terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Parábola do Pirarucu e o PT do Pará.


Nascido alevino o Pirarucu, um típico peixe da bacia amazônica, conhecido como bacalhau de água doce, chega aos impressionante 100 quilos ou mais, e ainda é caçado de forma artesanal em quase toda a bacia amazônica, conta a lenda que o Pirarucu é um peixe ancestral, e que não era pescado por que se tratava de big fish sagrado, ou algo parecido, mas o que eu quero falar é sobre com o Pirarucu é parecido com o PT no estado do Pará, começou com um alevino e ficou grande, um partido de respeito e que já dirigiu o estado e já de importantes municípios, mas assim como o Pirarucu, o PT no Pará está entrando em estado de alerta, sua extinção não é algo tão improvável.

A lenda conta que Pirarucu era um bravo guerreiro da tribo dos Uaiás, que habitava o Sudoeste da Amazônia.
Filho de Pindarô, chefe da tribo e um homem de bom coração. Mais Pirarucu era perverso, orgulhoso e egoísta, costumava criticar os deuses, maltratar e insultar a todos.
Certo dia, Pindarô foi visitar as tribos vizinhas, e Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém os índios da aldeia e executá-los sem motivo.
Tupã, o deus dos deuses ao observar o mau comportamento da Pirarucu, decidiu puni-lo, fazendo cair sobre ele uma terrível tempestade, espalhando relâmpagos e trovões por toda a região onde Pirarucu pescava às margens do rio Tocantins.
Pirarucu nem um pouco assustado, debochou de Tupã e se negou a pedir perdão pelos seus atos.
Foi então, que um raio fulminante atingiu em cheio o coração de Pirarucu, enquanto ele tentava fugir correndo por entre os galhos das árvores.
Todos os outros índios se esconderam na selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu sumiu nas águas e nunca mais tornou a aparecer.
Hoje o peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.

Para além da fábula que o Pirarucu é uma  punição pois não respeito os povo da floresta, com o PT não é diferente, aqui no Pará ele teve uma trajetória diferente em seu conteúdo mais completamente igual na forma do restante do país, uma explicação há muito dada pelo nosso blog, ainda quando escrevemos os desafios do PT no Pará na qual fazemos a análise da formação do PT no Pará.

Sendo assim, resta-nos construir essa relação do PT com a Amazônia, destacando que há várias Amazônias dentro desse continente que é composto por vários países da America do Sul e de vários estados brasileiro, compondo assim a Amazônia Legal. Algumas particularidades culturais no Pará, que é produto da miscigenação do português, do negro, do caboclo e do índio.

Logo a formação do PT no Pará não passou pela UFPA, muito embora vários militantes de lá participarão de sua fundação, mas o fato é que o PT Pará tem uma ligação íntima com a formação da própria CUT, e a história de alguns sindicatos se confundem com a história do PT em cada cidade, em Belém, em Santarém e tanto outros municípios, com uma característica de mais serem sindicatos rurais do que urbanos, e os pouco urbanos tinham como principal vanguarda o Sindicato dos Gráficos, origem do atual Senador Paulo Rocha. 

Lembro de 1990, comício do então candidato Almir Gabriel ao governo do Estado em Sã Braz, tínhamos passado a noite anterior e dia confeccionando picolés (um cartaz com um cabo de vassoura para segurar no comício) preparamos mais de 150, e ficamos a tarde colando cartazes e bandeiras do Paulo Rocha (sua primeira candidatura), a equipe era apenas eu e o Apolônio, foi o primeiro comício daquela campanha, e por assim dizer e pelo fato do candidato não ser do PT e sim do PSDB a militância ainda estava com certo constrangimento de ir para rua.

Na hora do evento, esperávamos mais militantes de nosso grupo político para empunhar os picolés, coisa que não veio a acontecer e quando chegou a vez do Paulo Rocha falar no comício estávamos só nós dois, eu e o Apolônio, segurando os picolés, depois disso fizemos sérias críticas a todos os companheiros e companheiras que estavam na campanha do Paulo, queríamos e deveríamos colocar nosso bloco na rua da mesma forma e do mesmo empenho que tivemos na campanha do Lula no ano anterior e assim fizemos, e nós sabemos do resultado daquele ano, começávamos a ser peixe grande na política do Pará.

E a estratégia eleitoral se mostrou acertada, elegemos dois deputados federais, até aquela eleição não tínhamos representação na Câmara Federal e nove deputados estaduais, antes tínhamos apenas dois. Lembrando que não éramos a cabeça da chapa como em 2010, de lá para cá o PT sempre foi uma das maiores bancadas na ALEPA, mas esse ano que passou, perdemos em número e em quantidade nossa representação parlamentar, mas elegemos um senador, segundo petista na história do PT no Pará.

O que significado de fato essa nova relação de forças políticas no Estado e como isso reflete as diferenças políticas entre as forças internas no PT?

Em primeiro lugar representa que as forças políticas no Estado estão se cristalizando, ou seja, no novo cenário os partidos tradicionais estão no seu limite, e as novas forças políticas ainda não se constituíram como elemento de força nessa relação. Logo temos o PSDB que se consolida como maior força política do Estado, como dito antes, das últimas seis eleições ganhou cinco, e o PT apenas uma, e o PMDB nenhuma.

A base social do PSDB é compostas por setores mais atrasados da sociedade, em sua maioria composta de latifundiários, representantes dos capitais estrangeiros na região, particularmente os Japoneses, máfias de jogo do bicho, contrabando e de traficantes de drogas internacionais. Exagero? Certamente não é, o Pará é um estado grande e as última eleições o PT não teve candidato, e isso cristalizou a disputa interburguesa em nosso Estado.

Ao passo que o PMDB, que tem sua história recente a descendência do Baratismo, que no processo de redemocratização se mudaram de mala e cuia para o PMDB e que ainda hoje seu populismo é uma de suas características básicas, além de contra com a representação de Jader Barbalho, o principal nome e governador por duas vezes do PMDB, uma águia na política e que em nossos quadros do PT no Pará nem chegamos perto de ter um quadro político com tamanho preparo e inteligência.

Jader é um daqueles raros homens políticos que o faz sem esforço, seu pensar político é produto tão somente do ato de respirar e assim ele o faz de forma natural e espontânea, enfim, ele desde 1982 ainda não sabe o que é ficar de fora de um governo, e seus cúmplices estão sempre em cargos com significância, tanto em governo do PSDB como em governo do PT, eles conhecem o atalho para o poder. E agora com a quantidade de deputados estaduais certamente não haverá empecilho para aprovação das demandas do Governador Jatene na ALEPA, o PMDB sempre privilegiara a negociação do que a purê simples oposição por oposição, a história nos mostra isso e não haverá dessa vez quebra de paradigma.

O PSDB sai fortalecido nas suas relações institucionais, afinal cumpriram a promessa de se manter no governo e com isso permanecerá rodando sua indústria de corrupção e que se instalou em todas as esferas do governo do Estado, que tem duas causas um estrutura e outra conjuntural, a primeira é o processo de formação histórica de grupos de poder que trabalha com extorsão e corrupção, em sua maioria de agentes públicos, que entra governo e sai governo se mantém com seu quinhão, a segunda são os agentes públicos que entram com o novo governo, ainda não teve nenhum governador, inclusive do PT que desmobilizasse essa máfia institucional, o motivo ainda não está claro, mas esse seria o primeiro passo para construir um governo republicano no Pará.

O PSDB simplesmente se mantém na estrutura política do Estado para manter esses grupos mafiosos, sua pilhagem impede que o povo paraense possa superar a miséria do Marajó, a falta de infraestrutura de portos, aeroportos e estradas, sem falar em áreas como saúde e educação, essa é uma formula fácil de concluir, é só pegar os relatórios de gestão do atual governo e visitar aleatoriamente qualquer obra com o status de concluída que nesse caso a verdade saltará aos olhos, mas a Justiça e o Ministério Público do Estado só têm olhos para as cidades administradas pelo PT como é o caso de Cametá, que ameaças e interferências do Ministério Púbico, com veladas ameaças de propor o afastamento do prefeito, e assim seguem em tantos outros e devemos nos precaver com medidas administrativas, jurídicas e de ação junto com os movimentos populares para lutar pelos governos democráticos e populares, somente a combinação desses elementos podem impedir a sede de sangue do PT promovido pelos asseclas do Jatene no poder judiciário.

Afinal vamos perder vários deputados estaduais, mas mantemos nosso tamanho nas administrações municipais, logo vamos ter dificuldades em manter a quantidade de investimentos e de políticas públicas para esses municípios que o PT mantém a gestão de prefeitura, temos que preparar ações planejadas de Gestão, montando equipes técnicas vinculadas ao Diretório Estadual para dar suporte e consultoria para os gestores ligados ao PT, principalmente em algumas áreas como o planejamento, o setor de licitação e por fim áreas como Educação, Saúde e Assistência Social, além é claro do setores de infraestrutura e de geração de renda, de forma imediata, além é claro de trabalhar os canais de comunicação com a sociedade, através de campanhas de marketing e de publicidade de nossas ações.

Do mesmo modo não haverá defesa dos nossos governos municipais sem a mobilização social e sem os movimentos sociais, manter uma relação próxima dos governos do PT com a sociedade é imperativo para nos preparamos para os próximos embates com os tucanos, como foi em Soure, o próprio Medrado afirmou que a cassação seria o único caminho, mas a luta social e a mobilização dos setores técnicos jurídicos e a ação política parlamentar do PT foi determinante para o PT resistir a essa primeira ação, haverá ainda muitas outras, devemos estudar essa formula e adaptar para as demais regiões e cidade do Pará, pois o inimigo é apenas um, a máfia tucana.

Devemos agora discutir os resultados eleitorais, a partir das diferenças internas, o grupo político do Senador Paulo Rocha, já não é mais o mesmo, a Unidade na Luta não vem repetindo os mesmos resultados no campo da disputa interna, perdeu espaço e militantes para a corrente do deputado Beto, hoje a AS (Articulação Socialista) é o maior grupo político do PT no Estado, só para ter uma idéia, tem dois dos três vereadores de Belém, cidade em que a AS ainda não tem a hegemonia, e junto com o PT para Valer compõe a bancada federal e estadual de deputados, a Unidade não elegeu seus dois principais candidatos o Deputado Miriquinho e o professor Alfredo Costa.

E quais as atuais prefeituras o Senador Paulo Rocha deverá desempenhar um papel extraordinário para suprir a falta de parlamentares, lembrando que ele foi eleito por todos os segmentos do Partido, pois a eleição para senador não é proporcional é majoritária, logo o mandato e do PT, segundo as regras do jogo, só lamento que para construção da sua ação parlamentar ainda não tenha sido divulgada a partir de um planejamento maior, que envolvesse toda a militância do estado, mas enfim, conhecendo os agentes envolvidos essa vai ser uma crítica constante, o que é profundamente lamentável.

Enfim, espero que e 2015 possamos ver e aprender com nossos erros, dizer que eles não existem ou que são efêmeros não resolve o problema da perda de espaço tanto na Câmara Federal como na ALEPA, com relação ao espaço de senador, nada mais natural que uma das três principais forças do Estado possam estar representada, e o PT fez valer sua força, só temos que usar essa mesma tática para outras áreas, deixando de privilegiar determinados grupos ou indivíduos, e assim caminhar para se tornar mais próximo do PT nacional, como uma instituição em si e não a partir de valores individuais, como tem sido até o presente momento, o PT só deverá sair dessa encruzilhada quando apreender que o partido é maior que qualquer liderança individual e que somente sua estratégia maior deve ser prioridade, enquanto o PT submeter toda sua estratégia eleitoral para esse tipo de ação, os nossos adversários e inimigos estarão soltando fogos.

Devemos ser alevinos de Pirarucu novamente para então crescer novamente e se tornar um partido que possa influenciar os resultados e o desenvolvimento humano e social do estado do Pará, para então, em sintonia com o PT Nacional e o Governo Dilma, tirar o Pará da miséria, na qual estamos submersos e assim construir um estado republicano, democrático e cidadão! Com relação a fábula o texto realmente não tem muito haver, mas para quem conhece o dia a dia do PT no Pará sabe bem por onde anda a linha perverso, orgulhoso e egoísta e onde devemos superar.

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