Não acredito quem em 2014 o
PT possa se recuperar e retornar suas origens, acabou o tempo da inocência, temos
que admitir que o PT não é mais o partido de sua origem, nem mesmo o partido de
esquerda, que nós os marxistas queríamos!
Depois de tanto tempo
administrando o estado burguês o Partido dos Trabalhadores simplesmente acabou
se adaptando, e a revolução perdeu o debate para os reformadores, obviamente
que isso tem causas estruturais e estruturantes, certamente fatores
conjunturais, históricos e econômicos poderiam explicar melhor essa mudança
qualitativa no processo de adaptação, mas o fato é que um fusca não evolui para
ser tornar uma Ferrari.
O PT em sua origem já era um
projeto de uma casta operária, que é perfeitamente normal e justo em se
organizar em uma parte de iguais, mas o processo de estruturação do capitalismo
tardio forçava um aglomerado de ideias progressistas em um período de ditadura,
os grupos de esquerda precisavam desse guarda-chuva, essa simbiose de fato
nunca existiu, não foi a vanguarda que ganhou a classe operária para construir
o partido de trabalhadores, foi a burocracia lulocrática que bebeu da renovação
da esquerda e do discurso necessário para se tornar hegemônico e com isso fazer
as transformações que estamos vendo hoje.
Obviamente que elas são
progressistas, mesmo o mais canalha da burocracia lulista é mais avançado que
os barões do café da Bahia ou dos Coronéis mineiros, ou os donos da FIESP
Paulista, esse fato, deve ser entendido como ponto inicial de dois movimentos
que estamos discutindo a muito tempo, o processo de construção de uma classe “d”
consumidora e formadora de opinião, que podemos reduzir a uma política de pão e
circo, em um grosseira adaptação, mas que perfeitamente traduz o acordo que o
PT fez com os ditos “setores progressistas”
aprovados em seu 5º encontro nacional, em 1988.
E o outro foi e é a constituição
de uma massa crítica, formada pelo assembleísmo petista, gerando uma vanguarda que
domina a política pública a ser instalada no governo central, substituindo isso
a esquerda, afinal de contas não se pode esperar que um burocracia sindical
possa constituir capital intelectual para esse tipo de tarefa, mas a união dos
movimentos sociais poderia fornecer, como forneceu, ainda constituindo o “circo”
necessário para dirimir as crises de opiniões e de divergências, e aqueles que
estão fora do circuito ficam apenas gritando para paredes.
Não há como retornar a seu
ponto de origem, pois o PT não mudou, apenas aperfeiçoou a forma de fazer política,
claro que as causas estruturais estão na apropriação dos recursos oriundos dos
espaços públicos e de uma política financeira de constituição de uma burocracia
interna, que foi substituindo aos poucos os encontros, os congressos e os núcleos,
para se cerca mais da LOPP (Lei Orgânica dos Partidos Políticos), assim o PT
concentra seu processo de se tornar o partido dirigente, externo e interno.
Prova disso é a maquina que
hoje o PT se tornou, e o seu calendário é prova cabal de postura burocrática do
PT, pois em ano que não temos eleição, temos PED ou Prévias, mas sempre em
movimento de campanha.
A Chapa a Hora e a Vez da Militância
surge fazendo uma crítica ao um processo que ainda nem compreende direito, não
sabe localizar em seu núcleo as críticas, sabem que o PT está longe do foco que
os orienta, mas não aprofunda a crítica, por que se assim o fizer restará
apenas um saída, a ruptura com o próprio PT, contradição insuficiente para
perceber que o seu momento é oportuno para se constituir enquanto processo de
desconstrução de uma política voltada para a burocracia sindical lulista,
recompondo uma nova pactuação dentro do próprio PT.
Inserindo o PT da Amazônia, capitaneado
pelo Pará nesse debate de poder central, onde as políticas podem e devem fazer
parte de um conjunto reformulador de ações e políticas públicas, mas isso
significa girar o eixo de poder e redistribuir regionalmente, mas ainda é cedo
para esse giro, São Paulo e Minas Gerais, aceitam tão somente distribuir
migalhas de projetos que não são mais usados em suas próprias regiões, a luta
de classes, passou a ter um critério burocrático e essa luta política ainda
está longe de ser entendida aqui em nosso estado, e ainda é um debate
inexistente na chapa.
Contudo é um passo inicial,
se a Chapa tem um mérito é o de não baixar a cabeça e se ajoelhar ante o poder
central das tendências, dos mandatos e de grupelhos, assumindo uma crítica
político/organizacional com foco nas eleições do ano que vem, prevalecendo a
uma crítica justa em nosso entendimento da coligação prévia com o PMDB.
Todavia, deve-se imaginar que o processo conjuntural, onde as manifestações
estão sendo utilizadas por grupos de extrema direita para desestabilizar o
governo central, com espaços multi-midiáticos sendo utilizado, com a própria
conversão das maiores indústria de opinião ao seu lado, a possibilidade de não reeleição
está dada, logo, ganhar em primeiro turno se torna uma tarefa necessária e
urgente para a burocracia lulista, e que tem meu entendimento político e não a
minha aprovação.
O fato é que a Chapa a Hora
e a Vez da Militância abre um novo tempo, não de ruptura, mas reflexão, o que
queremos é fazer parte da tomada de decisão dos rumos do partido, e nisso
estaremos juntos em cada momento!
Aproveito e divulgo
publicamente meu apoio ao companheiro Marquinhos Oliveira para Presidente do
Partido no Estado, decisão tomada a partir dessa reflexão que agora divido com
os companheiros, a medida que o PED evoluirá esse debate se tornará mais ativo
trarei, com certeza, elementos para o debate, mas entre parlamentares dirigindo
o PT e um companheiros que conheço desde 1990, ainda estudante da UFPA, com a
companheira Edilene Barros, tínhamos o primeiro núcleo da Articulação
Estudantil, e eu sempre apoie, passado os anos, vejo no Marquinhos aquele
companheiro de Santa Izabel, com a mesma simplicidade, a mesma coerência, mas
agora preparado para dirigir o PT nos desafios que teremos pela frente. Se é
chegada a hora e a vez da militância, nada melhor que apoiar um candidato sem
mandato para ser presidente do PT.
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