi e é uma ferramenta nessa luta, ganhando projeção necessária e em determinadas circunstâncias sendo mesmo o único canal de comunicação, fato este, que nos coloca na vanguarda de sua utilização social, humano e econômico.
Obviamente que não estamos aqui para discutir o conteúdo das mídias sociais, ou mesmo do processo da Praça da Paz Celestial, mas observar com seus exemplos como as imagens e seus veículos podem interferir na realidade e como esse processo pode ser aproveitado nessas eleições municipais.
Recentemente tive a oportunidade de participar, como colaborador da coordenação da pré-campanha do companheiro Alfredo Costa, e a internet teve um papel destacado, particularmente as mídias sociais, foi um palco de debates intensos, por vezes mesmo exagerado, mas jamais desnecessário, fosse como fosse, era importante dar vazão a um sentimento de repressão de espaços políticos para se discutir, e essa oportunidade a militância aproveitou em sua plenitude!
Logo a campanha era a trincheira que a militância do PT e principalmente do companheiro Alfredo Costa para defender suas idéias, alcançar pessoas e fundamentalmente debater, logo nossos perfis acabarão por ter uma única linguagem, replicávamos quase que automaticamente uns aos outros, sem nem ao menos ter um linha organizada de atuação no Facebook, a rede aumentava na mesma medida que alimentávamos com conteúdo.
Logo, aproveitamos os debates que eram organizados pelo PT para transmitir on line sínteses dos debates, e assim fizemos, logo, todos os demais pré-candidatos seguiram o mesmo exemplo, chegamos mesmo a postar vídeos com minutos de atrasos, e no último chegamos a transmitir ao vivo.
Não posso determinar aqui o alcance dessas ações, mas hoje que não sabe que o professor Alfredo Costa é ribeirinho, nascido no Acará, foi da COBAJUR, foi presidente do Grêmio do CEPC, vereador por 03 mandatos consecutivos, enfim, somente os debates nos distritos não atingiriam o público que atingiu, sem contar os comentários, as fotos, as “curtições”, enfim, tínhamos um objetivo e certamente o alcançamos, por mais que pese a crítica, a linguagem utilizada, a freqüência de postagens ou mesmo o acompanhamento diário das atividades da pré-campanha.
No blog, antes da campanha não tínhamos 200 acessos, até o dia 05 de fevereiro passamos dos 1000 acessos, em apenas 20 dias, mas certamente no Facebook, conseguimos manter um nível de informações e de debates que fizeram a diferença.
Obviamente que era um público limitado, ou seja, os filiados ao PT, que teria uma linguagem própria e sabíamos disso e aproveitamos isso a todo instante, nosso discurso representava o que o companheiro Alfredo falava em todos os debates, pois queríamos um PT de todos e todas, não apenas de um grupamento, então foi fácil colar a imagem do Alfredo nos debates que acompanhávamos dos nossos próprios perfis, para compreender melhor utilizávamos o perfil do Alfredo para uma linha geral de atuação e orientação e os nossos particulares para fazer o debate com os companheiros das outras candidaturas, com exceção do Guilherme que agia por conta própria, mas que em mais de uma vez, foi fundamental no debate, esse exemplo é o que deve acontecer com uma candidatura vitoriosa para prefeito de Belém, temos que perder o controle, a campanha deve ser preparada para suprir a demanda de informações e conteúdos, mas ela deve necessariamente ser maior do que podemos imaginar e pensar.
Temos que envolver a juventude nessa campanha na internet para que ela possa ser pautada não somente virtualmente, mas que possam construir pontos de encontros, isso serve também para as setoriais, a campanha na internet deve ter a mesma estrutura organizacional virtual que a campanha real!
Devemos perder o medo de perder o controle nos espaços virtuais, pois qualquer tentativa de controle será considerada um ato de desrespeito e de autoritarismo, devemos sempre lembrar a necessidade de manter o alto nível, mas não cabe a nós dizer o que pode ou não ser dito.
Pois somente assim os internautas poderão materializar na vida real suas opiniões e com isso fazer a diferença no mundo real, ou seja, na disputa por um Belém cidadã, com oportunidade para todas e todos, com saúde digna e uma educação de qualidade.
Não haverá espaços para que a burocracia do partido ou mesmo das tendências possam controlar a rede, qualquer tentativa será frustrada, digo isso para avisar aos desavisados, e que essa característica derrubou ditaduras imagine o que pode fazer com os retrógrados de plantão, lembrem-se que o acesso para a internet, mesmo em Belém pode ser feita de qualquer cyber, a interatividade não será casual e nela a vida se refletirá na realidade.
O papel das mídias sociais nessa campanha é um só, trazer a tona o debate que aqui não conseguimos mais fazer, por não termos mais espaços, lá não há sorteios de senhas, não teremos só assessores ou puxas sacos, eles estarão lá, mas será minoria, não haverá necessidade de aluguel de vans ou ônibus, todos já estamos preparados, basta o login e a senha.
Sejam bem-vindos ao futuro, a virtualidade e interatividade da internet será determinante nessa campanha para construir um candidato antenado com o mundo de hoje, mas que se preocupa com o mundo sem acesso a net, aquele que ainda tem que pisar na lama para entrar em casa, que não tem energia elétrica e nem saneamento básico, e para eles que nossas vozes virtuais devem servir, sem medo, sem limite e preconceito.
Para aqueles que têm a terrível mania de controlar a tudo e a todos, quero avisar que esses ficarão como os militares em frente a música de Chico Buarque, “apesar de você, amanhã há de ser um novo dia”, na internet não há espaço para discursos vazios e oportunistas, na virtualidade o populismo perde o tom e o que se vê é o claro, o escuro, o vazio e o conteúdo de uma maneira única, vocês podem fazer suas pesquisas qualitativas, nelas eu já adianto, não descobrirão nada pois representarão apenas uma visão deturpada do incapacidade de vocês perceberem o amanhã, a velocidade com que elas mudam não podem ser acompanhadas pela pequena capacidade de compreender o mundo que vocês têm.
Só hoje há em curso uma revolução é a revolução da comunicação instantânea e acompanha-lá não é tarefa só para quem tem Facebook, ou acessa a internet do celular, não basta ter instrumentos modernos e acesso a internet, tem que ter a disposição de questionar, de ir além, de não ficar parado frente às injustiças, pois as ferramentas só terão o alcance necessário com o conteúdo certo, essa é a lógica da internet, não basta ter, tem que ser algo mais, tem que ter algo a dizer e esse algo mais é compreender o papel revolucionário que as Mídias Sociais terão nas próximas eleições, não adiantar ditas regras, elas serão engolidas no caminho, o que temos que fazer é ir além delas, inovar e ser vanguarda de um processo de transformação em curso, o futuro começa agora!