terça-feira, 13 de maio de 2014

Morte na Baia, até que ponto estamos seguros em navegar nas águas do Marajó?

Esse é o tipo de texto que não gosto definitivamente de escrever, por que acaba por banalizar o real, mas não tem outro jeito não podemos simplesmente virar as costas para esse tipo de incidente. No sábado passado dia 10 de maio, o Navio Marcos Matheus que faz a rota Belém-Camará, com saída de Belém prevista para as 14:30 da tarde de sábado, seguia sua rota normal para o porto do Camará, no arquipélago do Marajó. Até aqui tudo bem mais uma viagem que a população enfrenta com péssimas condições de qualidade e conforto, sem falar no preço de R$ 20,00 que para a pior renda per capita do país é um absurdo sem tamanho! Mas vamos deixar nossas reivindicações de lado nesse momento, há algo mais grave para se debater: a vida humana!

Qual o valor da vida humana? No último sábado, para a tripulação e para os passageiros do Navio Mercante Marcos Matheus ela teve um elevado custo! Vamos por etapa, durante a viagem na altura da ilha de Cotijuba, o navio avistou um “naufrago” boiando com apoio de um pequeno pedaço de isopor, os relatos que nos chegam é que o Navio fez o retorno e tentou resgatar a vítima, jogando boais salva-vidas amarradas com cordas, mas que pela infelicidade o resgatado não teve mais forças para se segurar na boia salva-vidas, mas essa intenção dele deixou o isopor seguir navegando, e ele na tentativa frustrada de segurar a boia salva-vidas não alcançou mais o isopor, afundando na frente de diversas pessoas do Navio, os vídeos que chegaram até o Movimento Acorda Marajó são no mínimo frustrantes!

Essa narração é produto do que vimos e ouvimos, mas nada se compara ao terror de ver aquele cidadão morrendo na frente de todos, mas essa tragédia tem algo que devemos observar, não sou nenhum especialista em salvamento, nem quero fazer esse papel, nem tampouco quer acreditar que houve omissão, mas temos que nos fazer a seguinte pergunta, como uma tripulação de um Navio Mercante, que faz essa rota a vários anos, não foi capaz de socorrer esse naufrago? O que acontece se isso acontecesse com alguém do barco, que pagou a passagem? Será que essa equipe está mesmo preparada para socorrer esse tipo de vítima, e o poder público estadual, responsável por esse tipo de resgate? Quais as medidas de proteção e de fiscalização que o poder público estadual toma preventivamente, ou seja, cadê o governador nessa hora?

Temos tantas perguntas ainda sem respostas, mas uma delas temos que assegurar que vai ser respondida, quem era aquele homem boiando no meio da baia? Como ele foi parar lá? Por que não conseguiu ser resgatado com vida? E sua família vai cobrar de quem? Enfim, não podemos deixar esse caso virar um estatística temos que transformar esse lamentável incidente em algo que possa mobilizar toda a população ribeirinha dessas regiões de Belém e do Marajó, afinal daqui a pouco o novo Terminal de Embarque será inaugurado, uma estrutura de primeiro mundo, mas ainda assim, não conseguimos providenciar um simples resgate de um naufrago? Não vamos parar até essas respostas forem dadas, e vamos lutar por responsabilizar o governo do Estado do Pará por todas as tragédias que aconteçam nessa rota, pela histórica omissão! Pela pura falta de responsabilidade e por brincar com nossas vidas!

Marcelo Bastos.

Soure, 13 de maio de 2014

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