quinta-feira, 25 de maio de 2017

O Início da Ditadura dos Fascistas no Brasil!

Não serei eu a gritar por eleições diretas, não farei isso hoje e desde já afirmo que as eleições diretas não serão soluções para as crises política e econômica que o país atravessa, pois a relação de crise não é com o modelo de institucionalidade existente, pois esse sistema está a serviço dos donos do Brasil!


O começo do FIM


As eleições Gerais ouvida nos gritos e faixa dos manifestantes e da maioria dos grupos políticos são na verdade um grande engodo, por que não é uma medida prevista na Constituição, calma companheiros e companheiras, não virei legalista e nem institucional demais, mas apenas constato que os partidos de esquerda, não têm mais o menor cacoete de luta política, e limita-se a seguir as ordens impostas nas leis e na ordem pública.

Contudo a luta política próxima, sim essa que teve mais um capítulo nesse dia 24 de maio que passou, representa dois momentos bem difusos e complexos, mas que precisa ser analisado com maior transparência, por que os partidos de esquerda têm mentindo a seus militantes, entre eles o PSOL, o PSTU e o PCO.

Seja como for, ontem com a assinatura do Decreto Presidencial 821/2017 coloca de forma clara a intensão dos golpistas em aprofundar o golpe, de ir até as últimas consequências, e o vai e vem de diferentes setores, seja eles da esquerda, da Frente Popular ou da Extrema Direita só reforça a ideia que ainda não temos um campo hegemônico que possa dar linha e direção para saída dessa crise.

Vou repetir esse último paragrafo para esclarecer de uma vez por todas, nem a esquerda ou mesmo a Frente Popular consegue ter maioria, seja no Congresso ou na opinião pública para conquistar uma posição política de maioria e assim dar rumo para sair dessa crise. Por outro lado, a direita também não tem essa unidade, e esse contexto indica que haverá uma saída negociada para crise!

Mas essa saída dependerá do afastamento de Temer, mas nosso golpista ainda tem armas na manga, um deles foi o decreto, pois utilizou de uma manobra e da falta de organização dos setores da esquerda e da frente popular para poder construir mecanismo de proteção que vão além dos seus limites constitucionais, e tenho a compreensão que eles vão se utilizar quando e onde quiserem, mas o problema é o sinal que isso passa para a extrema direita, ele se coloca, não mais como um constitucionalista, mas agora ele é a opção dos fascistas e deixa claro que ele não medirá consequências para se manter no poder.

E com a ausência de uma direção verdadeira que indica o caminho da luta para as massas, que são utilizadas apenas como massa de manobra da esquerda e da frente popular, não posso prever outra saída que não seja trágica para essa realidade!

Como o jogo ainda não está decidido nem para um lado e nem para o outro a crise deve entrar em uma fase mais aguda, se por um lado Temer agora tem seus pecados revelados e investigados, por outro Lula e o PT tem maiores chances de serem presos e colocados na clandestinidade, o que começaria uma caça a toda esquerda e a frente popular.

Obviamente que os cenários que se avizinham não são os mais otimistas, e já prevendo essa realidade os setores da Frente Popular, capitaneados pelo PT devem organizar um acordo que possa, ao mesmo tempo, barrar as investigações da lava jatos e com isso suprimir os ataques ao PT e ao Lula, depois construir uma nova maioria no Congresso para que em uma eleição indireta se elege um governo de coalizão que possa cumprir o mandato de Dilma/Temer ate as eleições para o ano que vem, mantendo assim a ordem constitucional.

Lembrando que esse segundo cenário dependerá do afastamento de Temer, que hoje contra si tem inúmeros processos, e alguns em estado bem avançado de cassação como é o caso do TJE, mas percebo que a aceitação de abertura de processo de impedimento de Temer é ainda o caminho mais curto e rápido para que seja dada a pá de cal nesse governo golpista.

Deve-se ainda lembrar que em todos os cenários até aqui comentados, as reformas continuarão, e seja como for, a derrota que os trabalhadores tiveram até aqui significaram sim enormes prejuízos para suas condições de vida e de classe.



Resta-nos apostar nossas fichas em novas mobilizações que pensem em ultrapassar o pensamento burguês de eleições e que possamos construir a partir das mobilizações organizações de base, com democracia operária como mecanismo de poder dual, onde as decisões possam ser compartilhadas e assumidas por todos, como forma de superação das diferenças ideológicas, mas acima de tudo que seja um laboratório de uma nova direção e de uma nova organização política e de um novo estado, vamos a luta!

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Aparelho repressivo serve a Cabeça de Temer para acordo em Eleições Indiretas!

Aparelho repressivo serve a Cabeça de Temer para acordo em Eleições Indiretas!

Fonte: Mídia Ninja
Dia 24 de maio de 2017, será conhecido como o dia do pé na bunda do Temer, não vejo mais como possível a manutenção de senhor no comando do país, hoje forma mais de 150 mil nas ruas de Brasília, vi uma Capital Federal sede sitiada de dois lados, de um lado os movimentos sociais (des)organizado e do outro o aparelho repressivo do DF bem organizado, desde as primeiras horas da manhã, os ônibus foram criteriosamente revistados e depois liberados, esse foi a recepção da PM.

Contudo, cabe mais uma análise política dos bastidores do que não vimos do que necessariamente do vimos, a grande manifestação foi duramente reprimida, a fumaça de gás lacrimogênio ultrapassa em muito o prédio do Itamarati, onde funciona o Ministério das relações exteriores, bombas e helicópteros completavam o cenário de filme de guerra.

O que meu preocupou foi o encerramento do ato em pleno processo de luta por espaço na Esplanada, vi milhares de pessoas se retirando do campo de batalha, mas vi outras centenas caminhando para socorro, protesta e gritar alto Fora Temer, vi uma passeata sem comando política, e que diversos carros de som, seguia sua própria orientação política, desde o PCO, passando pelo CTB até chegar na Conlutas e na CUT, uma Babilônia em Chamas.

O que mais me preocupa não é a falta de união entre as diferentes forças políticas ali, mas sim o resultado, pois a forma com o diferentes comandos simplesmente deixaram seus postos para “recuar” frente a ofensiva da PM do DF foi simplesmente como nado sincronizado! Foi perfeito!

O que isso significa, ainda não sei, mas acredito que logo mais todos vamos saber, foi apenas um ensaio do que poderia ter sido se tivéssemos um comando um único e uma única palavras de ordem, mas não temos!

Tenho convicção que vão entregar a cabeça do Temer em uma bandeja de prata para os manifestantes e para os movimentos sociais, mas morre aqui todas as demais reivindicações, o que percebo é que já está rolando um grande acordo para que as eleições indiretas possam ser a solução negociada da crise política, e um governo tampão de coalizão deve ser a saída deles, mas isso implica na continuidade das reformas que estão na pauta do Congresso, a pergunta que temos que fazer é “E agora?”.







sábado, 20 de maio de 2017

A impossibilidade de eleições gerais e o risco do fascismo!

Os explorados são as principais vítima de uma mentira da esquerda!
O fascismo só é possível quando a esquerda mente para os explorados!

Vou dar um papo reto, não acredito em eleições nem ontem, nem hoje e nem no amanhã, fico preocupado como a esquerda de todas as matizes se prendem a um modelo burguês de resolução de conflitos sociais, quero lembrar que as eleições “livres” foi um processo progressivo há tempos atrás, pois era necessário substituir a burocracia da nobreza e do clero na presença do Estado, sim meus caros, ainda no final do Feudalismo, e hoje vejo PSOL, PSTU, TPOR, PCO, CST, MAIS e tantos outros agrupamento ficando o pé em eleições diretas.

No PT isso acontece por mesquinharia mesmo, fácil de avaliar e fácil de diagnosticar, mas o crime do PT é ainda maior ao defender eleições diretas já, por que aos demais partidos e frações de esquerda que não têm tanto apego a institucionalidade, o PT que prefere morrer abraçado a ela, acredita tolamente que a democracia burguesa, a democracia do dinheiro é que a única e justa forma de governo, e quando teve a chance se lambuzou todo, essa é a verdade!

Em todo caso, vamos aos fatos em si!

Porque chamar eleições gerais agora? Por que apareceu provas contundentes contra Temer? Não acredito nisso, e se for verdade o PSTU estava certo então chamar o Fora Todos? O que de fato muda na conjuntura com essas novas denúncias? Simples é que a Globo e seus patrocinadores resolveram acelerar o processo de bonapartismo (do nome dos dois imperadores franceses Bonaparte) um governo que procura parecer não partidário, aproveitando-se de uma luta extremamente aguda dos partidos dos capitalistas e dos operários entre si. Servindo de fato aos capitalistas, esse governo engana, mais que ninguém, os operários com promessas e pequenas esmolas). 

E com isso continuar no processo de derrotar o PT e desmoralizar definitivamente o pensamento de esquerda nesse país e na América Latina, passo fundamental para derrota uma revolução em curso na Venezuela, os interesses do grande capital aqui não são separados do restante do mundo, essa é a verdade!

Deve-se observar que não há saída para que se possa ter eleições gerais imediatamente, esse é o fato, ainda existe uma Constituição vigente, e não acredito que o PT possa coordenar um golpe de Estado, que suprima todos os direitos constitucionais e declare um estado títere e provisório!

Mas a direita pode e deve fazer isso sem muitos problemas!

Mas a esquerda mesmo sabendo das limitações legais de suas palavras de ordem, mesmo sabendo que a Constituição irá prevalecer, pois é esse o jogo, e somente eles podem mudas regras, a imbecilidade da esquerda e do PT não o permitem jogar com as mesmas armas, faz com que o discurso de oposição ao golpe seja falacioso e mentiroso, o problema é que ao depositar esperança de mudanças em algo que nunca irá acontecer, o PT e os demais grupos políticos que se dizem de esquerda, podem perder o que lhe restam de dignidade e de confiança da classe trabalhadora desse país, mais uma frustação que não será digerida, e agora é política de todos os agrupamentos, redijo essas linhas em aflição, por que momentos históricos assim não costumam deixar impunes esses crimes de pensamento.

Foi assim que surgiu Napoleão, Hitler e Mussolini, em países onde a esquerda, com seus sucessivos erros e mentiras para a classe trabalhadora “sucumbio”, como diria nossos companheiros espanhóis e permitiu os desastres humanos que já conhecemos, temos a obrigação de falar a verdade para os explorados, não alimentar falsas esperanças e quem sabe assim construir mobilizações que apontem para uma ruptura revolucionária, que ultrapasse os limites impostos pela institucionalidade e que protege tão somente a propriedade privada dos meios de produção.

Que sigas as mobilizações e que se diga a verdade as massas de explorados, e que possam construir a partir das mobilizações comitês de defesas dos interesses dos oprimidos e a partir deles gerem poder dual de solidariedade e que se comece a construção de um novo estado, sem a exploração do trabalho assalariado e acima de tudo de liberdade, de fraternidade e de real igualdade e solidariedade entres os explorados.


quinta-feira, 18 de maio de 2017

Sobre o Fora Temer?

Sobre o Fora Temer?

Será essa mesmo a unica saída a esquerda?


Ando meio angustiado, confesso que sempre levei a luta política e social para a perspectiva da construção das condições subjetivas da revolução, pois segundo Trótsky as objetivas já estavam “apodrecendo”, e isso ele escreveu na década de 30 do século passado, imagina agora como elas estão em estágio avançado de putrefação, e é esse o problema, não vejo nenhuma força política de esquerda, seja de partidos ou de facções que permitam fazer uma análise que possam ir além dessas estruturas podres, o que mais me preocupa é que a esquerda se limita a pedir eleições, ou pior fora todos?

Sejamos absolutamente verdadeiros nesses momentos históricos, a ausência de um partido revolucionário, a traição do PT e a minúscula estatura dos partidos como PSOL, PSTU ou PCO, indicam que ainda sofremos de uma crise de direção que Trotsky previu no mesmo livro, Programa de Transição, não quer ser aqui o ultra esquerdista, mas como ir para uma disputa dessa proporção se nossos exércitos foram desarmados, se nossos lideres foram presos e desmoralizados antes dessa batalha que se aproxima, se os movimentos sociais foram, há muito, burocratizados, e reprimidos para serem apenas servos eleitorais?

Vamos pensar que se o PT e os demais partidos de esquerda não podem optar por uma ruptura revolucionária e ficam no marco da institucionalidade e do chamado estado democrático de direito, por que pedir eleições diretas, um Consignia revolucionária nesse momento de crise, pois a Constituição prevê que em crises como essa, em seu Art 81º que será chamado uma eleição indireta e a manutenção do calendário eleitoral, hoje se chamar eleições diretas seria na verdade um contragolpe ao golpe parlamentar, o que seria correto, mas tem a merda da correlação de forças no Congresso, isso o mesmo congresso que votou pelo golpe a Dilma.

Por outro lado, temos que compreender que o PT nunca quis ir além da institucionalidade, não se preparou para isso por que não acredita que a construção do Socialismo perpassa pela ruptura revolucionária, ele escolheu as reformas no Estado como mecanismo moderador das relações entre Capital e Trabalho, elegeu as conquistas pela cidadania como tática de guerra e se lambuzou nas relações mercantis para se fazer uma governabilidade em um jogo espúrio para manter privilégio e os altos ganhos dos banqueiros e do capital especulativo internacional.

O problema nessa equação começa quando o PT descobre que no Pré-Sal tem recursos suficientes para dar outro equilíbrio no poder do globo e com a articulação do BRINC’s a balança começa a pender para outro lado que não mais a do Imperialismo Ianque, o que força os Estados Unidos a construírem duas políticas distintas e complementares, uma interna que se iniciam com a eleição de Trump e a outra já é uma tática conhecida dos ianques que são os golpes enxertados de forma precisa em países em desenvolvimento e no Brasil não foi diferente, esse dois fatores são os condicionantes dessa realidade que estamos observando agora.

Contudo, ao não ir além da institucionalidade o PT vai construir uma política de ziguezagues entre fazer a propaganda para as eleições diretas, mesmo sabendo que não há amparo constitucional para que isso ocorra, e mente quem diz o contrário, e nesse momento a mentira só serve ao grande capital, e que a manutenção do processo como descrito na Constituição só levará a um governo tampão para o processo eleitoral e como não há forças vitoriosas, a ralé do Congresso, ou o chamado baixo clero, devo se levantar, e com isso pode ocorrer enormes perigos, pois os sistemas fascistas começaram normalmente com a cópia desse cenário, profunda crise institucional, sociedade dividida, sem uma força hegemônica nem de um lado e nem de outro e a ausência de uma esquerda revolucionária. Enfim o fascismo!

Esse é o segundo cenário, pois a medida que o PT estica a corda em uma conjuntural favorável as suas mobilizações, sem a intensão de realmente quebrar a institucionalidade, a tensão só favorece a medida que o calendário eleitoral é mantido, pois a única visão de futuro do PT e o Lula-lá em 2018, abre-se necessariamente com essa politica dois novos fatores, o primeiro são os constitucionalistas que lutaram para manter a Constituição de 1988, e os segundo são aqueles que em nome de uma ordem, vão propor, como já o fizeram, que o golpe avança para um estágio bonapartista, o que deve ser através do STF, uma espécie de ditadura da toga!

Compreender esses dois processos deverá ainda levar algum tempo, não há como nesse momento pedir racionalidade dos agentes de esquerda, e nem do PT (direita moderada e constitucional), a política de tática eleitoral levará eles aos seus limites legais para então fechar um grande acordo e esperar o calendário eleitoral e nisso reside o perigo, como nenhum dos lados tem a hegemonia politica na atualidade, os fascistas poderão a partir dessa política ingênua de pressão sem consequências real, propor as ações que estão ainda inibidas na conjuntura, como a prisão do Lula, a cassação do registro do PT, fechamento de alguns sindicatos e assim pavimentar a construção de um regime autoritário.

Nesse momento os revolucionários têm algumas missões, entre elas abrir mão de sermos conselheiros da frente popular, nada de conselhos, a trajetória deles suicida favorece o fim dos aparatos burocráticos nos partidos e isso pode ser um atalho para uma nova direção, a segunda é que precisamos nos organizar, chamar um seminário, um encontro, ou seja lá o que for para se discutir as bases de um programa revolucionária para crise, e com isso lanças ao horizonte nossos sonhos de ruptura revolucionária e se prepara para a clandestinidade e para a ilegalidade. Quem viver, verá!




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Esquerda Ausente e direita inescrupulosa!


Esquerda Ausente e direita inescrupulosa, a saída para o Capital especulativo está na mãos do STF!



Não existe espaço vazio de poder, a esquerda não tem maioria, nem base social organizada, não tem partido de esquerda capaz de ser norte nessa crise, o PT vem se segurando pelas tabelas, e como a direita começou um caça as bruxas de forma generalizada, pegou o deles também na mesma arapuca.

O problema agora é preencher esse vácuo de poder, e os mais afoitos falam em eleições gerais como se houvesse esse sistema constitucional, sim meus caros, existe linha sucessória que caso ela não funcione tem suas próprias medidas constitucionais, ou tem petista aqui que vai querer ir além da Constituição.

Logo, em nenhum desses cenários está colocado que o PT, ou um bloco de centro esquerda possa assumir, e como a maioria desse congresso é de safados e oportunistas, a tendência é que se abre é de dois cenários, o primeiro é que se tenha uma eleição indireta e se mantenha o calendário (Esses seriam os constitucionalistas).

E o segundo é que ocorra uma pressão dos grupos econômicos e de interesses do Capital especulativo que se mantenha certa ordem, para que isso ocorra um governo títere é constituído pelo STF, como medida transitória.

Enfim esse é o debate e a esquerda toda em merda, dividida, sem interesses comuns, e com o ego na ponta do nariz só restará a fuga para o Uruguai, quando a mim, ao ver meus prognósticos se afirmarem vou recorrer ao abrigo nuclear mais próximo! Quem viver verá!

domingo, 7 de maio de 2017

A POLÍTICA SUICIDA DO PT E A AUSÊNCIA DE UMA DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA.

o PT pode ser forçado a ir além do que deseja em 2018?

A atual crise política que o país atravessa é reflexo de uma crise antiga. Com consequências ainda maiores que os nossos pobres teóricos não compreendem mais, remontam ainda da segunda metade do início do século passado, logo depois da morte de Lenin e que ainda hoje não foi respondida satisfatoriamente por nenhuma geração até os dias de hoje.

Não é papel desse pequeno artigo se lançar para discutir a conjuntura atual em sua mais complexa forma, mas tão somente discutir um aspecto dela que ainda é determinante para que ela prossiga vitoriosa sobre as conquistas históricas dos explorados.

Certamente a crise de direção revolucionária provocou durante anos recuos ou derrotas do explorados em suas lutas nas mais distantes regiões do mundo. Não vamos nós ater aos aspectos genealógicos de sua origem nem tampouco de seu conceito, pois quando Trotsky afirma que a maior crise de seu tempo é a crise de direção revolucionária ele já explicava todas as variantes e determinava assim as saídas para essa crise.

Tampouco vou cobrar a leitura do Programa de Transição de quem quer que seja, hoje eu acredito que mesmo o Manifesto Comunista seja o livro de cabeceira de pouco iluminados, pois o conhecimento revolucionário virou artigo de luxo de poucos que andam dispersos e sem caminhos para se dedicar, produto direto da crise de direção revolucionária.

Para Trotsky (1936):

Os falatórios de toda espécie, segundo os quais as condições históricas não estariam "maduras" para o socialismo, são apenas produto da ignorância ou de um engano consciente. As premissas objetivas da revolução proletária não estão somente maduras: elas começam a apodrecer. Sem vitória da revolução socialista no próximo período histórico, toda a civilização humana está ameaçada de ser conduzida a uma catástrofe. Tudo depende do proletariado, ou seja, antes de mais nada, de sua vanguarda revolucionária. A crise histórica da humanidade reduz-se à crise da direção revolucionária.


Essa dinâmica de conceber a crise da humanidade como processo de “ignorância” ou de “engano consciente” fala por si, pois para o Comandante do Exercito Vermelho, havia de fato uma política consciente de sabotagem da URSS, de seu partido, a 3ª Internacional, mas acima de tudo uma conspiração contra os interesses históricos dos explorados.

Desde a tomada do poder pelos Bolcheviques em 1917, houve de fato uma acirrada disputa pelos rumos da revolução, de um lado os marxistas internacionalistas que queria promover a revolução a um processos mundial, pois ele acreditavam que enquanto existisse uma “ilha” de Capitalismo o Socialismo seria ameaçado, de outro lado os nacionalista desenvolvimentistas, que acreditavam que a consolidação do Socialismo na URSS seria a alavanca do desencadeamento da revolução em outros países, tanto um lado como o outro tinham em suas elaborações que determinariam os rumos da história nos próximos 100 anos.

Hoje sabemos que ganhou essa disputa e quais os desastrosos resultados para a luta dos explorados sofremos hoje, em todo caso, é necessário estabelecer um critério que foi determinante para que esse luta política se desenvolvesse e chegassem aos resultados que tiveram, enquanto os marxistas acreditavam que a construção do partido internacional seria a mola mestre de todas as revoluções futuras, com a consolidação do pensamento de Lenin de profissionais da revolução em todos os cantos do mundo, com um partido centralizado e orgânico, com relação intrínsecas com os movimentos sociais, a própria Rússia se utilizou desse poder dual a partir da construção dos Soviets, e da conquista das consciências das massas explorados a partir de um programa mínimo.

Enquanto os nacionalistas soviéticos, liderados por Stalin, compreendia que apesar da necessidade do partido, ele deveria ser nacional e não apenas um e único partido sem fronteiras, mas um conglomerado de partidos nacionais, por exemplo, no Brasil o PCB (Seção Brasileira) e que teria sob sua responsabilidade de encontrar por si as soluções para a tomada de poder e das ações dos revolucionários, do mesmo modo, eles acreditavam que o papel da URSS era de consolidar um bloco hegemônico que pudesse servir de farol para o restante do mundo, mas que o fortalecimento econômico e militar soviético seriam as suas diretrizes principais, pode-se notar isso a partir de 1935 em seu plano quinquenal, onde a URSS se preparava para o enfrentamento militar com o Ocidente.

Em ambos os casos, as teorias foram colocadas a prova, e a própria realidade acabou por combinar as duas teorias gerando uma grande confusão nos corações e mente de gerações de revolucionários pelo mundo, essa questão eu aprofundo em dois outros artigos que estão disponibilizados no Dilacerado, a Revolução no Divã e a Esquizofrenia do Ser Revolucionário, mas cabe aqui destacar que o processo se consolida na vitória da concepção desenvolvimentista nacional.

Para Trotsky:

A tarefa estratégica do próximo periodo - período pré-revolucionário de agitação, propaganda e organização - consiste em superar a contradição entre a maturidade das condições objetivas da revolução e a imaturidade do proletariado e de sua vanguarda (confusão e desencorajamento da velha geração, falta de experiência da nova). É necessário ajudar as massas, no processo de suas lutas cotidianas a encontrar a ponte entre suas reivindicações atuais e o programa da revolução socialista. Esta ponte deve consistir em um sistema de REIVINDICAÇÕES TRANSITÓRIAS que parta das atuais condições e consciência de largas camadas da classe operária e conduza, invariavelmente, a uma só e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado.

Essa narrativa proposta por Trotsky levaria em consideração que as premissas da revolução internacional seria obra de um partido internacional, de um partido de profissionais da revolução e de uma direção revolucionária, mas esse partido se encerrou com o final do 4º Congresso da III Internacional, até hoje a IV Internacional não passou de um arremedo sem graça das lutas sociais que precisavam de uma direção firme e forte para a construção do Socialismo.

Isso é bem representativo quando voltamos aos olhos para a América Latina, um dos exemplos é a Revolução Cubana liderada por Fidel e Che, eles não tinham em sua origem a compreensão de evoluir sua revolução nacional para a construção do Socialismo, mas a pressão externa e a luta política interna obrigaram eles a caminharem para o braços da URSS, que mesmo não apostando um único centavo se aproveitou da proximidade de Cuba para construção de seu poderio na Latino América, e com isso inaugurou a fase mais aguda da conhecida Guerra Fria.

No Brasil depois de 13 anos de governos petistas, ano passado sofremos um golpe parlamentar, dentro das regras institucionais que tantos os petistas idolatram, apesar dos motivos da cassação de Dilma serem abertamente forjados e corroídos desde seu nascedouro.

O fato é que não houve resistência social nas ruas e nem mesmo no parlamento, o PT e os movimentos sociais estavam acuados, sobre fortes suspeitas e acusações de corrupção e desvios de verbas públicas, por partes de seus antigos aliados, os atuais golpistas do PMDB. Se é verdade que a burguesia ou setores delas estavam descontentes com a gestão do PT, também é verdade que os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como ganharam dos petistas, essa métrica matemática aos olhos dos estrategistas do PT eram suficientes para se manter no controle do país.

Ledo engano, as mesadas aos deputados, as liberações de emendas parlamentares, ou mesmo parte de propina em obras públicas não foram suficientes para apaziguar o ódio e o preconceito contra os interesses dos explorados e com isso caiu o governo de Dilma, e hoje todas as pequenas conquistas dos 13 anos anteriores começaram a cair uma por uma, e ainda vão conquistar mais e mais territórios sobre os interesses dos explorados e até agora a reação foi muito inferior, mesmo a greve geral, não conseguiu impedir na semana seguinte a votação da reforma da previdência social nas subcâmeras do Congresso.

O PT teve a direção política do país em vez de organizar o povo nas ruas para sua defesa preferiu entrar no tabuleiro do toma lá da cá, e o resultado foi o golpe, agora espera com angustia que 2017 chegue ao fim e que Lula venha candidato em 2018, e novamente não organiza o povo para resistir e lutar, essa é a crise de direção que vivemos hoje no país e que Trotsky tanto nos alertou.

É possível a criação de tal governo pelas organizações operárias tradicionais. A experiência anterior mostra-nos, como já vimos, que isto é, pelo menos, pouco provável. É, entretanto, impossível negar categórica e antecipadamente a possibilidade teórica de que, sob a influência de uma combinação de circunstâncias excepcionais (guerra, derrota, quebra financeira, ofensiva revolucionária das massas etc.), os partidos pequeno-burgueses, incluídos aí os stalinistas, possam Ir mais longe do que queriam no caminho da ruptura com a burguesia. Em todo caso, uma coisa está fora de dúvida: se mesmo esta variante pouco provável se realizasse um dia em algum lugar, e um "Governo operário e camponês", no sentido acima indicado, se estabelecesse de fato, ele somente representaria um curto episódio em direção à ditadura do proletariado. (TROTSKY, 1936)

Mas o PT se subverteu a uma lógica estranha aos interesses históricos dos trabalhadores e das trabalhadoras, mas sua influência de massa ainda o identifica como sendo um partido de explorados, muito embora o lulismo como força política tenha assumido o seu papel populista nos últimos anos, o fato é que o PT ainda é a maior direção operaria e camponesa do país. E sob sua responsabilidade está a resistência ao golpe e a preparação das condições subjetivas para a luta política que se avizinha com a possível eleição de Lula.

Temos convicção que o PT não organizara o povo para o enfrentamento nas ruas de seu governo, deve cair desgraçadamente e novamente na cretinice parlamentar, ao invés de investir todo o seu tempo em recursos nos movimentos sociais para que estes criem espaços de poder dual, como os sovietes, e assim dar suporte ao futuro governo do PT e quem sabe assim, mesmo que em um curto período de tempo possa caminhar junto com o interesse dos explorados.

Referencia


TROTSKY, Leon. Programa de Transição. 1936