segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Há algo de pobre no reino do Brasil!


As eleições presidenciais esse ano foram ou ainda são uma rara surpresa, mais parecendo uma novela mexicana, cercada de mortes e tragédias, mas ainda com um final inimaginável. 

Se por um lado a morte acidental do ex-governador de Pernambuco mexeu no tabuleiro eleitoral, por outro lado, as forças políticas que estão por trás de cada candidatura não sofreram nenhum grande abalo.

A correlação de forças nessas eleições não correspondem aos votos que serão obtidos nas urnas, as estratégias de marketing ainda não são merecedoras de atenção e nem de longe estão desempenhando o papel que antes cumprira. Mesmo as pesquisas eleitorais, com seus novos motes de “confiabilidade” perderam o papel anterior que já tiveram.

Resultado da internet e das redes sociais? Ainda é cedo para definir, mas deve ter uma relação mais direta do que percebemos.

O fato é que com a entrada da Marina no páreo eleitoral mexeu com os brios de todos, e com a comoção provocada pela queda do “jatinho” de Eduardo Campos, a catapultou nas pesquisas, dando mesmo a vitória a Marina no segundo turno.

Obviedade a parte, agora com o andamento da campanha, seja na internet e na TV, Marina virou alvo de todos, principalmente de Aécio Neves, que perdeu espaço, e começou sua reação com ataques a Marina, e com as projeções do segundo turno, a própria campanha da Dilma iniciou uma reação.

O fato é que as eleições desse ano trouxeram novamente a disputa para o centro das atenções, desde a eleição de 1998 onde FHC conquistou no primeiro turno, as eleições viraram cartas marcadas, e iriam novamente ser se não acontecesse uma tragédia, mas não é a primeira vez na história que “Acidentes” modificaram os rumos da história, mas dessa vez a tragédia pode virar comédia.

Devemos deixar claro que a candidata Marina, do PSB, histórico aliado do PT, não representa os banqueiros, apenas uma pequena parcela, o Banco Itaú, mas e os bancos públicos, e o Bradesco? Apoiam quem? O fato, como dito anteriormente é que não houve mexida significativa nas forças políticas que estão por trás dos jogadores (players), e o resultado está perfeitamente de acordo com as diretrizes estabelecidas, não houve sequer a mobilização dos especialistas em gerenciamento de crises, não há tal necessidade!

Mesmo Aécio já sabia que as cartas estão marcadas, e de nada adiantaria a grita, mas que é a hora de marcar posição para um eventual futuro, mas que para isso deve apostar em cenários mundiais que possam complicar o processo de enraizamento do estado nacional a partir de ações inclusivas. Contudo, essa aposta significa que sua base de sustentação política, principalmente em Minas e em São Paulo pagaria um preço muito caro e esse tipo de investimento não está em seus planejamentos futuros.

Em todo caso, Marina perde nessa oportunidade a chance de se lançar de forma definitiva para ser um exponencial eleitoral crescente, uma segunda derrota levará a ela ao gueto do Acre, e as consultorias motivacionais que devem deixar as plateias com sono e perfeitamente relaxadas.

Ela não repetirá o efeito Lula, não acredito que se possa repetir nessa geração alguém com tamanha habilidade política.

Logo pode-se sentenciar que Marina só se elegerá a presidência da república quando retornar ao PT e vencer as prévias, os plano inicial de 20 anos de PT no governo federal está sendo adaptado e com as relação bipolares dos seus dirigentes, existe de fato a possibilidade de aumentar esses anos, e a reeleição de Dilma é o primeiro passo.

Seja como for, se confirmada a eleição de Dilma no plano nacional, fica evidenciando que aumentará significativamente sua base de apoio social, ampliando suas políticas de subsídios e de fomentos a produção industrial e no fortalecimento da agricultura familiar, sem esquecer o agronegócio, inclusive com a entrada do Banco do Brasil nesse tipo de investimento, e sobretudo ampliando os programas sociais de inclusão e de geração de emprego e renda. Mas tudo dentro do limite do capitalismo e de suas instituições.

O Petismo começa e se fundir com o Estado Nacional, como uma casta burocrática paraestatal, exemplos disso são o seu processo de formação, foi necessário adaptar o estado nacional para assimilação do petismo, logo o primeiro passo foi o assembleísmo petista, que já conversamos por aqui pelo blog, o segundo, foi o estabelecimento de um movimento social para se contrapor a simples transposição estatal do PT, uma contradição, mas que fortalecesse no final a política do PT, nesse caso especifico foi o lulismo, que também já foi alvo de nossa investigação.

Outro ponto para essa adaptação da nova burocracia estatal é a reforma política, principalmente o financiamento público de campanha, que será tema de outro artigo em outra oportunidade.

Esses movimentos contrários e convergentes determinam o desenvolvimento desigual e combinado dessas forças políticas que ainda estão bem incipientes, mas já demonstram o seu fôlego.

O resultado eleitoral não mudará esse processo de adaptação do PT ao sistema e sua completa absorção será letra morta, aos que acreditam ainda que é possível que o PT rompa e dê um salto de qualidade nas lutas sociais, está na hora de perder essa esperança e se articular para tomar outras atitudes, do que a simples passividade movida a cargos e espaços dentro dessa nova burocracia estatal que está surgindo.

O caminho para que essa gente perca sua fé é a luta popular, e para verificar a correlação de forças políticas contrárias basta somente acompanhar as lutas sociais, pois caso perca sua força significaria que a equação é verdadeira, logo podemos descrever a equação como sendo proporcional a inércia das lutas sociais, quando menor for essa luta maior será à força da burocracia.

Vamos esperar para ver o que acontece, mas devemos apostar nas lutas sociais como único caminho para a construção do Socialismo.

Marcelo Bastos.

0 comentários: