A
luta do passe livre em Belém ou em qualquer outra cidade tem uma justeza de
atitude sem igual, não quero só me referir a questão econômica, sabemos que é
necessariamente uma luta econômica, mas que tem um alcance social avassalador,
pois permite a juventude pobre e explorada se locomover, ter acesso de ir e vir
de uma maneira sem igual, e que terá consequências sem igual na maneira de
pensar futura das gerações posteriores.
Eu
participei das lutas de meu tempo e ainda participo, mas confesso que o peso da
idade já recai sobre meus ombros, que já aturaram vários abusos de minha
alucinada juventude! Digo isso com orgulho! Vivi e vivo meu momento como se
fosse necessariamente o último, e a cada nova conquista me reconstruo e sigo no
caminho da luta pela ruptura revolucionária da sociedade de consumo.
Contudo,
no final da década de 80 e inicio de 90 do século passado, sim eu disse século
passado, vivemos na cidade uma enorme evolução das lutas sociais, construímos o
PT e a CUT (o PT e a CUT ainda eram fatores progressivos), lutei pela meia
passagem sem burocracia, era dirigente de dois importante Grêmio (Lauro Sodré e
Souza Franco) dirigente da UMES (executiva), enfim, a cidade não dormia e a
juventude colocava fogo em ônibus e enfrentávamos os aparatos policiais de
forma organizada e pela quantidade e qualidade das ações invariavelmente colocávamos
a PM e sua tropinha de choque para correr!
Deve-se
compreender o mundo naquele período histórico, no mundo a queda do muro de
Berlim varria os escombros do stalinismo vazio e moribundo para as valas da
história, havia uma contra revolução em marcha nos países do bloco soviético
que acabou restaurando o capitalismo nos estados operários, mesmo que deformados
eles eram estados operários!
No Brasil, tínhamos acabado de sair da eleição presidencial
que colocou um operário no segundo turno, dando um verdadeiro susto nas elites,
que tinham utilizado um ditadura de 24 anos para se manter o status quo, e todo esse processo era uma
evolução do que ocorreu em anos de lutas sem trégua, sem descanso e sem férias.
O
ascenso de que falamos foi o acumulo de quase uma década de luta, que começa com
a redemocratização do Brasil, a luta pelas diretas, as greves gerais, e a
própria eleição direta em 1989, no mundo o Solidariedade na Polônia abriria
caminho para uma nova forma de discussão do Socialismo, mesmo que renegado
depois pelo próprio Walesa, as crescentes manifestações por liberdade e
democracia no leste, eram acompanhadas por discussões econômicas na América
Latina e no Continente Africano, este em particular tinha sua luta pela independência
dos países de colonização europeia e a luta em particular na África do Sul
contra o Apartheid.
Enfim,
muitas diferenças, mas a justezas das ações ainda é preeminente, se passamos
quase 30 anos para acorda para isso não podemos culpar nenhuma geração, o
retrocesso político imposto ao mundo pelo fim do bloco soviético gerou muita
confusão e transtornos, mas ainda temos muito que caminhar e tirar dúvidas dessa
geração que não acordou a toa, e que luta mesmo que empiricamente por uma
revolução, nosso papel é esclarecer que só podemos pensar em revolução se
construirmos um partido sob esse signo, e que ele terá, mesmo contra todas as
adversidade se manter nessa rota de forma incansável, e que ela será tarefa de
todos.
Da mesma forma o passe livre só será uma conquista, quando ele for realmente
bandeira de luta de toda uma geração, e que a radicalidade esteja nas mentes e
nos corações, por mais que seja a internet o instrumento de mobilização, a ideia
possa pulsar nas ruas de Belém e do País, e que nossas vozes sejam apenas uma,
da minha e da sua geração, o passe livre é nosso! Vamos tomar ele na lei ou na
marra!
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