quinta-feira, 30 de julho de 2015

"UMA NOVA LIDERANÇA É POSSÍVEL

Publico agora um artigo escrito pelo professor Caito Aragão, que discute se é possível o surgimento de uma nova liderança política dentro da esquerda e, mais precisamente dentro do PT, 


Diógenes Brandão - Ativista Digital e Editor do Blog "As Falas da Pólis"

A brilhante entrevista do ativista virtual Diógenes Brandão a rede de televisão local, na semana passada, coloca uma incógnita na cabeça da velha guarda da militância de esquerda: estará surgindo uma nova liderança no cenário político municipal? 

Brandão é um antigo militante social, mas sempre atuou nos bastidores das lutas sociais, em especial, no apoio aos movimentos popular e estudantil, assim como no crescimento e no fortalecimento do Partido dos Trabalhadores(PT). Porém, a partir da última década tem potencializado sua atuação na gestão e no monitoramento de uma das ferramentas mais poderosas do mundo e que tem arrebatado milhões de seguidores: as redes sociais, na internet. 

Todos sabem do efeito fulminante e instantâneo desse instrumento na vida das pessoas. Se alguém que expõe sua imagem cotidianamente nessa mídia, adquire notoriedade da noite para o dia, imagine quem detém o controle, a gestão e a liderança sobre essa máquina virtual e, agora, ocupa espaço na mídia tradicional (TV aberta)? 

Qualquer ser humano pode se tornar um "ciborgue virtual e real". É o que pode estar ocorrendo com o militante Diógenes. Com o poder de influenciar e "fazer" cabeças já feitas, de remover e adicionar em grupos virtuais pessoas, líderes políticos e até possíveis candidatos a qualquer cargo institucional, Brandão desponta como uma nova liderança num espaço político ocupado, secularmente, pelas mesmas "caras" da política local. 

E a pergunta que não quer calar e continua no ar é: está surgindo um novo nome nesse escaço território político-eleitoral? Será uma luz no fim do túnel para um cargo proporcional ou um vice majoritário para 2016? E qual será o seu papel no futuro? Quem sobreviver até lá, verá...

Caito Aragão

domingo, 26 de julho de 2015

De onde vem a sombra




De onde vem a sombra
para onde ela leva o olhar
E a luz que vai e não sobra
e a percepção indo para o mar

Forma-se, forma em forma
De troncos respiram galhos
Que levitam e trazem gestos
Que constrói e alimenta

Que a forma se transforme
Que a luz apareça
Que o amor aconteça

Que a sombra disforme
Na sutiliza do olhar
Traga de volta, a beleza!

sábado, 25 de julho de 2015

Candidato em Belém para que PT?

Muitas teses estão prontas na cabeça e, pior, no coração daqueles que já começam a tramar contra o PT, tipo fogo amigo, sabe aqueles que durante o dia deveriam tomar conta do partido, a noite se rendem aos encantos de uma canção de sereia, contudo, ainda há esperanças.


Temos que colocar nosso tijolo nesse muro!


Por que cargas d’água o PT não pode lançar nome para a disputa municipal do ano que vem em Belém?

Vamos aos fatos, em 2008 ficamos em terceiro, com a brava campanha do companheiro Mario Cardoso, em 2012, com o Alfredo tivemos um resultado ainda pior, e nesse meio tempo o clima para nosso lado (sim os petistas têm um lado) pesadas acusações, manifestações, críticas na Copa do Mundo, afinal pior que o resultado da seleção o PT não podia ficar, devemos muito ao time da Alemanha, mas enfim, foi em 2014 que reelegemos uma mulher pela primeira vez no Brasil, mesmo não somando grandes quantidades de votos nos proporcionais, e com isso tivemos uma quebra em nossa bancada federal.

Aqui no Pará não foi diferente, em 2014 estivemos no 2º turno apoiando o candidato do PMDB, mas não foi dessa vez, perdemos novamente, e obtivemos o pior resultado de deputados federais e estaduais eleitos em anos, repetimos o pífio resultado de 2012 em Belém.

Mas será que o processo eleitoral é somente número?

Não devemos acreditar nisso, há um processo maior, um processo como diria, educativo das massas, suas experiências com o PT se por um lado foi significativo, por outro não conseguimos dar continuidade, por exemplo, em Belém a experiência se chama Edmilson, que na época não era do PSOL, era do PT, portanto a “experiência” e a gestão estavam sob a tutela de nosso partido.

Contudo, nem tudo são flores, no período tive-se a oportunidade de governar o Estado, e o resultado desse processo não foi e nem é satisfatório, deveríamos pelo menos ter errado diferente, todo respeito que temos pela companheira Ana Júlia, nós erramos e estamos pagando o preço desses equívocos até agora, houve avanços sim, mas poucos que pudessem construir elementos que permitissem um fôlego maior para sua gestão e, conseqüentemente, do próprio PT.

Enfim, se o processo eleitoral é uma leitura da opinião conjuntural da maioria da população, e esse mesmo processo é educativo, qual é a outra marcante característica que devemos compreender dele?

Ele é o reflexo da luta política na sociedade! Parece ser uma questão óbvia, mas invariavelmente não o é, posto que as relações políticas nem sempre são resolvidas de uma maneira definitiva, com o fim do confronto ou do conflito pelo esgotamento de uma das partes, mas sim pela assertiva negociação de posições e de estratégias do jogo, o que invariavelmente nos coloca sempre em campos adversários, afinal não se pode negar a maestria dos nossos adversários nessa campo, estúpidos somos nós que ainda não aprendemos a joga esse jogo.

Aprendemos a ganhar eleições, sabemos governar melhor que ninguém, mas não sabemos construir uma gestão que possa se erguer majestosa para continuar com o projeto político, como o PT Nacional faz em relação a eleição presidencial, e vemos isso aqui de uma maneira simples e direta, governo do Estado e diversas prefeituras foram perdidos, e temos claro, alguns sucessos que ficarão para outra análise.

Contudo, esses três fatores combinados permitem ter uma perspectiva maior do processo eleitoral e como nós podemos discernir sobre o que devemos ou não fazer para se construir como alternativa de poder em Belém.

Ficamos preocupados quando descobrimos que nossos dirigentes, antes mesmo, de um debate mais profundo nas fileiras do partido começam discutir os bastidores de poder com as diferentes vanguardas e com os caciques já institucionalizados de poder, mas preocupante ainda é ver essa prática ser rotina dentro do PT, o que nos causa profunda comoção, ainda somos um partido militante, mesmo a mais desafiadora conjuntura nos coloca a questão de continuarmos nossa luta, e olha que já tivemos tantas e mesmo de forma capenga ainda estamos nos movimentos sociais, no sindical, na luta no campo, no estudantil e agora na internet.

Devemos compreender que o momento conjuntural não é do recuo, mas sim de reflexão, o momento não é de abaixar a cabeça, mas soerguê-la alto e caminhar com os olhos firmes, temos anos de história e o equívocos de poucos não podem tirar nosso orgulho de ser do PT.

Sim erramos e certamente vamos continuar a errar muito, mas isso só será problema se não aprendermos com os nossos próprios erros, e uma eleição de dois turnos não podemos ter candidato?

O problema é dinheiro para campanha? Quantas vezes já fomos para rua sem dinheiro, isso talvez resgate nosso mais verdadeiro petismo e traga para nossas fileiras novos sonhadores com uma sociedade mais justa!

O problema são os nomes apresentados? Até agora temos alguns nomes, entre eles O deputado estadual Bordalo, o ex-deputado Puty, o professor Alfredo Costa, enfim, são todos bons nomes, só acreditamos que o debate deve ser necessário para evitar prévias, e o nome sair em consenso.

O problema para não termos candidato é a conjuntura? Sim, estamos mesmo em um momento de grave crise econômica, de diminuição da demanda agregada, de recessão, de medidas impopulares, mesmo algumas seria motivo de revolta mesmo dentro do PT, mas é o preço que se paga por termos responsabilidade, o que não podemos fazer é deixar correr solto, afinal temos uma grande parcela de culpa pelos avanços que conquistamos nos últimos 14 anos, e ainda temos o compromisso com o futuro desse país.

Que o PMDB vem com seu candidato, que o PSOL venha com seu candidato, o que não podemos é fazer esse falso debate, de com que vamos querer companhia ano que vem, como se fossemos uma bela donzela e dois jovens pretendentes, cada um com seus encantos, oferecessem presentes.

Égua estamos falando de política, tanto o PMDB têm profundas divergências com a gente, mesmo estando na coalizão que governa o país hoje, eles são apenas sanguessugas estatais, sempre estiveram no poder, desde o fim da ditadura militar, seja no governo do PT ou do PSDB, eles sobrevivem com vermes que se sustentam da burocracia e do lucro de acordos, disso já sabíamos e convivemos com eles esses anos todos, e nem sequer aprendemos com eles como se faz isso, se é que devemos aprender!

O PSOL certamente não aprovará uma coligação com o PT na vice, as relações internas eles estão divididos, os que têm mandato parlamentar e os que não detêm, a tendência é que essa briga seja caudilhesca, afinal, Edmilson não gosta de perde em nada, e isso deixará o PSOL ainda mais debilidade para uma corrida municipal, logo, por mais que o Ed, consiga se tornar a primeira opção da esquerda na cidade, ele não terá fôlego, mesmo com o PT a tira colo, pois essa contradição das suas posturas no Congresso Nacional, de ser oposição taxativa ao Governo do PT, e aqui virar simplesmente aliado no processo eleitoral, ou ele muda em relação com o Governo Central, ou o PSOL aqui se tornará o seu próximo Vietnã.

É companheiros e companheiras temos um cenário difícil de ser enfrentado aos longo dos próximos meses, mas o que devemos fazer?

Devemos nos unir em torno de um nome já!

Devemos começar a reconstruir nossa relação mais próxima com essa cidade, e com isso significa? Fazer foco de guerrilha contra a atual gestão, canalizar todas as nossas forças em debates, seminários e ações de manifestação pública contra a prefeitura e o governo do Estado, divulgando e usando a internet para ser nosso canal de comunicação.

Devemos ser criativos na construção de nossas imagens e reflexões, mas também devemos compreender que para voltar a governa Belém se tem que dar algo mais, que somente o ativista social militante do PT teve nessa história depois da redemocratização.

Mas acima de tudo devemos ser petistas, e construir nosso partido com o mesmo orgulho que sempre nos motivou a ficar na luta, não precisamos de novos sonhos, ainda temos os nossos, não precisamos de novas utopias, ainda temos as nossas, mas precisamos redescobrir o curso para estar ao lado das lutas de nosso povo e de nossa cidade.

Não há argumento que possa nos comover de temos um candidato próprio, do PT, a sucessão municipal do ano que vem, resta-nos apenas construir essa alternativa, vamos a luta!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O dia que parei de acreditar em Deus!

Era um dia de sol, naquela sexta cheguei logo cedo da escola, afinal era sexta, e finalizamos as aula com uma partida de futebol, no campinho em frente a Escola Municipal Placidia Cardoso, no Jurunas, nessa época morávamos na Timbiras, não sei ao certo se com Breves ou outra, mas era ali nas proximidades, lembro bem dessa infância no Jurunas, meu bairro, o Rancho Não Posso Me Amofina, a pesca de peixes nas valas, sim era possível pegar peixes nas valas no Jurunas na década de 70 do século passado, mas enfim, cheguei em casa cheio de expectativas por conta do final de semana na rua de casa.

Nós construímos nossos próprios deuses!

Ao abrir a porta da cozinha, sempre entrava por trás, a casa era enorme, e a porta da sala sempre estava trancada, que era para obrigar os moleques da casa (no caso só era eu!) entrar pela cozinha, pois a casa estava sempre bem encerrada e refletia a nossa imagem, era toda de madeira, mas tinha duas salas grandes, três quartos, e uma cozinha maior que toda a sala, o que me deixava mais feliz era o fato do banheiro ser dentro de casa, não muito comum para época, principalmente em nosso bairro. Mas como eu dizia, entrei pelos fundos, e dei logo de cara com minha falecida avó materna, a Dona Maria.

De cara já imaginei que ela vinha passar o fim de semana com a gente, não sei se ela ia passar fim de semana com algum outro filho, desconfio muito dela, mesmo ela já morta, acredito que ela fazia isso apenas para me atazanar a vida, ela á época simplesmente não tinha razão de viver, apenas um! Transformar minha vida em um inferno, não me lembro dela fazer isso com outros netos, nem mesmo com meus irmãos mais velhos, mas ela passava o dia me perseguindo, me trancando em casa, e por ai vai.

Mas o pior era a noite, lembro que apesar de ser traquino e muito levado, eu era simplesmente o menino mais medroso do mundo, e meus irmão sempre davam um jeito de me assustar mais e mais, e aquela época então, nem se fale, tinha os chupa-chupa andando por Colares e o Jurunas ali tão perto, ouvíamos história que eles pela frestas das casas de madeiras chupavam nosso sangue, e segue.

Enfim, não sei por que cargas d água a minha avó tinha que dormir em minha cama, era sempre a mesma ladainha, e lá vai o Marcelo sozinho ir dormir no escuro na sala grande, e as escápulas ficavam a menos de dois metros da porta da frente, que eu nunca cruzava, e o chão brilhava a noite, e as vezes mesmo no escuro eu via meu reflexo no chão, e quando chovia, nossa! Era um Deus nos acuda, chorava a noite inteira, e ninguém nem ai pra mim! Depois de um tempo eu cansava e dormia sossegado até o raiar do dia, algumas vezes cheguei mesmo a passar a noite toda com medo e sem dormir, mas era raro, o que era mais comum era eu acorda cedo e esperar o dia amanhecer para sair daquele circo de terror que era dormir na sala.

Pois isso não gostava das visitas nos fins de semana da minha avó, até que um belo dia ela tava lá e eu sabia que a sala seria meu destino, nesse dia eu tentei argumentar, falei da necessidade de divisão dessa tarefa, por que toda vez seria eu que iria para sala, e percebi que minha avó com o canto dos olhos sorria vendo meu desespero, não a culpo deve ter sido mesmo divertido aqueles dias para ela, hoje eu a compreendo mais e estive perto dela nos últimos momentos de vida dela, mas aquela primeira noite foi decisivo para mim em todos os sentidos.

Nessa noite, fui para rede depois que meu pai brigou comigo, já era tarde e eu ainda estava com a TV ligada, na verdade dormir com ela ligada, tentando prolongar minha ida para rede, mas cabisbaixo fui para rede na sala, minha sala de tortura, no meu mais completo e repleto tormento, segui a rotina fui rezar e continue a rezar a noite toda, as vezes parava e chorava, e depois voltava a rezar, e depois voltava a chorar e assim foi a noite toda, no dia seguinte, foi normal brinquei o dia inteiro, e lá estava eu de novo na frente da TV dormindo, bem nessa altura do campeonato vocês já sabem como foi minha noite.

Ah, mas aquela noite foi diferente, segui resignado para meus martírios, como se caminhasse como um cordeiro para o abate, Hannah Arendt, descreveu situação semelhante ao escrever para o New York Time sobre o julgamento de Eichmann em Jerusalém, onde ela descrevia que os judeus estavam tão derrotados que caminhavam como carneiro para o matadouro, enfim, assim eu estava, mas naquela noite eu falei serio com Deus disse que não aceitaria outra noite daquelas sem resposta, e que o silêncio dele significaria sua morte, e que naquele momento eu abriria mão da vida de medo e receio que eu levava até aquele momento, e fiquei esperando ele, mas quando veio o primeiro bocejo, chega estava esgotado o prazo final para ele falar e depois disso renasci.

O menino cheio de medos ressurgiu como o homem sem medo, motivado pela luta social, uma luta contra todas as injustiças do mundo, e pensada a partir de uma compreensão materialista histórica e dialética, o marxismo foi apenas um passo necessário a seguir, mas isso é outra história.