sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A inconsistência da iminência de um golpe de Estado no Brasil atual!

Segue artigo publicado pelo companheiro de muitas lutas Reginaldo Carvalho. Reginaldo foi diretor do Grêmio Estudantil Gisele Miranda, do Colégio Lauro Sodré, foi militante do PCB, e atualmente é professor do Estado de Roraima, com destaca atuação na Universidade Federal do Amazonas, e um dos participantes, do Congresso de Fundação da Conlutas! Compondo a bancada da Liga Bolchevique Internacionalista, eu estava no mesma bancada e no mesmo congresso!

A opinião do articulista não representa a opinião do Blog e nem a minha, mas confesso que para o debate é muito interessante!


A inconsistência da iminência de um golpe de Estado no Brasil atual!

 Reginaldo Carvalho.



Não existe hoje risco de golpe de militar e nem golpe institucional no Brasil. Estão ausentes os elementos históricos que poderiam determinar esses acontecimentos na atualidade. Não há risco algum para os interesses do capital nacional e muito menos para o capital estrangeiro estabelecido no país, tanto no que se refere as suas taxas de lucros quanto ao envio de remessas desses lucros para o exterior e o cumprimento dos acordos com os credores internacionais, em face da política econômica do governo do PT. O fator econômico foi o elemento determinante que impulsionou o golpe de 64, quando o governo de Jango limitou remessas de lucros do capital para o exterior e anunciava reformas econômicas e sociais de cunho nacionalista, apoiadas por movimentos socialistas, que ameaçavam os investimentos estrangeiros e o pagamento da dívida externa.

Também os movimentos sociais nunca estiveram tão submetidos ao controle do partido que está no poder, no caso das centrais sindicais e sindicatos de classe de todo o pais, cujas direções são ocupadas por pessoas filiadas ao PT ou partidos aliados ao governo e que obedecem a orientação política desses em troca de vantagens pessoais. O cunho ideológico das manifestações públicas dos segmentos de oposição ao governo do PT hoje é, predominantemente, de orientação política de direita, oriunda principalmente do PSDB, e maioria dos manifestantes, sejam nas ruas ou nas redes sociais, aderem as ideias neoliberais veiculadas exaustivamente pela mídia nacional manipuladora e que em nada ameaçam a ordem capitalista existente. Pelo contrário, essas manifestações apenas servem para pressionar o PT a aprofundar as reformas neoliberais que vem implementando de forma que venha a restringir mais direitos dos trabalhadores, cortar gastos com programas sociais, privatizar empresas estatais e ampliar a participação do capital estrangeiro no mercado brasileiro.

Em todo caso, o PT parece ser muito mais eficiente aos interesses do capital de forma que conseguiu fazer aquilo que os governos anteriores não conseguiram: Eliminar gradualmente os direitos trabalhistas, direitos previdenciários, dar continuidade a privatização de setores estratégicos da economia nacional ( tal como a privatização da CEF) e, ao mesmo tempo, consegue abafar a reação dos trabalhadores nos sindicatos. Além disso, conta com uma oposição no Congresso Nacional que atua para acelerar e aprofundar seu projeto de governo e não sabotar como o PT fazia anteriormente na oposição!!!!

O reboliço nacional que ocorre hoje e que tem como pivô a crise a corrupção na Petrobras, que é mostrado pela mídia como uma novidade na história do país, é um mero aspecto de uma disputa interna pelo poder. De um lado, há uma elite nacional arcaica, profissionalmente corrupta, que sempre contou com a proteção legal do Estado para o seu enriquecimento ilícito, e que quer reassumir o poder à qualquer custo e do outro uma camarilha sindical também muito corrupta, mas amadora em seus métodos que deixam enormes rastros por todos os lados, que é inquilina do poder e que, somente quando for totalmente inútil aos projetos do capital internacional para aniquilar direitos dos trabalhadores, será dele despojada.

Como podemos ver, tudo muito diferente de 1964 quando manifestações de rua eram confundidas com revolução socialista e sindicatos eram vistos como exércitos subversivos. O que importa é para onde a riqueza do país está sendo canalizada e esta, enquanto estiver fluindo comodamente para os cofres dos grandes bancos internacionais e das grandes empreiteiras brasileiras, não há que se falar em golpe. Esses agentes são os que mandam nas forças armadas e nas instituições políticas do Brasil e jamais iriam interromper o processo de maior sangria da economia nacional em direção aos seus tesouros, pois "nunca na história desse país lucraram tanto como no governo do PT!".

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