domingo, 8 de setembro de 2013

Em 2014 um novo PT?


Não acredito quem em 2014 o PT possa se recuperar e retornar suas origens, acabou o tempo da inocência, temos que admitir que o PT não é mais o partido de sua origem, nem mesmo o partido de esquerda, que nós os marxistas queríamos!

Depois de tanto tempo administrando o estado burguês o Partido dos Trabalhadores simplesmente acabou se adaptando, e a revolução perdeu o debate para os reformadores, obviamente que isso tem causas estruturais e estruturantes, certamente fatores conjunturais, históricos e econômicos poderiam explicar melhor essa mudança qualitativa no processo de adaptação, mas o fato é que um fusca não evolui para ser tornar uma Ferrari.

O PT em sua origem já era um projeto de uma casta operária, que é perfeitamente normal e justo em se organizar em uma parte de iguais, mas o processo de estruturação do capitalismo tardio forçava um aglomerado de ideias progressistas em um período de ditadura, os grupos de esquerda precisavam desse guarda-chuva, essa simbiose de fato nunca existiu, não foi a vanguarda que ganhou a classe operária para construir o partido de trabalhadores, foi a burocracia lulocrática que bebeu da renovação da esquerda e do discurso necessário para se tornar hegemônico e com isso fazer as transformações que estamos vendo hoje.

Obviamente que elas são progressistas, mesmo o mais canalha da burocracia lulista é mais avançado que os barões do café da Bahia ou dos Coronéis mineiros, ou os donos da FIESP Paulista, esse fato, deve ser entendido como ponto inicial de dois movimentos que estamos discutindo a muito tempo, o processo de construção de uma classe “d” consumidora e formadora de opinião, que podemos reduzir a uma política de pão e circo, em um grosseira adaptação, mas que perfeitamente traduz o acordo que o PT fez com  os ditos “setores progressistas” aprovados em seu 5º encontro nacional, em 1988.

E o outro foi e é a constituição de uma massa crítica, formada pelo assembleísmo petista, gerando uma vanguarda que domina a política pública a ser instalada no governo central, substituindo isso a esquerda, afinal de contas não se pode esperar que um burocracia sindical possa constituir capital intelectual para esse tipo de tarefa, mas a união dos movimentos sociais poderia fornecer, como forneceu, ainda constituindo o “circo” necessário para dirimir as crises de opiniões e de divergências, e aqueles que estão fora do circuito ficam apenas gritando para paredes.

Não há como retornar a seu ponto de origem, pois o PT não mudou, apenas aperfeiçoou a forma de fazer política, claro que as causas estruturais estão na apropriação dos recursos oriundos dos espaços públicos e de uma política financeira de constituição de uma burocracia interna, que foi substituindo aos poucos os encontros, os congressos e os núcleos, para se cerca mais da LOPP (Lei Orgânica dos Partidos Políticos), assim o PT concentra seu processo de se tornar o partido dirigente, externo e interno.

Prova disso é a maquina que hoje o PT se tornou, e o seu calendário é prova cabal de postura burocrática do PT, pois em ano que não temos eleição, temos PED ou Prévias, mas sempre em movimento de campanha.

A Chapa a Hora e a Vez da Militância surge fazendo uma crítica ao um processo que ainda nem compreende direito, não sabe localizar em seu núcleo as críticas, sabem que o PT está longe do foco que os orienta, mas não aprofunda a crítica, por que se assim o fizer restará apenas um saída, a ruptura com o próprio PT, contradição insuficiente para perceber que o seu momento é oportuno para se constituir enquanto processo de desconstrução de uma política voltada para a burocracia sindical lulista, recompondo uma nova pactuação dentro do próprio PT.

Inserindo o PT da Amazônia, capitaneado pelo Pará nesse debate de poder central, onde as políticas podem e devem fazer parte de um conjunto reformulador de ações e políticas públicas, mas isso significa girar o eixo de poder e redistribuir regionalmente, mas ainda é cedo para esse giro, São Paulo e Minas Gerais, aceitam tão somente distribuir migalhas de projetos que não são mais usados em suas próprias regiões, a luta de classes, passou a ter um critério burocrático e essa luta política ainda está longe de ser entendida aqui em nosso estado, e ainda é um debate inexistente na chapa.

Contudo é um passo inicial, se a Chapa tem um mérito é o de não baixar a cabeça e se ajoelhar ante o poder central das tendências, dos mandatos e de grupelhos, assumindo uma crítica político/organizacional com foco nas eleições do ano que vem, prevalecendo a uma crítica justa em nosso entendimento da coligação prévia com o PMDB. Todavia, deve-se imaginar que o processo conjuntural, onde as manifestações estão sendo utilizadas por grupos de extrema direita para desestabilizar o governo central, com espaços multi-midiáticos sendo utilizado, com a própria conversão das maiores indústria de opinião ao seu lado, a possibilidade de não reeleição está dada, logo, ganhar em primeiro turno se torna uma tarefa necessária e urgente para a burocracia lulista, e que tem meu entendimento político e não a minha aprovação.

O fato é que a Chapa a Hora e a Vez da Militância abre um novo tempo, não de ruptura, mas reflexão, o que queremos é fazer parte da tomada de decisão dos rumos do partido, e nisso estaremos juntos em cada momento!

Aproveito e divulgo publicamente meu apoio ao companheiro Marquinhos Oliveira para Presidente do Partido no Estado, decisão tomada a partir dessa reflexão que agora divido com os companheiros, a medida que o PED evoluirá esse debate se tornará mais ativo trarei, com certeza, elementos para o debate, mas entre parlamentares dirigindo o PT e um companheiros que conheço desde 1990, ainda estudante da UFPA, com a companheira Edilene Barros, tínhamos o primeiro núcleo da Articulação Estudantil, e eu sempre apoie, passado os anos, vejo no Marquinhos aquele companheiro de Santa Izabel, com a mesma simplicidade, a mesma coerência, mas agora preparado para dirigir o PT nos desafios que teremos pela frente. Se é chegada a hora e a vez da militância, nada melhor que apoiar um candidato sem mandato para ser presidente do PT.

0 comentários: