O processo de construção do
Socialismo em nossa época assume desafios diferentes do século passado, ainda
mais se analisarmos os efeitos do fim do bloco soviéticos. Contudo, já falamos sobre
isso nos artigos anteriores, o que cabe agora é a análise de como esse processo
afetou diretamente a vida dos militantes honestos no decorrer do processo de
restauração do capitalismo e de sua suposta primazia. Obviamente que dependendo
da região e da própria condição de desenvolvimento econômico e social, esse
tipo de reação individual foi diferente, mas, nos arriscamos em divulgar que a
sensação de derrota, de frustação e fuga são constantes nas diversas
individualidades existentes.
Não existe um tipo especifico de
tratamento para cada ser revolucionário, mas o resgate desse componente
fundamental para a construção da “inteligência” da revolução significa um passo
importante na recuperação de agentes capacitados e já com algum tipo de
treinamento organizacional necessários para o start de uma nova onda de organização. Não se pode compreender um
vácuo entre o final de década de 80 do século passado aos dias atuais, nesse
meio tempo não foi formado uma geração com debates e ações militantes e não
podemos nos dar ao luxo de perder esse tipo de militante que leva anos para ser
produzidos no calor da luta!
Estabelecer não somente uma
identidade de classe, como por exemplo, a busca por uma vanguarda dentro do
seio da classe operária, ou mesmo, na transferência de setores médios para
situações onde possa se inserir na luta, esses dois movimentos tão praticados
pela esquerda revolucionária não surtiu os efeitos desejados, em sua maioria
causando maiores frustrações, não adaptabilidade e fundamentalmente criando
obstáculos a inserção das ideias marxistas no seio do operariado.
Compreender que o desenvolvimento
desigual e combinado pode ser levado a cabo para resolução de dois cruciais
problemas para o desenvolvimento da luta política de nossa época e assimilar os
principais ensinamentos do marxismo moderno. Obviamente que esse entendimento é
produto direto de uma construção histórica, não se pode perceber o
desenvolvimento da própria etapa histórica sem a devida observância de alguns
elementos que os distinguem das anteriores e consequentemente das futuras
etapas.
Essa relação dialética representa
bem mais que o simples entendimento das correlações de forças, mas exprime toda
uma percepção da realidade e conjuntura que podemos debater. Para alguns que não assimilam o método
marxista esse processo pode ser doloroso e por muitas vezes arriscado, mas a
medida que as devidas ligações mentais possam ser combinadas com determinados
indícios de processos separados e distintos em diferentes localidades dão um
percepção da intenção dos agendes do capital em todo o mundo.
A possibilidade que a atual etapa
de construção das forças produtivas indica um movimento desafiador ao processo
especulativo de capitais, principalmente movido pela existência da China, que
mesmo participando do jogo, não joga limpo, pelos ditames do capital, não é
exatamente o que os lobistas do capital possam querer. Na China nem sempre o
querer desses senhores são levados a cabo, contudo, não podemos subestimar o
processo vitorioso de transformar os mercados regionais em globais, com a
submissão do antigo bloco soviético, a vitória do capitalismo nesse embate
temporal mostra como as cíclicas podem ser maiores ou menores a partir da inconsequência
da resistência, ou seja, da luta politica no seio da sociedade divida em
classes.
Voltando a questão o
desenvolvimento anterior das forças produtivas indica que os mecanismos de dominação
passaram necessariamente por crises, não somente financeiras, mas
fundamentalmente sociais, e nesses espaços a possibilidade de levantar
questionamentos e construir organizações para o embate, não quero aqui decretar
o fim do refluxo do movimento revolucionário mundial, estamos distante disso,
em outros artigos já comentávamos que estamos vivendo um período de ‘claro’ obscurantismo.
A voltar de momentos de transição
entre um período de crise menor ou maior, abre possibilidades de contestação, o
que permite ao movimento revolucionário pactuar suas ações com política de
frente única, com a clara observância da relação entre as políticas adotadas e
linha de ação objetiva, ou seja, teoria e prática devem permanecer coladas sem
a mínima brecha de vacilação, pois somente assim poderemos soerguer uma nova
moral revolucionária, tão necessária para combater a moral burguesa.
A forma como as organizações devem tomar
dependerá de cada situação e em cada país, mas os vetores ou palavras de ordem,
não podem ficar desconexos das premissas de luta conspirativa, exaltando a falência
do Estado e de como os principais aspectos da vida humana estão se deteriorando
cada vez mais, mas isso ainda é muito amplo e complexo, a teoria que
constituíra o próximo programa de transição deverá ainda ser discutido, o que
temos que fazer nesse momento é criar as condições objetivas e subjetivas para
que isso possa acontecer.
A combinação da luta política,
com a elaboração coletiva desse programa deve estar combinada com alguns modelos
de organização, o primeiro logicamente é a do partido, depois inserir-se nos
movimentos sociais e por fim, a construção de um laboratório onde podermos infiltrar
na célula mater da
sociedade, ou seja, na própria família, esse processo é bem mais demorado, mas
as falhas que ocorreram com os modelos até então existentes nós permitem
acreditar que podem ser uma falha no processo subjetivo da construção do
Socialismo.
De que forma isso acontecerá
ainda é algo a ser pensado, mas metodologicamente deve partir de uma pesquisa ação,
logo temos que nós inserir em pequenos grupos familiares, que permitam uma rápida
absorção das nossas crenças insurretas a partir desse ponto, haverá uma
ampliação natural no processo de construção do ideal socialista, de pai para
filho, de filho para filhos, de famílias, de vizinhos em um movimento lento e
gradual, as organizações devem investir metade de suas forças políticas,
organizativas e humanas nesse processo, do mesmo modo como a luta tradicional.
O Objetivo é a construção de um “gene revolucionário”, não podemos mais
nos dar ao luxo de não fazer esse tipo de combate, pois a muito os poderosos de
plantão vem talhando o corpo e a mente dos explorados, temos que fazer o
movimento inverso, mas as forças de organização serão melhor trabalhadas
individualmente em artigos futuros.
O “eu”
revolucionário só existirá se compreender essa dinâmica proposta, que em síntese
é o resgate de uma geração de militantes honestos com a luta política e com a
defesa intransigente do socialismo, vincula-los aos temas e debates modernos
com o nosso linguajar e com nossas propostas, e organiza-los em partidos e
movimentos sociais, além de levar a cabo um luta silenciosa, somente a combinação
desses elementos podem decodificar nossas anseias e com isso fazer esse resgate
dos velhos e novos dirigentes comunistas.
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