quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Nova roupa do PT: o Rei e os súditos iludidos.


Existe uma pequena parábola sobre o Rei nu, não quero aqui me ater ou mesmo recontar uma história já batida, mas como não fazer a comparação, principalmente vendo as movimentações de bastidores do PT, aqui no Pará, sinceramente parece que o PT corre atrás do próprio rabo.
Também não vou aqui me ater em análises de conjuntura local, tão cansativas, mas no mínimo a esquizofrenia de determinadas figuras do PT local não coincidem com a realidade, simplesmente não encaixa. Uma dessas distorções diz respeitos aos nomes dados para a corrida ao governo do Estado, as lições de 2010 e 2012 simplesmente não foram assimiladas, ao que parece nem percebidas elas foram.
Quais os recados que a sociedade do Pará terá que mandar para esse senhores, completamente desvinculados da real, o PSDB mantém o controle do governo, mesmo no período em eu o PT era governo, todos sabíamos, que tinham vários membros tucanos em vários postos do governo, então eles sabem fazer e como fazer, as eleições do ano passado colocou os tucanos a frente das principais prefeituras do Estado, fato é que a sensação de grandeza do PT no Pará é no mínimo arrotos de soberba.
Contudo o canto da sereia pegou novamente os dirigentes estaduais, algum novo alfaiate chegou no Estado, e trouxe em suas malas fios finos e transparentes capazes simplesmente de não serem vistos, mas vestidos com eles num passe de mágica transformam-se em adornos virtuosos de um excelente bom gosto.
O problema é que o povão aqui está vendo que eles não são o que dizem, e que estão iludindo a todos, as roupas vendidas a Rei não existem, e de fato não existe mesmo, mas ele a toca e a veste, pior tem a coragem de ir para rua anunciar que ele, mesmo nu, está vestido e quer ser candidato. Ele saíra nu, com seus assessores ao lado, cegos, metidos e mentirosos, falaram ao Rei exatamente o que ele quer ouvir.
Outra tragédia anunciada, mas sabe algo fica, uma coisa incomoda, por que isso acontece? Quem ganha com esses delírios? Não é possível que perdendo o tempo todo possa motivar para mais derrotas, o Rei está nu e vamos ficar aqui alertando ele e ao próprio PT.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Os desafios do Socialismo e o “eu” revolucionário.




O processo de construção do Socialismo em nossa época assume desafios diferentes do século passado, ainda mais se analisarmos os efeitos do fim do bloco soviéticos. Contudo, já falamos sobre isso nos artigos anteriores, o que cabe agora é a análise de como esse processo afetou diretamente a vida dos militantes honestos no decorrer do processo de restauração do capitalismo e de sua suposta primazia. Obviamente que dependendo da região e da própria condição de desenvolvimento econômico e social, esse tipo de reação individual foi diferente, mas, nos arriscamos em divulgar que a sensação de derrota, de frustação e fuga são constantes nas diversas individualidades existentes.

Não existe um tipo especifico de tratamento para cada ser revolucionário, mas o resgate desse componente fundamental para a construção da “inteligência” da revolução significa um passo importante na recuperação de agentes capacitados e já com algum tipo de treinamento organizacional necessários para o start de uma nova onda de organização. Não se pode compreender um vácuo entre o final de década de 80 do século passado aos dias atuais, nesse meio tempo não foi formado uma geração com debates e ações militantes e não podemos nos dar ao luxo de perder esse tipo de militante que leva anos para ser produzidos no calor da luta!

Estabelecer não somente uma identidade de classe, como por exemplo, a busca por uma vanguarda dentro do seio da classe operária, ou mesmo, na transferência de setores médios para situações onde possa se inserir na luta, esses dois movimentos tão praticados pela esquerda revolucionária não surtiu os efeitos desejados, em sua maioria causando maiores frustrações, não adaptabilidade e fundamentalmente criando obstáculos a inserção das ideias marxistas no seio do operariado.

Compreender que o desenvolvimento desigual e combinado pode ser levado a cabo para resolução de dois cruciais problemas para o desenvolvimento da luta política de nossa época e assimilar os principais ensinamentos do marxismo moderno. Obviamente que esse entendimento é produto direto de uma construção histórica, não se pode perceber o desenvolvimento da própria etapa histórica sem a devida observância de alguns elementos que os distinguem das anteriores e consequentemente das futuras etapas.

Essa relação dialética representa bem mais que o simples entendimento das correlações de forças, mas exprime toda uma percepção da realidade e conjuntura que podemos debater.  Para alguns que não assimilam o método marxista esse processo pode ser doloroso e por muitas vezes arriscado, mas a medida que as devidas ligações mentais possam ser combinadas com determinados indícios de processos separados e distintos em diferentes localidades dão um percepção da intenção dos agendes do capital em todo o mundo.

A possibilidade que a atual etapa de construção das forças produtivas indica um movimento desafiador ao processo especulativo de capitais, principalmente movido pela existência da China, que mesmo participando do jogo, não joga limpo, pelos ditames do capital, não é exatamente o que os lobistas do capital possam querer. Na China nem sempre o querer desses senhores são levados a cabo, contudo, não podemos subestimar o processo vitorioso de transformar os mercados regionais em globais, com a submissão do antigo bloco soviético, a vitória do capitalismo nesse embate temporal mostra como as cíclicas podem ser maiores ou menores a partir da inconsequência da resistência, ou seja, da luta politica no seio da sociedade divida em classes.

Voltando a questão o desenvolvimento anterior das forças produtivas indica que os mecanismos de dominação passaram necessariamente por crises, não somente financeiras, mas fundamentalmente sociais, e nesses espaços a possibilidade de levantar questionamentos e construir organizações para o embate, não quero aqui decretar o fim do refluxo do movimento revolucionário mundial, estamos distante disso, em outros artigos já comentávamos que estamos vivendo um período de ‘claro’ obscurantismo.

A voltar de momentos de transição entre um período de crise menor ou maior, abre possibilidades de contestação, o que permite ao movimento revolucionário pactuar suas ações com política de frente única, com a clara observância da relação entre as políticas adotadas e linha de ação objetiva, ou seja, teoria e prática devem permanecer coladas sem a mínima brecha de vacilação, pois somente assim poderemos soerguer uma nova moral revolucionária, tão necessária para combater a moral burguesa.

A forma como as organizações devem tomar dependerá de cada situação e em cada país, mas os vetores ou palavras de ordem, não podem ficar desconexos das premissas de luta conspirativa, exaltando a falência do Estado e de como os principais aspectos da vida humana estão se deteriorando cada vez mais, mas isso ainda é muito amplo e complexo, a teoria que constituíra o próximo programa de transição deverá ainda ser discutido, o que temos que fazer nesse momento é criar as condições objetivas e subjetivas para que isso possa acontecer.

A combinação da luta política, com a elaboração coletiva desse programa deve estar combinada com alguns modelos de organização, o primeiro logicamente é a do partido, depois inserir-se nos movimentos sociais e por fim, a construção de um laboratório onde podermos infiltrar na célula mater da sociedade, ou seja, na própria família, esse processo é bem mais demorado, mas as falhas que ocorreram com os modelos até então existentes nós permitem acreditar que podem ser uma falha no processo subjetivo da construção do Socialismo.

De que forma isso acontecerá ainda é algo a ser pensado, mas metodologicamente deve partir de uma pesquisa ação, logo temos que nós inserir em pequenos grupos familiares, que permitam uma rápida absorção das nossas crenças insurretas a partir desse ponto, haverá uma ampliação natural no processo de construção do ideal socialista, de pai para filho, de filho para filhos, de famílias, de vizinhos em um movimento lento e gradual, as organizações devem investir metade de suas forças políticas, organizativas e humanas nesse processo, do mesmo modo como a luta tradicional.

O Objetivo é a construção de um “gene revolucionário”, não podemos mais nos dar ao luxo de não fazer esse tipo de combate, pois a muito os poderosos de plantão vem talhando o corpo e a mente dos explorados, temos que fazer o movimento inverso, mas as forças de organização serão melhor trabalhadas individualmente em artigos futuros.


O “eu” revolucionário só existirá se compreender essa dinâmica proposta, que em síntese é o resgate de uma geração de militantes honestos com a luta política e com a defesa intransigente do socialismo, vincula-los aos temas e debates modernos com o nosso linguajar e com nossas propostas, e organiza-los em partidos e movimentos sociais, além de levar a cabo um luta silenciosa, somente a combinação desses elementos podem decodificar nossas anseias e com isso fazer esse resgate dos velhos e novos dirigentes comunistas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A Revolução no Divã - Parte II




A (re)significação da luta revolucionária a partir da compreensão da profunda depressão que se bateu após os fatos relatados no artigo anterior é tarefa nossa nesse artigo, mas cabe destacar alguns fatores que servirão para entender esse processo, ainda na primeira metade da década de 80 do século passado a Perestroika promovida por Gorbachev geraria em um primeiro momento o processo de abertura, a grande questão dessa abertura era a aproximação com o ocidente, primeiro em acordos comerciais e depois na total abertura para troca de mercadorias, preparando assim a ex-URSS para o mercado global.

Não se trata de questionar a politica econômica adotada por Gorbachev, muito menos em fazer uma crítica a economia política utilizada, por que mesmo Lenin na primeira NEP (Nova Política Econômica) já trazia em seu cerne uma relação de mercados com países em processo de reconstrução após a primeira guerra mundial, mas o controle do câmbio, das transferências de capitais e do controle das instituições bancárias, fazia com que a política econômica fosse direcionada aos interesses do Estado Operário, na sua construção após longos períodos de guerra e da própria Revolução vitoriosa.

Na Perestroika Estado Operário já estava debilitado pela onerosa política de sustentação econômica do bloco soviético e dos países que compunham o Pacto de Varsóvia, esse processo já vinha acumulando um débito nas contas correntes da ex-URSS e que levou a uma falência de inúmeras fabricas, a política de planejamento quinquenal no começo dos anos 80 indicava um período de recessão longo, o pacto de não agressão estimulado pela guerra fria não poderia ser sustentado pela pressão de forças politicas internas.

Nesse momento a política interna vivia um momento de ebulição, um processo lento e gradual de insatisfação tomava conta não só da população, mas de uma parte da burocracia que descontente com a perda de sua qualidade de vida, acreditava que uma abertura manteria certo prestígio e com isso seu poder se manteria inalterado. Ledo engano, deve-se compreender que a burocracia se assemelhava a um verme, que sugava do aparato estatal sua sobrevivência, logo e consequentemente, não poderia existir sem ele, com o processo de “abertura” proposto a volta ao capitalismo enterrou-a definitivamente.

Obviamente que esse debate ainda está em aberto, para alguns o processo de desestruturação fez com que agentes abastados da burocracia virassem os novos ricos, de certa forma o retorno a econômica de mercado em um país do tamanho da URSS significava um processo esquizofrênico pelo espólio do Estado Operário, temos hoje vários relatos desse processo, mas o que combina mais com a devastação econômica provocada pela destruição do Estado Operário foi e é aproveitamento dos setores que mantiveram-se próximo ao poder com acúmulos de riquezas e seu excedente foi o responsável em promover o desmonte do estado, constituindo máfias que combinadas com o poder político mantiveram sob controle boa parte dos negócios na ex-URSS, criando uma casta que permanece ainda hoje no poder.

O que nos interessa é perceber que o tiro saiu pela culatra, a burocracia não imaginava que com o fim do estado operário, seria também seu fim, pois a base econômica de sua sustentação era o excedente produzido pelo estado, que mantinha um nível diferenciado na qualidade de vida dos burocratas. Certamente que esse processo merece maior atenção e estudo, o que estamos relatando é apenas uma hipótese, construída a partir das análises do método marxista.

Contudo esse processo deve dois efeitos imediatos e contraditórios, o primeiro foi o fim dos privilégios da burocracia e o segundo foi a interpretação equivocada de vários setores da vanguarda no mundo, pois indicava que, a queda da burocracia era a chegada a hora da revolução política indicada por Trotsky que corrigiria os rumos da revolução desvirtuada de 1917.

Ainda houve uma tentativa de golpe por parte de setores da burocracia mais ligada ao PCUS, mas que foi rapidamente sufocada, devido a um elemento fundamental para esse tipo de ação, não existia um partido organizado na base da sociedade que pudesse dar respaldo para o golpe dentro do golpe, até porque a massa da população estava cansada dos privilégios da burocracia, e ansiava por melhores condições de subsistência, a luta política por democracia definitivamente não era, conforme a impressa ocidental sustentava, a prioridade da população que desde o final da década de 70 passava por várias dificuldades de abastecimento, de itens básico de alimentação a vestuário.

Contudo, foi o estopim para verdadeiros pseudos visionários, que acreditavam que com a derrota da pequena parcela da burocracia, colocavam as massas soviéticas no caminho do “bem”, da revolução política de forma natural e que era apenas esperar para que os seus resultados varressem o restante do mundo. Farsantes e insensatos, o processo de contra revolução iniciado não teria fim até o restabelecimento total do capitalismo na ex-URSS e no restante do leste europeu.

A primeira atitude desse bloco dito de esquerda foi promover manifestações em todo o mundo para apoiar a volta ao capitalismo no bloco socialista, a cada nova queda e derrota do proletariado mundial soltavam fogos e gritavam junto com imprensa global a derrocada do “stalinismo”, mas mal eles percebiam que a transformação dos antigos burocratas em novos ricos passava pelo apoio que eles indicavam em seus documentos, dando todo um aparato político e ideológico que justificassem seus atos criminosos.

Esse processo de retrocesso na luta política do proletariado mundial, a partir desses dois aspectos, a transformação da burocracia em novos ricos e da cegueira dois setores de vanguarda ditos de esquerda, provocaram um perseguição aos conceitos da revolução que só pode ser comparado a perseguição as bruxas na baixa idade média pela Igreja católica, livros foram queimados, intelectuais foram obrigados a se retratarem publicamente e dizer em alto e bom som que abandonariam as teses marxistas e Marx foi banido das academias.

De uma hora para outra todas as teses do materialismo histórico, a práxis revolucionária e os próprios conceitos de igualdade, fraternidade e liberdade virariam antônimos de Socialismo!

No meio de tudo isso temos milhares de militantes em todo o mundo, que perplexos e confusos com todo esse turbilhão de acontecimentos históricos em tão pouco tempo, em menos de 10 anos toda a história da humanidade virava uma parte de suas história, não apenas uma página, mas toda uma teoria de evolução humana ficaria rebaixada a fracassada, uma teoria que levou mais de 300 anos para ser moldada pelos setores oprimidos e explorados da sociedade.

Nada mais cômodo para os banqueiros de Wall Street e seu consenso, pois dessa maneira deixaria de investir nos contra da Nicarágua, na oposição cubana em Miami e assim por diante, pois derrotaria o cerne de seus problemas, o próprio pensamento marxista!

A pergunta que fica é como os ditos marxistas ficaram nesse processo? Bem, houve vários caminhos, entre eles a troca de nomes de partidos e de suas teses, como o PCI, o PCB e assim por diante, outros resolveram após o clímax da restauração capitalista ficar brandindo com os dentes a sorte da classe operária, como é o caso do PSTU no Brasil, e outros simplesmente criados a partir da própria crítica ao bloco soviético resolveram construir uma opção pelo seu próprio caminho, como foi o caso do PT e seu Socialismo Petista, ou mesmo Chaves na Venezuela com sua revolução bolivariana, mas no meio disso tudo ficou ainda vários militantes que descontentes com todos esses rumos resolveram se silenciar e esperar o tempo passar.

São para esse que escrevo e para uma nova geração que não teve a oportunidade de viver aquele período da história, mas que sente em sua amalgama a necessidade de ouvir o “outro lado”, mas em ambos os casos temos que reconstruir a utopia socialista em seu estado mais simbólico e anarquista, temos que aprender novamente a discordar, uma rebeldia que hoje não existe mais, um passo compreendido entre uma estrutura formal de pensamento e o inexistente, algo completamente inovador e com uma linguagem perplexa e atual, que permita construir pontes entre as forças dos nossos argumentos e a consciência latente por mudanças.


Precisamos conversar sobre o que aconteceu e como aconteceu, precisamos decifrar os diferentes códigos criados pelo capitalismo para reter toda uma geração em estereótipos imbecis e medíocres, fazer esse percurso em nossos próprios saberes é condição sine qua num, para dar vazão a todas as nossas dúvidas e fraquezas, admitir que não sabemos exatamente para onde termos que ir não é necessariamente uma falha, mas uma condição social e psicológica, de modo que uma não se resolverá sem a outra, no momento estamos mais preocupados em resolver nosso problemas mais imediatos, seja na política ou na vida pessoal, temos que compreender que as soluções só podem ser produtos de uma elaboração coletiva motivada pela crença na construção de um mundo onde nossas críticas ainda se encontram.

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Revolução no Divã – Parte I




A construção do Socialismo sempre foi e, ainda é, um longo processo de uma maturidade política de diferentes fatores. Deve-se compreender que a discussão sobre como chegaremos a ela, via reforma ou revolução sempre foi um debate acirrado, mas depois do final da década de 80 do século passado e dos primeiros anos do desmantelamento do bloco soviético, essa discussão parece que caiu por terra, não se fala mais em ruptura revolucionária!

A reforma do sistema capitalista se sobressaiu, o processo de construção de reformas nas estruturas políticas, sociais e econômicas do Capitalismo virou discurso único, salve exceção de pequenos grupelhos isolados em distantes rincões do mundo, mesmo os coletivos que mantém certo prestígio entre os trabalhadores, preferiram ficar só na propaganda e na agitação.

A distância temporal existente entre hoje e a queda do Muro de Berlim, ainda não parece ser suficiente para exames mais detalhados do que ocorreu, o que torna nosso trabalho ainda mais interessante e desafiador, se por um lado temos ainda em nossa memória os fatos que antecederam o colapso do Socialismo Real, por outro lado, temos as análises que as principais correntes “ditas” marxistas tiveram no período.

Em ambos os casos o que se percebe é que em todas as construções teóricas faltam ainda argumentos definitivos que permitam homogeneizar essa leitura, certamente que esse processo deve partir de concepções e perspectivas diferentes, mas delimitarem-se dentro do marxismo nos permite construir apenas uma breve e lógica conclusão: A derrota do Socialismo Real foi à derrota de um modelo de desenvolvimento nacional, competindo com o processo global de formação de mercados inter-regionais e na mundialização dos serviços, culminando com a substituição do modelo de gestão planificada pela concorrência de mercado, pelo fim do pleno emprego e pela contratação de mão de obra, gerando mais valia, enfim, pelo retorno do capitalismo e de todas as suas mazelas, fato!

Essa contradição entre o que ocorreu e o que ocorre hoje tem apenas um motivo de existência, é demonstrar de forma empírica a supremacia do capitalismo sobre o Socialismo, e desmistificar o processo de construção histórica e dialética do Marxismo. Falar e descrever essa dicotomia são absolutamente fáceis, mas não é o motivo de nossa dedicação, deixamos isso para os propagandistas de ambos os lados, nossa tarefa aqui é compreender como esse processo ocorreu, por que ocorreu e quais suas consequências imediatas.

Não elaborando somente um artigo, mas descrevendo em suas sínteses através do marxismo as suas diferentes etapas e constituições, mas acima de tudo apontar caminhos que permitam nessa difícil conjuntura o papel dos revolucionários, sim ainda existem e logo terão como se constituir, pois o processo de maturidade das forças objetivas e subjetivas estará mais que maduras para um novo ciclo de contestação das limitações das reformas para a necessidade de construção humana digna.

Contudo é necessário passar por um processo de readequação das nossas teorias e de nossas possibilidades, temos que aprender a pensar novamente, pois sofremos duras derrotas nos últimos 20 anos, e ainda não nos restabelecemos de forma definitiva. Precisamos assimilar os resultados da inconsequência do processo de burocratização das políticas operárias no estado soviético.

Precisamos reaprender a se constituir como agentes políticos na atual etapa histórica, participar dos fóruns em que se discutam os temas atuais, não apenas participar com a equação já respondida, mas elaborando de forma decisiva nas formulações que permitam constituir novos modelos de desenvolvimento, aproveitando assim nossas críticas a partir do método marxista.

Do mesmo modo é necessário estabelecer um fio condutor entre a teoria marxista e os movimentos de contestação existentes hoje no planeta, armá-los com a força de nossos argumentos, mas acima de tudo, apreender a compartilhar decisões e direções, pois é na base dos movimentos sociais em que se treina a complexidade da democracia operária, e somente lá que poderemos deter os interesses estranhos a evolução da sociedade humana, é o nosso principal laboratório, desenvolvendo relações humanas inovativas e solidárias.

Precisamos aprender a ensinar novamente, a construir relações formais e informações, distinguir aliados e adversários dos inimigos e sugerir desafios e sonhos, mas isso tem que primeiro acontecer no “eu” revolucionário, temos que enfrentar nossos temores, mas acima de tudo perceber que precisamos de terapia para compreender nossas ações frente ao mundo e de compreender o mundo a partir de nós mesmos.

Tivemos perdas e fomos banidos do mundo, taxadas e classificados como escória, vimos nossos sonhos serem transformados em pó, cassados e humilhados fomos renegados a marginalidade da teoria social, mas sobrevivemos, teimosos e complexos ainda insistimos em existir, pois isso está além da condição humana, somos produtos de um sociedade sem escrúpulos, não vitimados, mas conspiradores de uma nova etapa de desenvolvimento humano.


Compartilhar essa experiência de sobrevivência e aprender a conviver com isso a cada momento de nossa existência é o nosso desafio primeiro, depois têm outros, mas no momento ter a compreensão e aceitar esse processo será a primeira etapa, sua negação além de natural fará parte desse processo, depois passaremos pela assimilação e depois finalmente sua superação, mas essas etapas só terão significado se forem realizadas com as análises dos acontecimentos históricos passados e posicionamento frente aos fatos de hoje e de amanhã, de organização e atitude, mas acima de tudo de solidariedade com a luta dos explorados, eis nossos desafios, vamos à terapia!