domingo, 20 de janeiro de 2013

Os desafios do Socialismo e o “eu” revolucionário.




O processo de construção do Socialismo em nossa época assume desafios diferentes do século passado, ainda mais se analisarmos os efeitos do fim do bloco soviéticos. Contudo, já falamos sobre isso nos artigos anteriores, o que cabe agora é a análise de como esse processo afetou diretamente a vida dos militantes honestos no decorrer do processo de restauração do capitalismo e de sua suposta primazia. Obviamente que dependendo da região e da própria condição de desenvolvimento econômico e social, esse tipo de reação individual foi diferente, mas, nos arriscamos em divulgar que a sensação de derrota, de frustação e fuga são constantes nas diversas individualidades existentes.

Não existe um tipo especifico de tratamento para cada ser revolucionário, mas o resgate desse componente fundamental para a construção da “inteligência” da revolução significa um passo importante na recuperação de agentes capacitados e já com algum tipo de treinamento organizacional necessários para o start de uma nova onda de organização. Não se pode compreender um vácuo entre o final de década de 80 do século passado aos dias atuais, nesse meio tempo não foi formado uma geração com debates e ações militantes e não podemos nos dar ao luxo de perder esse tipo de militante que leva anos para ser produzidos no calor da luta!

Estabelecer não somente uma identidade de classe, como por exemplo, a busca por uma vanguarda dentro do seio da classe operária, ou mesmo, na transferência de setores médios para situações onde possa se inserir na luta, esses dois movimentos tão praticados pela esquerda revolucionária não surtiu os efeitos desejados, em sua maioria causando maiores frustrações, não adaptabilidade e fundamentalmente criando obstáculos a inserção das ideias marxistas no seio do operariado.

Compreender que o desenvolvimento desigual e combinado pode ser levado a cabo para resolução de dois cruciais problemas para o desenvolvimento da luta política de nossa época e assimilar os principais ensinamentos do marxismo moderno. Obviamente que esse entendimento é produto direto de uma construção histórica, não se pode perceber o desenvolvimento da própria etapa histórica sem a devida observância de alguns elementos que os distinguem das anteriores e consequentemente das futuras etapas.

Essa relação dialética representa bem mais que o simples entendimento das correlações de forças, mas exprime toda uma percepção da realidade e conjuntura que podemos debater.  Para alguns que não assimilam o método marxista esse processo pode ser doloroso e por muitas vezes arriscado, mas a medida que as devidas ligações mentais possam ser combinadas com determinados indícios de processos separados e distintos em diferentes localidades dão um percepção da intenção dos agendes do capital em todo o mundo.

A possibilidade que a atual etapa de construção das forças produtivas indica um movimento desafiador ao processo especulativo de capitais, principalmente movido pela existência da China, que mesmo participando do jogo, não joga limpo, pelos ditames do capital, não é exatamente o que os lobistas do capital possam querer. Na China nem sempre o querer desses senhores são levados a cabo, contudo, não podemos subestimar o processo vitorioso de transformar os mercados regionais em globais, com a submissão do antigo bloco soviético, a vitória do capitalismo nesse embate temporal mostra como as cíclicas podem ser maiores ou menores a partir da inconsequência da resistência, ou seja, da luta politica no seio da sociedade divida em classes.

Voltando a questão o desenvolvimento anterior das forças produtivas indica que os mecanismos de dominação passaram necessariamente por crises, não somente financeiras, mas fundamentalmente sociais, e nesses espaços a possibilidade de levantar questionamentos e construir organizações para o embate, não quero aqui decretar o fim do refluxo do movimento revolucionário mundial, estamos distante disso, em outros artigos já comentávamos que estamos vivendo um período de ‘claro’ obscurantismo.

A voltar de momentos de transição entre um período de crise menor ou maior, abre possibilidades de contestação, o que permite ao movimento revolucionário pactuar suas ações com política de frente única, com a clara observância da relação entre as políticas adotadas e linha de ação objetiva, ou seja, teoria e prática devem permanecer coladas sem a mínima brecha de vacilação, pois somente assim poderemos soerguer uma nova moral revolucionária, tão necessária para combater a moral burguesa.

A forma como as organizações devem tomar dependerá de cada situação e em cada país, mas os vetores ou palavras de ordem, não podem ficar desconexos das premissas de luta conspirativa, exaltando a falência do Estado e de como os principais aspectos da vida humana estão se deteriorando cada vez mais, mas isso ainda é muito amplo e complexo, a teoria que constituíra o próximo programa de transição deverá ainda ser discutido, o que temos que fazer nesse momento é criar as condições objetivas e subjetivas para que isso possa acontecer.

A combinação da luta política, com a elaboração coletiva desse programa deve estar combinada com alguns modelos de organização, o primeiro logicamente é a do partido, depois inserir-se nos movimentos sociais e por fim, a construção de um laboratório onde podermos infiltrar na célula mater da sociedade, ou seja, na própria família, esse processo é bem mais demorado, mas as falhas que ocorreram com os modelos até então existentes nós permitem acreditar que podem ser uma falha no processo subjetivo da construção do Socialismo.

De que forma isso acontecerá ainda é algo a ser pensado, mas metodologicamente deve partir de uma pesquisa ação, logo temos que nós inserir em pequenos grupos familiares, que permitam uma rápida absorção das nossas crenças insurretas a partir desse ponto, haverá uma ampliação natural no processo de construção do ideal socialista, de pai para filho, de filho para filhos, de famílias, de vizinhos em um movimento lento e gradual, as organizações devem investir metade de suas forças políticas, organizativas e humanas nesse processo, do mesmo modo como a luta tradicional.

O Objetivo é a construção de um “gene revolucionário”, não podemos mais nos dar ao luxo de não fazer esse tipo de combate, pois a muito os poderosos de plantão vem talhando o corpo e a mente dos explorados, temos que fazer o movimento inverso, mas as forças de organização serão melhor trabalhadas individualmente em artigos futuros.


O “eu” revolucionário só existirá se compreender essa dinâmica proposta, que em síntese é o resgate de uma geração de militantes honestos com a luta política e com a defesa intransigente do socialismo, vincula-los aos temas e debates modernos com o nosso linguajar e com nossas propostas, e organiza-los em partidos e movimentos sociais, além de levar a cabo um luta silenciosa, somente a combinação desses elementos podem decodificar nossas anseias e com isso fazer esse resgate dos velhos e novos dirigentes comunistas.

0 comentários: