quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Votar em Dilma!

Para aos que pensam que fazer política é um ato empírico, devo dizer que não o é. Fazer, pensar e participar da política é necessariamente uma ação composta de compreensão da realidade e determinação ideológica, ou seja, dito de outra forma, de consequência de uma teoria política. A ação política embasada em uma concepção teórica é a base de toda práxis, e não há outro modo de se fazer política, por isso tenho todo o cuidado de elaborar as fundamentações acerca das minhas posições políticas.


Estamos a véspera de mais uma eleição, quero deixar claro que o posicionamento dos marxistas em relação aos processos eleitorais do sistema capitalista, nada mais é que o da denúncia, da utilização desses espaços para conspirar contra o sistema e etc, etc, etc.

Ainda estou tentando elaborar algo que me permita aos marxistas estarem no PT, confesso que esse tem sido um dos maiores desafios teórico meus da atualidade, mas enfim, tenho que saber conviver com essa diferença a cada minuto da minha vida (tenho que recorrer a um psicanalista!), mas enfim, a aproximação do processo eleitoral nós obriga a tomar decisões, entre elas a decisão de votar na frente popular, encabeçada pelo PT, ou seja, votar em Dilma!

Votar em Dilma é algo ainda progressivo, por mais que os falsificadores do PSTU, PSOL e PCB tenha o invejável discurso de esquerda inconsequente, e que meu cunhado, Carlos Sérgio me crucifique, o fato é que o governo de frente popular ainda é um fator de elevação de qualidade de vida, é ainda um mecanismo de manter afastados setores tão arcaicos e fascistas da direita brasileira, que apostam no PSDB de Aécio, mas acima de tudo, permite a elaboração de políticas econômicas que não seguem as regras de FMI, que coloca o país em um alinhamento com outras potencias mundiais que não o EUA, que permite Dilma criticar os ataques aos povos árabes, algo inimaginável nos tempos de FHC.

Eu sei, que a principal característica de um governo frente popular é que sua sustentação está na administração de crise do capitalismo, e estamos enfrentando um das piores cíclicas de crise da recente história, que determina o baixo crescimento da economia mundial, até mesmo a China sofre com esse processo, seu crescimento não mais permitirá rebocar a econômica mundial nos próximos anos, e em consequência, o discurso de corte de gastos públicos, de superávit fiscal e perda das conquistas dos trabalhadores pelo mundo voltarão ao centro do debate, afinal, alguém tem que pagar a conta, e para a burguesia quem deve pagar a conta é sempre os trabalhadores.

O problema é que a inexistência de uma alternativa revolucionária para se colocar em oposição a frente popular, nos coloca em um beco sem saída, o processo de crise mundial, o não alinhamento com os EUA e a crítica ao processo liberal proposto pelo PT ainda o fazem progressista, certamente a crítica em relação aos ganhos dos banqueiros no atual governo do PT, o endividamento interno e os casos de corrupção, não podem ser considerados elementos oriundos exclusivo do PT, são produtos do próprio sistema e qualquer força política que não rompa, e o PT não rompe, com o sistema, logo, não há como fazer omeletes sem quebrar os ovos!

Não há justificativa que possa ser inventada para não participar do processo, afinal a luta revolucionária de hoje é um luta contra a esquizofrenia social, certo e errado não são apenas opções de escolha, o próprio processo ideológico se converte em uma dinâmica quântica psicodélica, mas enfim, temos que compreender que esse processo de não termos mais um referencial mundial depois da queda do muro de Berlim, e da histeria dos morenistas em referenciar a volta do capitalismo no leste europeu, gera uma profunda confusão em toda a esquerda mundial.

O concreto é que sem esse referencial, sem esse ponto de partida, não se tem como ter um conjunto de ideias e concepções que possam nortear a esquerda hoje, o próprio Marxismo tem que ser reavaliado a partir das contribuições dos defensistas, me incluo nisso, mas acima de tudo é preciso compreender que a evolução das forças produtivas é uma necessidade histórica para sua própria superação, a anarquia da produção e a concentração de riquezas, são apenas consequências desse processo de antagonismo social, e cada frente de batalha no atual momento histórico pode ser decisivo para a sobrevivência de uma ideia, da ideia de uma sociedade justa!

Não quero aqui dar respostas que não tenho, mas a grande verdade é que esse processo de tomar a decisão de votar em Dilma é única e exclusivamente em função de manter acessa a luz de um processo de luta, pelo menos é o que eu espero!


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