Da revolução política a frente popular: Desilusões dos
pseudo-trotskistas.
Depois da queda do muro de Berlim
os morenistas ainda estão perplexos, nas suas diferentes matizes, ainda hoje se
ressentem de uma elaborada posição política, que seja teórica e prática.
Teórica porque eles ainda não compreenderam que ocorreu no leste europeu e nas
ex-URSS não foi à época, e ainda não o é hoje, algo progressivo, aquilo que os
ortodoxos esperavam a confirmação da profecia de Trotski de que a próxima etapa
seria a revolução política para derrotar a burocracia stalinista, mas o remendo
ficou pior que o soneto, nem nas suas mais obscuras elaborações o chefe do
exercito vermelho.
Para
Trotski o processo de degradação do Estado Soviético, por mais avançado que o
fosse, a corja stalinista manteria as principais conquistas do Estado Operário,
pois como um verme que se alimenta do seu hospedeiro a morte dele trairia
necessariamente seu sustentáculo visceral. Dessa forma seriam mantidos intactos
os preceitos da economia planificada, como o controle do comercio exterior, o
pleno emprego, ou seja, as bases econômicas que davam sustentabilidade ao
Estado Soviético, e assim o foi durante décadas.
Trotski chegou mesmo a comparar que o Estado
Operário se manteria como um carro abandonado em um matagal, se dois operários
por ali passassem e visse o que sobraria do carro, eles logo perceberiam que
era um carro, sem pneus, motor, bancos ou qualquer outro tipo de acabamento,
pois suas estruturas de ferro manteriam suas formas originais, assim o Estado
Operário Russo, para Trotski a defensa incondicional do Estado Operário era
fundamental, por mais destruído, por mais degenerado, ele representava uma
revolução legitima da classe operária e seu legado deveria manter-se nas mãos
dos operários, mesmo eles sendo iludidos e humilhados.
Após
a morte da geração que fez a revolução em 1917, e mesmo após o seu assassínio,
Trotski concluir que a defesa das conquistas da revolução seria a primeira e
principal tarefa dos revolucionários do seu tempo e dos tempos futuros!
Criminosamente, os morenistas, tanto o PSTU no Brasil como a CST (Brasil)
mantiveram posições diferentes dos marxistas defensistas, como o próprio
Trotski, assim que a Perestróica começou a arranhar as bases econômicas do
Estado Operário na ex-URSS eles formularam as ditas Teses de Noventa, que
deixavam os ensinamentos do velho comandante de defesa dos URSS e quem
resumidamente colocavam a luta política em outro patamar, pois com as
descobertas das traições da burocracia stalinistas as massas, tanta na URSS
como no restante do leste europeu, passariam de seu estado letargia para um
momento de fluxo revolucionário.
É importante
compreender esse processo, pois todas as estratégias seguintes, nas últimas
duas décadas ainda são representadas por esse equivoco, é o mínimo que podemos
chamar! Enfim, sob essa política eles romperam com o PT na década de 90 do
século passado, com essa política eles abandonaram a organização de bases dos
trabalhadores para priorizar a propaganda, como por exemplo, a venda de
jornais, sob essa política eles caminharam a um gueto sem volta, se afastando
definitivamente de construir um canal de comunicação com os trabalhadores e
trabalhadoras no mundo inteiro, essa mesma política exterminou o MAS (MOVIMENTO
AO SOCIALISMO) na Argentina, e em outras tradicionais províncias morenistas no
mundo.
Com o passar
do tempo ficou insustentável manter a palavra de ordem de revolução política,
mas já era tarde, eles passaram a analisar que houve uma contra-revolução, mas
ai como dito já era! De uma elaboração a outra, ou seja, de revolução política
a uma contra-revolução eles passaram anos, mas nunca elaboraram uma só autocrítica
em relação às teses de noventa, ou mesmo assumiram que no Leste Europeu como na
URSS o que houve de fato foi um retrocesso, uma volta ao capitalismo,
promovidos pelos novos modelos econômicos resultantes do consenso de
Washington, onde a venda do espólio do Estado Operário e de suas conquistas
criaram a partir da metamorfose da burocracia stalinista uma ascendente
burguesia russa.
Essa foi
resumidamente as posições políticas dos dois coletivos co-irmãos de Nahuel
Moreno no Brasil, o que sobrou de suas teses e de suas atualizações para o
programa de transição, até hoje não compreendem o papel desigual da luta
política no desenvolvimento combinado da luta econômica e social. Essa falta de
entendimento faz com que construam políticas que hora estão a esquerda e em
outras a direita, essas posições centristas por assim dizer não compreendem o
papel da luta política na eleição, como por exemplo, na derrota do Tucano
Zenaldo, pois a vitória de Edmilson do PSOL representa sim um avanço, algo
progressivo, não revolucionário, não estamos nessa etapa de luta política,
compreender as tarefas de nosso tempo são fundamentais para elaboração de um
programa político revolucionário, de um programa de transição que comporte a
estratégia e a tática dos revolucionários com o desenvolvimento econômico da
sociedade, como o nível de esclarecimento da classe trabalhadora e por fim, com
o desenvolvimento das relações entre capital e trabalho no planeta.
A entrada do
PT na campanha de Edmilson, inclusive com a Presidenta Dilma e com a inserção
de Lula na TV corrobora com a compreensão que a atual etapa de luta
revolucionária está em descenso, um recuo necessário se faz, para em primeiro
lugar compreender que a derrota provocada pela queda do Muro de Berlim tem que
ser assimilada e compreendida dentro da luta política que traz a tona a própria
luta de classes em nossa sociedade contemporânea, em segundo lugar trás um
debate sobre o programa mínimo nesse período, Trotski já formulava que a Frente Popular seria uma
última etapa, antes da revolução, mas em seu contexto Trotski nem sequer
imaginava a fadiga e completa destruição dos estados operários, inclusive com a
traição de setores ditos “trotskista”, como é o caso do PSTU e CST, logo é
necessário atualizar a relação dos revolucionários com a frente popular como
única frente de luta política, última trincheira da classe trabalhadora para evitar
sua total devastação e degradação da sociedade moderna, sob risco de barbárie.
Defender
Edmilson hoje, no contexto e compreensão de frente única, nós parece uma saída,
digo isso de dentro do PT, que devemos apoiar Edmilson contra a tragédia
tucana, esses senhores do PSTU e CST comentem um desfavor a classe trabalhadora
e ao povo pobre de Belém. Desgraçadamente mantém o voto crítico, pois era
preferível que fossem definitivamente para o lado do PSDB, pois essa posição
não só instrumentalizam nossos inimigos de classe, como nos obrigam a esse
debate desnecessário e tolo.
Desde o
primeiro turno alertei os companheiros do PSTU e CST sobre essa posição
política deles, mas o gosto de estar a frente das pesquisas e a possibilidade
de eleição de seus candidatos a vereador, como foi o caso do PSTU, o fizeram
calar e seguir na campanha, se fossem honestas essas críticas elas deveriam ser
antes do primeiro turno, não agora, não mais, se quiserem manter sóbrios nesse
processo, devem renunciar aos eleitos, pois dessa forma se apropriam de suas
próprias acusações, beneficiando-se diretamente delas!
Quando aos
verdadeiros revolucionários quero dizer em alto e bom som, ainda temos muito a
caminha, evitar a derrota da classe trabalhadora e do povo pobre em Belém é
ainda nossa tarefa maior, vamos as ruas eleger Edmilson Rodrigues da mesma
forma como fomos defender as conquistas dos estados operário degenerados pelos
stalinistas, vamos construir a vitória do povo em Belém, e fazer luta política
para implementar políticas sempre mais progressistas, até o dia em que possamos
nos reagrupar em torno de um programa comum e de um partido comum!
Belém, 22 de outubro
de 2012.
Marcelo Bastos – Filiado do PT!
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