sábado, 25 de fevereiro de 2012

O FIM DO MOVIMENTO SOLIDARIEDADE E A DEFESA INCONDICIONAL DA PREFEITURA DE SANTA LUZIA!



            Desde o fim das eleições em 2008, e com o PT na figura da companheira Ana Julia, governando o Estado, me deparei com a seguinte situação: vários companheiros da AS (Articulação Socialista) que apoiaram o companheiro Eliezer Rego a vereador, e que de certa forma não foram contemplados nos planos da AS após as eleições, dentre eles o companheiro Rogério Corrêa, na qual dedico minhas mais sinceras homenagens e sei da luta desse companheiro e digo, com certo orgulho, que nesses anos não só nos tornamos companheiros, como amigos, sei de seu profissionalismo, da sua garra, e da sua capacidade de articulação e organização, certamente um dos meus referenciais hoje em internet e redes sociais.
            Prosseguindo tínhamos a convicção que os “espaços” estavam já loteados e que era necessária rever nossas posições políticas, desde a minha chegada de Brasília, em março de 2007, tentei uma aproximação com a Unidade na Luta, cheguei mesmo a falar com o companheiro Paulo Rocha em Brasília, nos corredores do anexo 4, quase em frente a seu futuro gabinete, guardo ainda hoje suas sábias palavras. Contudo, me atrevi e voltei para Belém, sentir certo desconforto com o clima e a recepção de alguns companheiros “novos” no partido, que me viam e ainda hoje me vêem ressabiados, digo isso em solidariedade ao companheiro Claudio Puty, em outra oportunidade falei diretamente a ele, mas quero dizer aqui em alto e bom som: Sou do Pará, sou do PT e aqui construir minha história e toda  minha formação política no movimento estudantil, tenho orgulho disso, mas sei que não posso viver só das glórias do passado e nem ser eternamente uma promessa não realizada.
Tenho aqui minhas raízes e origens, que vão mais além do próprio PT, minhas origens em Bujaru, com certo orgulho de ser um Oliveira Bastos, ou mesmo em Muaná, sendo da família Magno, de um lado ao outro minha família mantenho laços com o movimento Cabano, e hoje com esse material coletado e sendo pesquisado percebo que minhas ações nada mais são que um reflexo profundo das minhas origens familiares.
            Mas assim como eu existem vários netos e bisnetos que ainda não desistiram de continuar os sonhos de seus antepassados, nobres de sangue azul nunca fomos, mas nobres em ações e participação na vida política do meu Estado, sim, trago nas minhas veias essa tradição, talvez hoje de forma mais conseqüente e com certeza mais a esquerda, força da metodologia marxista.
            Enfim, no final de 2008, depois de ter elaborado diversos projetos, a Prefeitura de Capanema, na administração do PT me chamava para executar um projeto de qualificação de jovens, via Secretaria de Assistência Social, com a valorosa Dona Palmira, nesse momento negociamos diretamente com o companheiro Nonato Guimarães (ex-deputado estadual e ex-presidente do PT estadual) a execução, solícito, ajudou no que pode, desde esse momento construímos uma relação de respeito e de ajuda mútua, sua casa em Capanema se transformará nos próximos anos um local freqüente de reuniões e encontros.
            Após, a execução do projeto que contemplou 220 jovens em 11 cursos, em quase 45 dias de curso, tínhamos terminado um ciclo, quero agradecer a Dona Palmira que foi incansável em seus préstimos e ao companheiro Alan Amorim por suas preciosas contribuições.
            No final do processo eleitoral e reeleito o prefeito Louro em Santa Luzia (antigo quilometro 47 da Belém-Maranhão), tive novamente contato com o companheiro Nonato Guimarães na qual ele propunha que executassem os cursos em Santa Luzia, a partir mesmo da experiência de Capanema, mas com outra vertente, a da capacidade de mobilizadores sociais, a partir da constituição de cooperativas de crédito e de trabalho, em síntese o curso se dividiria em duas partes, a primeira seria qualificar uma equipe para serem os facilitadores, nesse ínterim obtive a ajuda e parceria do companheiro Juvenal que acompanhou todo o trabalho, para não fugir a regra quero dizer que o companheiro de Santarém é um daqueles raros amigos que constroem sua relação pessoal a partir do mais sincero sorriso e da mais apaixonada dedicação, obrigado companheiro.
             A segunda etapa consistiria na preparação das pessoas para formação das cooperativas, já com a ação dos facilitadores, e assim teríamos a possibilidade de construção de uma agenda com participação popular e na perspectiva da construção de um pólo de econômica solidaria no município, para construir uma alternativa de desenvolvimento econômica para a região, com uma vocação agropecuária.
            Foi em uma tarde de dezembro que começamos a discutir a construção de uma alternativa para quebrar o isolamento político que a prefeitura de Santa Luzia atravessava, afastada da AS, desde o final das eleições os companheiros decidiram trilhar um rumo que pudesse por um lado, aproximar o Governo do Estado da administração do Prefeito Louro, e por outro, se constituir a partir das experiências da economia solidária em um grupamento político e teórico que pudessem transcrever essa experiência em um marco teórico e conceitual, em ambos o casos a idéia sempre me pareceu fascinante.
            Começávamos nossa empreitada para construir o Solidariedade e em fevereiro de 2009, na cidade de Irituia (PA) lançamos nosso manifesto, com a presença de quase 80 companheiros distribuídos em mais de 14 municípios, em sua síntese o Movimento Solidariedade se constituía para se tornar um movimento por dentro do PT e que pudesse ser um elo entre o partido e a necessidade de reconstruir a utopia socialista a partir de um novo elemento a solidariedade, trazendo para o PT elementos profundamente humanista de construção partidária, mas acima de tudo com o desafio de ser tornar um corrente de pensamento dentro e fora do PT.
            Após nossa reunião em Irituia tiramos uma coordenação política e eu logo participaria dessa primeira coordenação, nossa primeira tarefa foi tentar uma aproximação com o CNB, que no estado era composto por três grandes tendências a Unidade na Luta, o PT Pra Valer e a AS, lembro de termos participado como convidados de um seminário no Hotel Beira Rio, e nessa tentativa tivemos problemas com os companheiros da AS, que desavisadamente não tolerava nossa participação no debate, em contrapartida a companheira do PT Pra Valer nos viam como aliados em potencial, e a Unidade na Luta que não mostrou nenhum interesse no debate, recordo-me do companheiro Paulo Rocha em seu discurso saudar as correntes, menos o Movimento Solidariedade, confesso que fiquei decepcionado com o companheiro e fui depois de sua fala conversar com ele, apreensivo fui ao seu encontro e com um ar de cobrança fui incisivo, “esqueceu de falar do Movimento Solidariedade!”, e ele com a calma que lhe é peculiar disse, “não esqueci, mas o movimento não é um tendência”, palavras essas que ecoaram como um previsão, talvez naquele momento ele estive certo, mas hoje o entendo e percebo que se ele foi justo na crítica, foi ruim na forma, mas enfim, o Solidariedade se encontrava como começou o encontro fora do Campo Majoritário!
            Estava dada a tarefa de romper o cerco, a prefeitura precisava urgentemente dos repasses para começar o segundo governo com o pé no acelerador, nossa ida para o CNB estava sendo impedida pela AS, defendida pelo PT Pra Valer e contava com a omissão da Unidade, sequer fomos convidados para o conselho político, foi quando em uma reunião que decidimos fazer contato com a Democracia Socialista, e eu fui o nome indicado pelos companheiros para fazer essa aproximação, aceitei a tarefa e começamos assim a construir o caminho do Movimento Solidariedade com o núcleo de governo.
            Nesse período conseguir falar com o companheiro Rolando Noronha, conhecido de longa data, dos tempos de movimento estudantil na Universidade, já tínhamos trilhado alguns caminhos conjuntamente, sempre com respeito e companheirismo, tivemos uma primeira conversa, logo após marquei um ida do Nonato e do Gedson para falar com o Rolando e assim começava nossa jornada ao Palácio de Governo.
            Depois desse encontro marcamos um domingo para falar com o Puty, no sábado tinha chegado a Belém o Nonato e o Gedson, ficamos esperando o telefonema do Rolando o dia inteiro, quando chegou por volta das 16:00 horas fomos avisados que iríamos reunir naquele dia e fomos para a casa do companheiro Puty, eu, Nonato e o Gedson. Nessa reunião ficou acertado nossa entrada no governo, a relação com a prefeitura seria revista e priorizada e saímos de lá com uma reunião marcada em Brasília com a direção nacional da DS e da Mensagem ao Partido, na mesma semana estava embarcando só para Brasília para realizar essa conversar com o companheiro Soriano.
            Após a conversa marcamos uma data para que pudessem vir a Brasília o companheiro Nonato e o prefeito Louro, que aconteceria algumas semanas depois, oficializando nossa entrada na Mensagem ao Partido.
            Por aqui no estado nossa relação com a DS teria seu primeiro batismo de fogo o PED! Se me permitem vou pular essa parte da história, o que é importante destacar é que a partir do PED estava clara a estratégia da DS aos demais grupamentos da Mensagem no estado: a pura e simples cooptação! Eis que nesse momento não pude ficar passivo, fui questionar a estratégia adotada pelo coletivo em relação a DS, questionei o seguidismo desnecessário e fui além, achava que tínhamos que construir uma relação diferenciada, graças a isso no processo eleitoral conseguimos manter o pé no chão, logo, fechamos um acordo com o PT Pra Valer para apoiar o dep. Ganzer, novamente estava eu, o Nonato e o Gedson na conversa com o Valdir e o Apolônio, apoiamos para deputado federal o Puty, mas isso permitiria construir laços que pudessem nos aproximar do campo por um lado e por outro manter nosso acordo com a DS e com a Mensagem ao Partido.
Hoje, com mais calma acredito que tenha sido um erro não lançarmos candidato para deputado estadual, lembro-me que questionei isso em uma dada reunião em Castanhal, mas cumprimos nossos acordos e fomos para a campanha, em Santa Luzia e Capanema chegamos a realiza uma ida do Puty e do Ganzer juntos, de tantas outras posteriores, para selar o acordo.
Selado os acordos fomos caminhando para nossas tarefas diárias, o Movimento Solidariedade, após o PED indicou meu nome para compor o Diretório Estadual e prosseguíamos a vida, nesse período, fiquei mais em Belém, na Casa Civil. Contudo, nem tudo foram flores, o processo eleitoral indica um caminho sem volta, a perda do governo estava a caminho e sabemos o resultado hoje.
Em todo caso, o Movimento Solidariedade tinha perdido já no processo eleitoral seu objetivo organizacional, não reuníamos mais, sob a tutela do companheiro Nonato Guimarães, e sua ida para Ipixuna, e com crises constantes na gestão em Santa Luzia não conseguíamos mais voltar ao ponto de partida, e logo após a derrota eleitoral em 2010 e com a primeira reunião do PT estadual no início do ano seguinte (2011) fui surpreendido no dia da reunião com a notícia que não pertencia mais ao diretório do PT, que no dia anterior, por volta das 18 horas tinha sido afastado do diretório por um ofício assinado pelo Nonato, que me substituía, e ai questionar o fato fui avisado que tinha surgidos boatos que eu estava no PT Pra Valer.
Enfim, passado um ano desse evento percebo que a DS agira não somente de forma torpe, mas a calunia foi a arma utilizada, o hoje vendo que os coletivos como o 13 Socialista e que se organizava em torno do companheiro Arroyo foram cooptados para as fileiras da DS, percebo que a estratégia seria a mesma com o Movimento Solidariedade e que eu, com a minha postura e decisão política, jamais permitiria, logo o meu afastamento seria uma etapa necessária.
Fiquei aguardando o ano de 2011 para ver os desdobramentos, pensei que o Movimento Solidariedade pudesse sobreviver e que a linha política adotada na prefeitura de Santa Luzia pudessem dar rumo aos companheiros, percebo agora, com muita calma que isso era apenas um desejo, o que de fato ocorreu foi um ataque a gestão do companheiro Loro, vindo dos mais diversos cantos, e que o Movimento Solidariedade não estava mais preparado para dar suporte político para a prefeitura, os acontecimentos são a prova cabal desse diagnóstico.
Hoje encerro o ciclo, para mim o Movimento Solidariedade esta acabado em seu sentido político, nada tem mais a acrescentar, não faço mais parte de suas fileiras, esperei um ano completo para escrever essas linhas, em respeito aos companheiros que ainda acreditam no Movimento Solidariedade, mas vou prosseguir e chamo esses valorosos companheiros a caminharem comigo uma vez mais para dar sentido a nossa luta pelo socialismo e pela defesa incondicional do Prefeito Louro e de sua gestão democrática e popular a frente da prefeitura de Santa Luzia!
O futuro deverá ser a construção dos nossos sonhos!
Viva  o Socialismo com Solidariedade!


Marcelo Bastos
Belém, 25 de fevereiro de 2012