sexta-feira, 20 de março de 2015

Foto 3x4




Pare e pense, não se mova.
Observe e olhe apenas para o foco
Será apenas capturada tua forma nova
Sobre luzes e sombras, em preto e branco.

Fiques assim pela eternidade
Pense que somente terás um breve momento
De busca incessante de felicidade
Até chegar a um simples experimento

Humano em sua essência
Repleto de decência
Com completo discernimento.

Não se espante o belo
Não me encante com o elo
Que ainda não lamento.

segunda-feira, 16 de março de 2015

A culpa é de quem?




Nesse domingo confesso fiquei mesmo assustado com o tamanho das manifestações, mas temos que observar os diversos conteúdos que foram para as ruas, as diferenças são tão gritantes que se apresentaram e tinha uma única base comum: eram em sua maioria fascistas!

Fico pensando no que escrever e ainda não sei bem, perplexo com tudo o que aconteceu, imagina como está a Dilma? Somos humanos e sentimos tudo que acontece ao nosso redor, ontem foi dado um duro recado para quem acredita que é possível construir uma sociedade melhor.

O problema que o recado dado indica um caminho de barbárie e não de sonhos, será que vale mesmo a pena lutar por essa humanidade? Mas, a culpa é de quem? È deles por estarem nas ruas?

Não acredito nisso, eles são apenas armas utilizadas contra nós, eles não sabem, por mais que acreditem no que estão fazendo, mas a verdade é que eles são inocentes úteis nas mãos do sistema. È do sistema, o mesmo sistema que ganhou e ainda ganha bilhões com a gestão de coalizão que o PT lidera.

A culpa é do PT? Sim, uma parte importante de culpa sim! Não pelos motivos que eles apresentaram, mas sim por que acredita que a mudança de paradigma possa ser estabelecidos dentro das fronteiras do capitalismo, sim é culpa do PT por alimentar um sonho, e não seguir com ele, mesmo com as dificuldades encontradas, o PT simplesmente deixou para trás a construção do Socialismo, deixou os núcleos de base, deixou os movimentos sociais, para se embriagar e encontros e seminários nacionais, isso fez com que as burocracia se movessem para “discutir” políticas públicas, que ainda em sua maioria não saíram do papel.

Sim o PT tem culpa, de ser o maior partido de esquerda da America Latina, e ter em suas fileiras liderança igual a do companheiro Lula, mas não basta mais ser ousado e desafiar os poderosos, ou alguém tinha a ilusão que eles não iriam resistir e lutar para manter seus privilégios?

Sim o PT tem culpa, de negar a evolução de sua própria origem, que não é somente o caminho parlamentar e eleitoral, é também o da construção de consciências, no dia a dia, na nossa comunidade, na nossa escola, no nosso local de trabalho, fazer essa luta hegemônica, deixou de ser nossa principal bandeira, falamos tanto em Freire e simplesmente esquecemos que as palavras só terão forças quando viram práticas pedagógicas libertárias.

Sim o PT tem culpa, de mostrar que a sociedade pode mais, e que o Brasil pode ser um país melhor! Mas é necessário mexer mais nos privilégios de pouco, é necessário ampliar as conquistas sociais, isso significa mexer com interesses de poderosos inimigos, e para fazer isso é necessário ser prevenir, se organizar e acima de tudo, está mobilizado, mas estamos amarrados em uma institucionalidade capenga, que para nós, será apenas a “força da lei”, e serviremos de exemplo, para que nunca mais tenhamos coragem de lutar por justiça social!

Mas sabe, depois de tudo isso, acredito quem tem culpa mesmo sou eu, dormir demais, lutei de menos, fiz farra, deixei de escrever, deixei de ler, fui namorar, conhecer lugares e pessoas, resolvi viver uma vida que não me deixou ficar focado 24 horas nas lutas que sempre sonhei.

A culpa é minha, de não ter ido naquela reunião, de não ter elaborado aquele projeto, de não ter dado aquela orientação.

A culpa é minha, que o meu pedaço de tijolo desse muro que se chama civilização, esteja em pedaços e que somente consigo levar até o muro, frações do que eu deveria ter feito e realizado.

Mas, mesmo com todos os meus erros, vacilos e sofrimentos, não vou desistir dos meus sonhos, sei que o caminho agora será ainda mais difícil, sei que quando o negócio estourar de vez, pouco serão que estarão ao meu lado, defendendo a justiça social e a cidadania, por que só existe uma forma de existência desses conceitos: é lutando pelo Socialismo!

sexta-feira, 13 de março de 2015

Nota do Governador do Acre, companheiro Tião Viana.



Nota do Governador do Acre

A despeito de citação da minha pessoa com a tal Operação Lava Jato, eis a minha posição: estou muito longe dessa podridão; essa podridão está muito longe de mim.

Os dedos sujos da injúria, da calúnia e da difamação que apontam para a minha honra, não escondem a covardia daqueles que certamente não terão a dignidade de vir a público pedir desculpas quando tudo for esclarecido.

A minha candidatura ao governo do Estado do Acre, em 2010, recebeu uma doação legal da empresa chamada IESA, devidamente aprovada no Tribunal Regional Eleitoral.

Cabe destacar que a mencionada empresa nunca teve qualquer relação comercial ou institucional com o Estado do Acre.

Asseguro, ainda, que nunca tive qualquer contato com nenhum dos personagens desse submundo em investigação.

Ao tomar conhecimento de eventual citação do meu nome, em janeiro deste ano, prontamente requeri interpelação judicial contra o bandido Paulo Roberto Costa.

E agora, tão logo revelado o teor da sua mentirosa citação do meu nome, determinei ajuizar contra ele ação civil por danos morais e ação penal por denunciação caluniosa.

Aguardo andamento pelo Poder Judiciário, no foro apropriado para as ações em questão.

Quanto ao sigilo de qualquer procedimento judicial, autorizo a publicidade de tudo que envolva o meu nome. Para mim, quanto mais investigação, melhor.

Tião Viana
Governador do Estado do Acre

A diversificação do modus operandi da dominação burguesa - Parte Final



Finalizando essa série de artigos, que discutiu as novas formas de dominação burguesa, após a queda do Muro de Berlim a burguesia que tinha criado a internet para servir de arma militar foi obrigado a introduzi-la como mecanismo de inserção de propaganda, de agitação e de formação ideológica. Seria como pensar que se vão os anéis e ficam os dedos!

Esse processo de ceder a internet para o mundo durou toda a década de 80, e os debates estão bem registrados em jornais e periódicos nos Estados Unidos, contudo, era necessário estabelecer novas técnicas que deveriam sair dos laboratórios militares para a vida cotidiana, novas ferramentas como o PC (personal computer) e claro o sistema operacional para que essas ferramentas pudessem ser assim utilizados como mecanismo de guerra.

A sutileza desse processo foi quase imperceptível, até por que se debatia que a invenção do computador de mesa e do DOS, foram as principais descobertas dos anos 80, mas elas já existiam, da mesma forma que na segunda guerra o exercito americano já utilizava aparelhos celulares, com transmissão de dados! A segunda guerra transformou a indústria e a tecnologia nos EUA, desde a descoberta da utilização do átomo até utilização do sistema binário para criptografar informações e dados.

Certamente esse processo foi determinante para se construir outros mecanismos de dominação bem mais delicados do que estávamos acostumados, esse refinamento foi e é determinante para a compreensão da atual etapa de desenvolvimento da luta de classe no mundo, mas cabe destacar que somente recentemente tivemos a oportunidade de utilizar essas ferramentas para combater o capital, até recentemente não tínhamos observado o poder de força tão grande, a utilização da internet no Egito, na Síria é um exemplo de como ele foi utilizado para desestabilizar os regimes dos antigos e deformados estados operários no leste europeu.

As nossas pesquisas revelam que eles agiam com precisão cirúrgica, milimétrica e pontual, ao contrário da esquerda que ainda não vê na internet uma ferramenta sua, poderiam descrever um ou dois mecanismos desses vão iriam ocupar muito tempo e espaço, vamos deixar para explicitá-los a medida que tocaremos nos assuntos já comprometidos como o problema da água, o fim do bem estar social e o novo papel da esquizofrenia o processo de dominação burguesa.

Contudo, isso só foi possível graças a um processo anterior e que durou longos anos, para ser mais preciso, durou enquanto permaneceu intacto os estados operário deformados, esse processo se explica pela competição que houve entre os burocratas estatais e os novos dirigentes stalinistas dos países do primeiro e do terceiro mundo (até o final da década de 80 do século passado, o mundo se dividia em países industrializados, que seriam de primeiro mundo, os países do bloco soviético, que seriam do segundo mundo, e os países em desenvolvimento, que seriam de terceiro mundo).

A orientação stalinista de provocar o rompimento da continuação da revolução de outubro, utilizando-se do processo de conquista político-espacial depois da 2º grande guerra mundial, forçando os territórios conquistados a se precipitarem no caminho do socialismo em um só país, valendo-se de seu domínio militar e do espólio da guerra. Essa poupança permitiu a sangues sugas estatais do stalinismo a permanecerem vivos durante muito tempo, esse processo se desenvolveu gerando um conflito de classes nos países do bloco do socialismo real.

A luta de classe, nesses países assumiu outros tons e outras formas, a conceito de ditadura do proletariado foi deturpado até as entranhas e foi utilizado para manter uma hegemonia que se utilizou de todo o prestigio da revolução russa, e todo um aparato ideológico foi montado para construir justificativas para construção do socialismo em um só país.

Desse devaneio vieram diversos arremedos de teoria socialista, todas construídas pela metade, ao passo que a própria esquerda européia com as conquistas e o espólio da segunda guerra, conquistou grandes avanços com o estado de bem estar social, freando a onda de expansão de Stálin, e que foi financiada pelo EUA e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A Guerra Fria foi um dos maiores laboratórios do mundo, seja para a guerra, para a conquista do espaço ou mesmo a diversificação das formas de opressão todo proletariado e da manutenção do status quo planetário, entretanto a Guerra Fria foi a incubadora de dois processos distintos, desiguais e combinados. 

O primeiro foi o processo de competição da burocracia estatal em manter os Estados Operários em processo de sobrevida, afinal com o aborto da revolução mundial era necessário manter, mesmo em estado de putrefação, o próprio estado. Como parasitas eles precisavam que a carcaça pudesse durar o tempo necessário para amadurecer, somente assim se tornando uma classe que não precisasse mais do estado eles poderiam sobreviver como a nossa classe dominante em um futuro acordo com o EUA e o capitalismo, com de fato ocorreu. Mas nas décadas de 40, 50, 60, 70 e 80 essa mutação da burocracia em nova classe dominante foi lenta e gradual e precisava enterrar definitivamente quaisquer lembranças do período revolucionário de 1917.

Essa certamente foi o primeiro processo de refinado do modo de dominação burguesa, o segundo foi a social democracia européia, que culminou com o completo domínio da classe trabalhadora da Europa, e nos países do terceiro mundo, ou eles seguiam a orientação stalinista ou seguiam a orientação social-democrata européia, em ambos, os explorados estavam de joelhos ao capital mundial, mesmo não sabendo. Essa foi outra metodologia de dominação completamente nova e que durou décadas para ser aperfeiçoada, 

Poder-se-ia construir um histórico de transformação pontuando cada etapa de desenvolvimento dessas estratégias, isso já foi feito diversas vezes, mas é necessário observar uma outra constatação: A guerra fria foi um grande espetáculo, mesmo o que aconteceu em Cuba, foi apenas um agudizamento, momentâneo, mas sob controle.

Essa farça permitiu que o Stalinismo tivesse o tempo necessário dentro da incubadora para se transformar em uma nova classe dominante na Rússia e nos países que antes eram estados operários, segundo permitiu criar conceitos que não levassem a ruptura revolucionária, deixando o resto do mundo sem alternativas e sem uma direção revolucionaria e sem um partido mundial, essa linha política foi amplamente derrotada, mas não foi e nem será letra morta.

Nesse contexto, o PT e as demais esquerdas latino-americanas, antes e depois de Nikita Sergeyevich Khrushchev, foram apenas instrumentos de uma ou de outra concepção e que em nenhuma levaria de forma absoluta a ruptura revolucionária! Apenas cortina de fumaça aos olhos dos explorados, até o fim do amadurecimento da nova casta dirigentes nos países que seguiam a linha soviética e por fim, as eternas reformas do bem estar social europeu, mas enfim, uma ou outra variante se deu por presente, como foi o caso da Nicarágua, ou mesmo até recentemente a Venezuela, com sua revolução bolivariana, que ainda está no limite do capitalismo, ou ela evolui ou será destruída, e o Brasil está mais para a repetição da Republica de Weimar, eis o motivo de termos uma linha de frente única com o PT para impedir a ascensão do fascismo no Brasil.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Paciência Dilma? (A diversificação do modus operandi da dominação burguesa - Parte II)




Terminamos o último artigo afirmando que a direita e a esquerda lutam para ver quem melhor administra o Estado para serviço do capital na America Latina, só para lembrar que partimos da metodologia marxista da luta de classes, gostaria de começar apenas fazendo a construção teórica acerca da evolução das diversificações da maneira de agir dos representantes da inteligência mundial, mas o dia de ontem, (08 de março) a nossa companheira Dilma, presidenta do Brasil, do meu partido e que apoiei nas últimas eleições, veio a público, em rede nacional fazendo uma análise conjuntural, afirmando que a atual crise é passageira, e nisso ela tem razão, a cíclica capitalista chegou definitivamente em nosso país, já tivemos essa sinalização, aquilo que o companheiro Lula chamou de “marolinha”, mas agora temos a beira de nossa porta uma Tsunami,e a pergunta é quem vai pagar a crise?



Devo adiantar para os que acreditam que minhas críticas são meramente oportunistas, que meu objetivo com minhas publicações e delimitar o campo de atuação da esquerda revolucionária, que anda nos últimos anos sem pai e sem mãe! 

E nesse sentido o pronunciamento ontem da companheira Dilma, nos serve como um estudo de caso para todas as nossas afirmações, mas para além de um exercício acadêmico, devo, também, salientar que vamos querer “puxar a brasa” para nosso lado, 

Enfim, além de reconhecer que a crise mundial chegou definitivamente, como causa estruturante de nossa atual crise econômica, que gera de imediato a drástica redução do crescimento econômico, o que resulta imediatamente em medidas protetivas do crédito para o consumidor final, até por que a estratégia da equipe econômica, desde o primeiro mandato do presidente Lula, foi e ainda o é, a ampliação do mercado consumo, dessa forma, ao incluir mais e mais cidadãos ao mercado de consumo, liberando assim uma demanda oprimida de anos, as décadas de consumo mundial foram as imediatamente posteriores as guerras mundiais, no Brasil tivemos que esperar o PT chegar no governo.

Enfim, esse processo de ampliação do mercado, gera de imediato, duas conseqüências que desenvolvem o capitalismo, a primeira que é a base de sustentação do sistema é o aumento do lucro provocado pelo incremento do consumo e com isso, uma alta do investimento interno e estrangeiro no país, seja ele para a área de produção ou apenas capital volátil. O segundo é fazer com que circule dinheiro na economia nacional, principalmente com as políticas de distribuição de renda e de valorização, mesmo que tímida, do salário mínimo.

Essas duas etapas distintas e combinadas, somada ao alto crescimento econômico da China, permitiu ao Brasil criar uma “gordura” econômica que garantiu certa estabilidade, certo crescimento e certo aumento de produção de bens de consumo no país.

Essa combinação de fatores se modificou completamente, com a crise mundial, que é principalmente caracterizada por dois grandes fatores, a desaceleração da economia chinesa e da crônica crise européia, essa parte da crise européia merece destaque, mas ficará para outro artigo, mas adianto que o fim do bem estar na Europa, representa tanto para a esquerda no mundo como a queda do muro de Berlim, e é apenas a segunda etapa da estratégia da inteligência mundial.

Nesse sentido as ações anunciadas pela companheira Dilma são reveladoras, afinal de contas, em momento de crise é necessário apertar “os cintos”, e isso certamente foi agravado pela atual crise hídrica que o país atravessa, segunda Dilma, é a maior seca do nordeste e sudeste que atravessamos, e isso gera momentaneamente o aumento temporário das tarifas de energia e de alguns itens da cesta básica.

E que medidas são essas?

Primeiro é a receita clássica de gastar menos, ou seja, cortar gastos do governo e a segunda é aumentar em contrapartida a arrecadação. Receita velha, mas com um único resultado: recessão!

E nesse aspecto a companheira Dilma nos pede paciência, mas paciência que tivermos para poder chegar ao tão sonhado mercado de consumo? Afinal esperamos mais de 500 anos para chegar ao poder político e administrativo do Estado, paciência a companheira Dilma no pede depois de sermos humilhados por sermos do norte, por sermos pobres, por não termos acesso as universidades, não ter acesso a saúde, a previdência e a segurança pública.

Em todo caso o pedido de paciência da companheira Dilma, acaba de ser elevado a um fato social, condição especial de análise das ciências sociais, não pela pelas palavras em si, mas pelo o que ele significa!

Quando discutimos o refinamento do modus operandi o pedido de paciência da companheira Dilma eleva esse fato a enésima potência, mas não quero me ater a isso, não nesse momento, mas sim voltar ao tema do artigo, pois ele é bem representativo, o pedido de paciência da companheira Dilma, se utiliza da confiança que a militância de esquerda desse país tem em seu governo, utiliza da bagagem de luta de décadas de construção do PT e da CUT, utiliza todas as conquista sociais inclusivas das ações de governo, incluindo o de Lula, mas acima de tudo, utiliza sua roupagem de esquerda para administrar a crise.

E esse é um modus operandi, não refinado, mas bem típico de governos de esquerda que romperam com o Stalinismo pós queda dos estados operários deformados, mas acima de tudo representa um custo a menos para a burguesia, pois, seremos nós que vamos pagar novamente pela crise.

Ao reduzir gastos quem será diretamente atingido? Somos nós que dependemos dos investimentos em Saúde e Educação, e a companheira Dilma (não o ser humano, mas o fato social relevante) veio pedir paciência! Desculpe mas dessa vez não posso e nem devo ficar calado, quem tem que pagar essa crise são os ricos, os endinheirados, os que querem sua cabeça na bandeja!

Como? Taxando as grandes fortunas, taxando o capital especulativo, taxando a remessa de lucros, taxando os investimentos estrangeiros no país, taxando a produção de grãos estocados, taxando a baixa produção de bens de consumo, ou seja, aumentando os impostos quando a produção abaixar da média dos últimos doze meses e reduzindo quando essa produção for superior ao mesmo período de tempo, combatendo a sonegação fiscal, só a arrecadação perdida da Rede Globo pagaria longos meses dessa crise, e continuando com a política de incremento de inserção ao mercado de consumo, mantendo as atuais políticas de crédito e de micro-crédito, aumentando os recursos do Bolsa-família, enfim, apostando na fórmula inversa apresentada em seu pronunciamento.


Vou encerrar por aqui, as longas postagens no blog não o tornam atrativo, mas fica o compromisso de voltar ao tema, afinal temos o desafio de elaborar sobre a perspectiva atual do país, da luta anti-fascista e, sobretudo, estabelecer, dentro da concepção marxista um esclarecimento sobre em que posição o PT se encontra nessa atual etapa da luta de classes.

terça-feira, 3 de março de 2015

A diversificação do modus operandi da dominação burguesa.


Vivemos em um mundo dividido, e para espanto geral da nação, isso não é uma novidade, nem algo recente, poderia trazer milhares de exemplos históricos, mas vou me ater a um ponto específico na História da Humanidade, o Manifesto Comunista, nele Marx e Engels, selava definitivamente um conceito que até hoje, mesmo os que aceitam ou não aceitam, as idéias do Materialismo Histórico, reconhecem como real, como fato, a sociedade é divida em classes sociais, desde os primórdios da economia escravista, passando pela feudal, chegando até hoje no Capitalismo, mesmo na parca experiência Socialista, as classes sócias antagônicas se manifestaram, e é sobre isso que quero escrever, para poder dar uma luz ao debate que hoje existe sobre a situação conjuntural que o Brasil atravessa.

Vamos começar pelo conceito de luta de classes, antes de tudo, é uma perspectiva histórica e metodológica, pois a partir da constatação que existe lados opostos, que lutam entre si, uma batalha ao longo do decorrer da própria história humana, e que somente, após a contribuição de Hegel, é que o outro lado da história foi descoberto, pois a história contata, descrevia apenas o resultado do lado vitorioso. Dito isto, percebe-se que com a mudança de referencial de um conceito duro e inflexível, a luta de classes é na verdade um método de análise histórica, que percebe em suas entrelinhas, a disputa política de poder nas sociedades, e reconstrói de forma dialógica, as estruturas subterrâneas em que elas são disputadas, e como essa disputa acarreta conseqüências nas relações econômicas de cada época e período histórico particular.

Mas afinal de contas o que é lutas de classes?

A partir da constatação metodológica que existem interesses históricos distintos e irreconciliáveis no seio da sociedade, seja ela atual ou as variantes históricas já ocorridas, pode construir passo a passo, os elementos que as distinguem, ou seja, quais são seus interesses, por exemplo, o mestre escravista e seus escravos, o senhor feudal e os servos, a burguesia e o proletariado. Obviamente que essa distinção sofre, em períodos distintos, deformações que acabam dificultando as suas definições, construindo-se apenas com resíduos de fumaça para disfarçar suas reais intenções.

O processo de desenvolvimento econômico humano sempre levou em considerações os mecanismos de produção estabelecidos, ou seja, estavam bem definidas as divisões do trabalho, cada um segundo as suas origens sociais, e a tal pirâmide social não permitia as interações ou mesmo a elevação de determinado individuo a outras castas sociais. Isso foi muito comum até o desenvolvimento industrial das relações econômicas sociais. Tomemos, por exemplo, o servo que cumprisse com suas obrigações feudais e resolvesse sair das terras do feudo e se aventurar em outro feudo ou mesmo em um porto seco comercial, ele em primeiro lugar não encontraria trabalho com facilidade, o controle produtivo era igualmente, para os lados oposto, uma necessidade de manutenção do sistema feudal, o que dificultava a relocação de mão de obra, pois a produção era mantida a níveis mínimos o que não permitiria novas contratações ao passo que nas cidades comerciais, a renda basicamente girava em torno dos mesmos negócios e dos mesmos dividendos, não haveria crescimento econômico sustentável para se dedicar ao um processo produtivo maior.

Esse processo de estagnação econômica simboliza, não uma paz social, mas um campo de disputa desequilibrado, onde a manutenção das relações sociais, era dependente da manutenção das relações econômicas, e que a menor assimetria desestabilizaria o sistema feudal, o processo primitivo de acumulo de excedente nesse caso ficou localizado em regiões onde o comercio se tornaria a mola propulsora dessa balança igual. Como se hoje fosse um contrato de risco ao contrário, em uma balança de investimento de risco, onde os principais dividendos seriam recompensados aqueles que não tomariam risco nenhum.

Obviamente que com um modelo tão imperfeito o Feudalismo entrou em colapso e deu origem ao atual sistema Capitalista, contudo esse processo teve alguns saltos, como a revolução liberal inglesa, a reforma protestante, a revolução industrial e finalmente a revolução francesa. Cada um a seu modo e a seu tempo, formulou os conceito modernos que ainda hoje reproduzimos, mas depois de 1917, esses conceitos tiveram como obstáculos outros conceitos formulados pelos Comunistas. 

Essa disputa ficou conhecida como Guerra Fria, e que teve seu apogeu na década de 60, sendo seu maior momento de tensão a crise dos mísseis em Cuba e outro momento a chegada a Lua dos astronautas americanos, uma disputa que até então era liderada pelos cosmonautas soviéticos, até hoje a estação espacial em órbita é herança dessa guerra. Assim com seu próprio lado construiu seus mitos e ideologias o processo após a guerra fria estabeleceu outros padrões de dominação e outros mecanismo de influência.

Após a queda do muro de Berlin e o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e de seu bloco econômico, o mundo até então dividido transformou-se rapidamente em um mundo único, com uma linguagem em expansão e totalmente voltada para as novidades tecnológicas programadas para serem lançadas e consumidas em um mundo onde as contradições não eram mais estabelecidas pelos interesses antagônicos de classes, mas sim pela capacidade de se consumir mais ou menos. Pelo menos era isso que a Inteligência planetária queria que acreditássemos.

O processo de construção do fim do Socialismo Real, passou por algumas etapas, a primeira era a transformação do sonho em pesadelo, ou seja, a utilização de elementos que estavam desde a primeira hora da revolução em 1917, em “criminosos”, em “traidores” e assim substituir toda uma geração de revolucionários que experimentados no processo de transformação não aceitariam de forma pacífica esse processo de degeneração do Estado Operário, o golpe final foi o assassínio de Leon Trotsky, no início da década de 40 no México.

O segundo passo era a expansão de uma política reducionista das reivindicações históricas do proletariado, conforme estabelecia-se no ‘Que Fazer” de Lenin, um sistema mundial, o caráter internacionalista da revolução precisa ser quebrado, e o foi, com nuances de perversidade, o retorno ao Capitalismo em uma sociedade sem proteção social gerou um custo que até hoje o continente europeu paga caro.

O terceiro passo era a construção de novas ideologias que permitissem uma pós-modernidade e diversas teorias que foram simplesmente construídas a partir de novas e de antigas receitas, chegaram ao cúmulo de propor o fim da história, contudo o que merece destaque é a que estabelece padrões de dominação de uma civilização sobre outra e como esse processo foi danoso para a própria cultural universal humana, e a partir dessa constatação de colonialismo intelectual e cultural europeu se estabelecia assim definitivamente um substituto coerente e que modifica o inimigo, mas mantém o discurso contra um dominador comum.

O quarto passo foi o refinamento do processo de dominação através da microfisica do poder, a relações sociais exigidas a partir da nova realidade mundial necessitava de uma nova formatação do homem, no que se refere ao seu pensar, ao seu modo de ser e fundamentalmente no processo de aceitação de uma cultura de dominação que fosse, a seu ver, um processo natural, mesmo divino e que se justificasse pela simples aceitação de uma pseudo-evolução. 

Destaca-se nessa compreensão que a microfísica constitui a pormenorização e parametrização das relações de dominações a partir das relações causais e típicas da sociedade, nas pequenas manifestações que são emitidas a partir do senso comum, do ambiente que se está inserido e que comumentemente nos envolve, sem uma percepção crítica, sem uma consciência coletiva, modificando assim até o processo de desenvolvimento genético da raça humana, pois a competição natural pelos “melhores” da espécie, não é mais o processo natural, mas sim uma naturalização de outros processos em níveis mesmo moleculares, tanto em seu sentido biológico como social.

Esse mesmo processo permitiu a inserção de loucuras em determinados agentes sociais, de forma milimétrica ação, que envolve não somente um aperfeiçoamento das linguagens, mas acima de tudo de uma processo de manipulação super-estrutural que incide diretamente no córtex cerebral, discutimos isso em dois artigos já publicados no Dilacerado, “A esquizofrenia do Ser Revolucionário” e a “Revolução no Divã”, contudo está última etapa da eliminação da vanguarda revolucionária custou mais caro que a “inteligência planetária” queria pagar, custou a internet! Contudo, isso é outro debate a qual faremos no momento adequado.

Devemos nos ater no processo de compartilhar as descobertas das novas formas de dominação, que não mais utilizam apenas o aparato repressivo do estado, mas esse refinamento permitiu em primeiro momento formatar o novo explorado, mesmo geneticamente, e que possibilitou os passos seguintes, até a forma atual de convencimento, de ideologização e, finalmente, de construção de verdades.

Os elementos ideológicos dominantes nos processos das relações entre as distantes classes sociais passaram a ter linhas quase imperceptíveis, pois a própria dinâmica social, e do próprio desenvolvimento do capitalismo hoje permite uma movimentação maior na pirâmide social, o que aliais não ocorriam em outros sistemas anteriores, além do que, o processo de gestão foi aperfeiçoado, não mais o chicote, mas sim iguais, a política de frente popular, tão utilizada pelos estados de bem estar social do final das grandes duas guerras mundiais, permitiu a construção de forma de dominação, que antes eram disfarçadas, a social democracia europeu, se constituiu não somente em traidora da classe por pragmatismo, mas fundamentalmente se bandeou de malas e cuias para o outro lado.

Interrompendo de forma definitiva o debate sobre reformas ou revolução, não há mais espaços para reformas, elas são apenas para dar vivacidade ao processo de dominação burguesa e dos interesses do capital, esse é um dos motivos que o surgimento de partidos como o Solidariedade na Polônia, como o próprio PT no Brasil, além de outras variantes como Chavismo, bolivarianismo ou mesmo a continuação do populismo, não foi a America Latina que caminhou rumo a esquerda, foi a esquerda que caminhou para a reação burguesa de suas idéias.

Esse processo só foi permitido devido a uma profunda confusão no estabelecimento teórico dos conceitos atuais, que começou com a queda do Muro de Berlim e todo o procedimento de construção intelectual que permitisse enterra definitivamente o Marxismo como ciência do progresso humano civilizatório e racional. 

A partir do momento em que a esquerda na America Latina, abandona o referencial marxista, mesmo eles sendo em sua maioria stalinista, e apesar dessa deturpação ser completamente avesso, aos conceitos bolcheviques, as contradições entre o discurso e a prática geraram uma série de não “entendimentos” das suas linhas gerais, sendo elas um discurso de radicais, mas com a prática de apoio ao governo Collor quando ele foi eleito governador em Alagoas, ou mesmo apoio ao Jader em seu primeiro e no seu segundo governo no Pará.

Com o PT acontece a mesma coisa, por exemplo, o que o 6º Encontro Nacional chamou de Socialismo Petista, uma forma democrática de socialismo, para se contrapor ao Socialismo existente no Leste Europeu e nas URSS, que estava se desintegrando, o discurso e a arquitetura lingüística foram utilizadas para construção de novos conceitos para justificar as ações claramente de disputa de poder hegemônico para se instalar e administrar o capitalismo, sem a eventual ruptura institucional, ou seja, sem o conceito de revolução derrotado com a queda do muro de Berlim.

Em primeiro lugar o que foi derrotado foi o modelo stalinista, de “socialismo em um só país”, ao abandonar o modelo de construído no Manifesto Comunista de “Operário do mundo todo, uni-vos”, para se constituir primeiro em nossas fronteiras e depois expandir, se mostrou um estratégia digna de qualquer teórico do capitalismo, o Stalinismo foi e ainda o é, a maior estratégia burguesa de combate ao pensamento comunista mundial.

Mas, mesmo assim, matinha o discurso e com isso, gerava uma enorme confusão entre o senso comum, e que acabou sendo promovida a linha principal de combate as idéias socialistas, esse aspecto se tornou relevante à medida que a própria evolução das relações mercantis entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, evoluíram na década de 90, principalmente depois do fracasso do Consenso de Washington, e que culminou com o avanço das esquerdas (ou de suas antigas representações) na America latina.

Deve-se compreender que o processo de refinamento de dominação superou em muito essa típica confusão conceitual da linguagem e da prática políticas dos grupos originários no stalinismo, eles evoluíram para se relacionar em uma dimensão completamente nova, com uma nova linguagem e uma nova roupagem, pois a medida que as estratégias socialista fracassaram, o caminho estava aberto apenas para a idéia de um mundo com apenas um sistema político e econômico.

A luta agora entre a direita e a esquerda era de quem melhor administraria o capitalismo!

Vou encerrar por aqui, as longas postagens no blog não o tornam atrativo, mas fica o compromisso de voltar ao tema, afinal temos o desafio de elaborar sobre a perspectiva atual do país, da luta anti-fascista e, sobretudo, estabelecer, dentro da concepção marxista um esclarecimento sobre em que posição o PT se encontra nessa atual etapa da luta de classes.

Marcelo Bastos.