sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um garoto que falava inglês


Era uma tarde ensolarada, lembro que ao chegar ao Souza Franco eu parava, falava com o Paulo e comprava um cigarro, e depois iria ficar em frente ao aquário, nome carinhoso que dávamos para a Vice-diretoria, que ficava embaixo da escada, no primeiro banco do lado direito de quem entra, ficávamos invariavelmente todos do Movimento ali sentados, esperado o horário da segunda aula (a primeira raramente assistíamos), mas naquele dia foi especial, lembro do Luiz Menezes com aquele sorriso no rosto, nesse período confesso que já nutria um profundo respeito pelo camarada, sua seriedade e compromisso com a luta jamais serão questionados por mim, mas enfim, ele chegou com um sorriso no rosto e dizia que tem um moleque que falava inglês.

E foi assim que eu conheci, naquela tarde, logo na primeira semana de aula, o companheiro Diógenes Brandão, que à época preferia ser chamado de Jimme, lembro que a apresentação ele com um jeito cínico particular “nice to meet you”¸ meu inglês fluente não permitiu que eu respondesse, mas logo entrei na brincadeira, e quando percebi já tinha uma roda de belas meninas nos cercando e dando toda atenção aquele cara que falava tão bem em inglês.

O que me chamou mesmo atenção foi a fluência, a forma como aquele garoto ficava no centro das atenções e como uma tranquilidade, e de repente o Jimme já fazia parte de nosso coletivo, e assim começava sua militância no Movimento Estudantil Secundarista no Souza Franco, ele conta outra história, mas foi assim, assim que me lembro dele.

De lá para cá muita coisa mudou, mas ainda vejo nele o mesmo jeito atrevido e cínico, hoje de uma forma mais madura, mas com a mesma preocupação em se útil, em fazer parte de alguma coisa que ele acredite, vi nas suas primeiras caminhas, já com uma decisão forte e, à época ingênua, tínhamos construído o Movimento Moara, que teve uma ruptura em função da ida de alguns companheiros para a Convergência Socialista, e ele continuo com a gente, mesmo sabendo que não teríamos chance de ganhar a eleição do Grêmio naquele ano, mas ele ficou e durante a campanha foi incansável na defesa do Movimento, e assim foi durante todo o período que eu fiquei em Belém, passamos muita coisa juntos e mesmo no período que eu estava em Brasília, ele foi diversas vezes falar comigo, inclusive na primeira Conferência Nacional de Cultura, mas essa vou deixar apenas nas boas lembranças.

Ele foi decisivo para meu retorno a Belém, confesso que depois de quase 14 anos longe da minha cidade, meus dias em Brasília estavam contatos, fiz o que tinha que fazer, corri o Brasil com a Liga Bolchevique Internacionalista, tinha dado ao PSTU um doce sabor do que nós da Articulação sofremos nas mãos da CS nos encontro do PT, nos encontros dos movimentos, dos bares e das praças, mas enfim, era chegada a hora de voltar a Belém.

Foi quando recebi uma ligação do Jimme falando do ação do Fórum Social de Capanema, e de como seria importante meu retorno para participar, já que o prefeito acabará de se filiar ao PT e tínhamos como cota a Secretaria de Planejamento, e que a passagem já estava comprada, enfim, a chance surgia de meu retorno, e quem estava por trás disso, ele mesmo o Jimme!

Bem não preciso lembrar o que aconteceu, mas olhando agora ele estava presente em tão bons momentos de minha vida, que acho difícil deixar ele simplesmente passar, já enfrentamos dificuldades como companheiros, amigos e amantes, sim amantes, somos simplesmente apaixonados um pelo outro, eu sei que agora que revelo isso publicamente devo pedir desculpas para a Marcilene, mas nossa paixão em uma interjeição profunda: a luta por uma sociedade melhor!

Temos objetivamente conceitos teóricos completamente distintos, mas estamos sempre juntos nas caminhadas que fazemos pelo Movimento Popular, Cultural e agora na militância surreal que a internet nos proporciona.

E quando chegou A HoRa e A vEz dA MiLiTÂnCia e vejo que ele é um dos candidatos a presidência do PT em Belém não me sobra alternativa a não ser me posicionar em apoiar sua conduta, em estar nas fileiras e pedir voto a esse incansável combatente, e estar ao seu lado, nas futuras batalhas que virão, conte comigo, com minhas habilidades, com meu senso de oportunidade, com minha inteligência política, com meu ombro, mas também com minhas trapalhadas, meus erros e equívocos, sabes eu sou humano e peço desculpas por todos os momentos em que te deixei de certa forma constrangido e quero deixar claro que em nenhum momento foi por maldade, mas apenas medo de admitir que sou humano. Obrigado e vamos brigar, lutar e caminhas juntos nesse PED, e espero que depois dele, as sementes possam germinar e florir!

Soure, 12 de setembro de 2013

Marcelo Bastos

0 comentários: