quarta-feira, 22 de maio de 2013

A quarta lei da Dialética


A disputa política como um processo de exaustão de relações conflituosas é simplesmente resolvida pelo embate, seja ele pacifico ou não, obviamente que o processo de disputa nem sempre é tão fácil como se espera algumas vezes, certamente se propõe a uma disputa têm variáveis e cenários que permite olhares diferentes em conjunturas completamente distintas.

O desenvolvimento desigual e combinado é uma das estratégias elaboradas pelo Lev Davidovich Bronstein, obviamente que a constatação desse processo não se limita a análise da luta política, envolve mesmo o processo de avanço das forças produtivas, mas é na ciência política que ela ganha uma força sem igual, nesse pequeno artigo, temos a pretensão de explicitar, mas uma das ferramentas metodológicas do Marxismo, uma possível quarta lei da Dialética.

Sempre fui curioso em estudar a dialética como mecanismo de estrutura de ideias e pensamentos, mas o processo de entendimento sempre me pareceu bastante confuso, como entender a negação da negação, a passagem do qualitativo para o quantitativo e vice-versa, a síntese transformada em antítese, enfim, os mecanismos filosóficos do materialismo histórico foram acrescentados e superados pelo materialismo histórico e dialético, por fim, a divagação filosófica finalmente encontrava seu porto seguro.

Contudo o processo de desenvolvimento da teoria marxista para a metodologia de análise da realidade passaria por momentos quase tão distintos, quanto suas formulações macroeconômicas, e que na luta política estruturar esse tipo de pensamento, aplicá-lo e construir uma teoria que pudesse ser comprovada na prática, construindo ciência e cientificidade de forma organiza e permanente não seria uma tarefa fácil.

Caminhando para seus 200 anos de teoria mostra ainda sua força viva, mas vamos entender que o jovem Marx, acabando sua graduação em Ciências Jurídicas, elaborou uma tese a qual chamou de “Teses da Alienação e da Juventude”, seu primeiro trabalho na qual sua proposta filosófica toma corpo a partir da construção de uma metodologia única, o materialismo!

Aos 16 anos Marx saia da Universidade para se juntar a luta dos trabalhadores de na futura republica de Weimar, Marx naturalmente tinha diversos interesses, mas seus estudos o aproximaram de Hegel, na filosofia materialista a história na concepção hegeliana era transcorrida e analisada do ponto de vista de uma eterna disputa e que somente a parte vencedora contaria sua versão dos fatos.

Simples assim, não!

O processo de progressão social através do tempo histórico é necessariamente um elo após o outro, não existe passagem histórica rompida, laços se mantém entre os tempos e que são transformados permanentemente, mas dentre essas mudanças permanecem alguns elementos comuns a todos os tempos históricos, a luta entre classes distintas, com interesses antagônicos, Hegel procurou a partir dessa percepção esses ditos elementos comuns e então construiu sua teoria filosófica.

Marx em seu texto sobre alienação e Juventude, que serviu de trabalho de conclusão de curso em Direito, foi beber diretamente dessa fonte, a Alemanha estava em plena crise econômica, sua republica ainda estava sendo consolidada e as diferentes nacionalidades estavam ainda em conflito, Marx na Universidade de Bonn participando do Movimento dos Jovens Hegelianos, construiu sua teoria, mas o marco de sua tese foi o processo de elaboração metodológica em que constrói comparações entre a juventude do campo e da cidade, a partir do contato com a própria evolução material de seu tempo.

Apesar do discurso acadêmico o texto de Marx já mostrava seu latente talento para explicitar e criticar a realidade de sua época, e como se desenvolveu as relações entre a juventude até o dias em que estava na Universidade e como esses mesmos problemas eram percebido pelos seus pares.

A aplicação do materialismo histórica colocava Marx entre os principais seguidores de Hegel e já assumia definitivamente seu papel dentro do movimento da jovem intelectualidade alemã, mas Marx foi além, do processo de construção da Tese da Alienação e da Juventude, Marx se propôs ir além, e começou sua busca por revitalizar e aprofundar o materialismo.

Surge assim o materialismo histórico e dialético, obviamente que estamos apenas discutindo o inicio do caminho, o estudo das leis da dialética demandaria um tempo e um espaço que não seriam suportados no blog, e ainda temos que falar da quarta lei, o desenvolvimento combinado e desigual, proposto por Trotsky.

Após a revolução de 1905, Trotsky caminharia para o processo de reflexão de suas ideias para a construção de uma base teórica da revolução russa, mesmo sendo fracassada em seu objetivo, a revolução de 1905 deu bases teóricas que foram bem sucedidas em 1917, e uma dessas bases teóricas que foram concebidas foi o desenvolvimento desigual e combinado.

A revolução de 1905 na Rússia não era uma aposta dos chamados dirigentes da 1ª. Internacional, pois havia certo consenso sobre as interpretações de Marx, pois este havia dito em mais de uma ocasião que a evolução das forças produtivas levariam ao socialismo, ou por meio de uma revolução ou da própria necessidade progressista da sociedade, ou seja, de seu amadurecimento.

Em ambos os casos a Rússia Czarista não se encaixava, para Trotsky era necessário estabelecer outra fonte teórica que permitisse avançar ao tacanho momento da Internacional Socialista da época, e ele desenvolveu a partir do estudo da revolução de 1905 esse elemento dialético, do desenvolvimento desigual e combinado, pois o capitalismo já era, nesse período, um sistema planetário, e portanto, as diferentes localidades sofreriam o mesmo impacto dos ditos países industrializados.

Logo os efeitos da crise de baixa ou de alta produção determinariam os valores de mercadorias para além das fronteiras nacionais, a própria dinâmica do imperialismo estava determinando essas medidas de controle de crise. Por outro lado, esse mecanismo aproximavam as classes trabalhadoras do mundo todo, criando vínculos que naquele período não poderiam ser explicados, como por exemplo, o processo de crise global dos dias atuais.


Contudo, Trotsky anteviu esse processo a partir da análise da revolução de 1905, e identificou elementos onde o capitalismo russo era extremamente desenvolvido e como esse processo se interiorizava e começa o artifício de proletarização do campesinato na Rússia, e a combinação de elementos progressistas nas economias periféricas determinava o desenvolvimento desigual no resto do globo, mas estava combinado em sua gênese, o aumento do lucro dos donos do poder econômico.

Certamente o processo explicaria a tomada de decisão dos setores da Internacional em não apoiar mais incisivamente os revoltosos de 1905, o que cabe destacar é que a metodologia dotada por Trotsky permitiria construir análises que iriam além do receituário marxista da época, o que gerou muita crise, mas foi determinante para que Lenin escrevesse “O que fazer?”, e ambos fossem os principais teóricos e interlocutores da revolução vitoriosa de 1917.

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