Caminho sobre corpos mutilados
Escuto tiros e bombas, mas logo são silenciados
por lamentos.
Braços, pernas e cabeças,
Até bem pouco, elas estavam em seus
respectivos lugares.
Desgraçadamente a guerra chegou aqui.
Caminho sobre corpos mergulhados em sangue,
Cachorros se fartam na carne apodrecida
pelo sol
Mentes dilaceradas, por ideias inúteis,
Tolos não se precaveram contra o ódio,
Tolos não se precaveram contra o ódio,
Esperavam uma graça divina que não
virá!
Caminhos sobre corpos vazios de almas
Entre eles velhos amigos
Percebo-o em seus semblantes na hora
da morte
Um profundo arrependimento por terem
sido displicentes
Não ouviram os alertas que no Capital
só a morte é certa.
Caminhos sobre corpos com sorrisos em
suas faces
Para eles a guerra trouxe um fim
glorioso
A fome os mata religiosamente devagar
Caminhavam de teimosos
Iam como cordeiros para o abatedouro.
Caminho sobre corpos e vejo o lugar
onde nasci devastado
Sobre mim pesa a morte de todos os
meus entes e amigos conhecidos
Tiveram que morrer para aplacar minha
sede de justiça
Cabe a mim decidir quem vive e quem
morre
Caminho sobre corpos enfileirados ao
meu pedido
Caminho sobre corpos de quem sempre
explorou
Uma gente sofrida e humilde
A mão da vingança chegou
E simplesmente matou a todos
Fui eu quem quis assim
Olho para frente e vejo o sol
Insistindo em sair e ficar acima das
cinzas
Uma nova era começa delas
Enfim, meu destino realizado.
Chego ao fim do meu dia de trabalho
Caminhos sobre corpos que imóveis traduzem
o caos
E me revela a inutilidade das minhas
ações
Olho em minha pistola
Ouço apenas o barulho do disparo
Chegou o fim do meu trabalho.
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