A disputa política como um
processo de exaustão de relações conflituosas é simplesmente resolvida pelo embate,
seja ele pacifico ou não, obviamente que o processo de disputa nem sempre é tão
fácil como se espera algumas vezes, certamente se propõe a uma disputa têm
variáveis e cenários que permite olhares diferentes em conjunturas
completamente distintas.
O desenvolvimento desigual e
combinado é uma das estratégias elaboradas pelo Lev Davidovich Bronstein, obviamente que a constatação desse
processo não se limita a análise da luta política, envolve mesmo o processo de
avanço das forças produtivas, mas é na ciência política que ela ganha uma força
sem igual, nesse pequeno artigo, temos a pretensão de explicitar, mas uma das
ferramentas metodológicas do Marxismo, uma possível quarta lei da Dialética.
Sempre
fui curioso em estudar a dialética como mecanismo de estrutura de ideias e
pensamentos, mas o processo de entendimento sempre me pareceu bastante confuso,
como entender a negação da negação, a passagem do qualitativo para o
quantitativo e vice-versa, a síntese transformada em antítese, enfim, os
mecanismos filosóficos do materialismo histórico foram acrescentados e
superados pelo materialismo histórico e dialético, por fim, a divagação
filosófica finalmente encontrava seu porto seguro.
Contudo
o processo de desenvolvimento da teoria marxista para a metodologia de análise
da realidade passaria por momentos quase tão distintos, quanto suas formulações
macroeconômicas, e que na luta política estruturar esse tipo de pensamento,
aplicá-lo e construir uma teoria que pudesse ser comprovada na prática,
construindo ciência e cientificidade de forma organiza e permanente não seria
uma tarefa fácil.
Caminhando
para seus 200 anos de teoria mostra ainda sua força viva, mas vamos entender
que o jovem Marx, acabando sua graduação em Ciências Jurídicas, elaborou uma
tese a qual chamou de “Teses da Alienação e da Juventude”, seu primeiro
trabalho na qual sua proposta filosófica toma corpo a partir da construção de
uma metodologia única, o materialismo!
Aos
16 anos Marx saia da Universidade para se juntar a luta dos trabalhadores de na
futura republica de Weimar, Marx naturalmente tinha diversos interesses, mas
seus estudos o aproximaram de Hegel, na filosofia materialista a história na
concepção hegeliana era transcorrida e analisada do ponto de vista de uma
eterna disputa e que somente a parte vencedora contaria sua versão dos fatos.
Simples
assim, não!
O
processo de progressão social através do tempo histórico é necessariamente um
elo após o outro, não existe passagem histórica rompida, laços se mantém entre
os tempos e que são transformados permanentemente, mas dentre essas mudanças
permanecem alguns elementos comuns a todos os tempos históricos, a luta entre
classes distintas, com interesses antagônicos, Hegel procurou a partir dessa
percepção esses ditos elementos comuns e então construiu sua teoria filosófica.
Marx
em seu texto sobre alienação e Juventude, que serviu de trabalho de conclusão
de curso em Direito, foi beber diretamente dessa fonte, a Alemanha estava em
plena crise econômica, sua republica ainda estava sendo consolidada e as
diferentes nacionalidades estavam ainda em conflito, Marx na Universidade de
Bonn participando do Movimento dos Jovens Hegelianos, construiu sua teoria, mas
o marco de sua tese foi o processo de elaboração metodológica em que constrói
comparações entre a juventude do campo e da cidade, a partir do contato com a
própria evolução material de seu tempo.
Apesar
do discurso acadêmico o texto de Marx já mostrava seu latente talento para
explicitar e criticar a realidade de sua época, e como se desenvolveu as
relações entre a juventude até o dias em que estava na Universidade e como
esses mesmos problemas eram percebido pelos seus pares.
A
aplicação do materialismo histórica colocava Marx entre os principais
seguidores de Hegel e já assumia definitivamente seu papel dentro do movimento
da jovem intelectualidade alemã, mas Marx foi além, do processo de construção
da Tese da Alienação e da Juventude, Marx se propôs ir além, e começou sua
busca por revitalizar e aprofundar o materialismo.
Surge
assim o materialismo histórico e dialético, obviamente que estamos apenas
discutindo o inicio do caminho, o estudo das leis da dialética demandaria um
tempo e um espaço que não seriam suportados no blog, e ainda temos que falar da
quarta lei, o desenvolvimento combinado e desigual, proposto por Trotsky.
Após
a revolução de 1905, Trotsky caminharia para o processo de reflexão de suas
ideias para a construção de uma base teórica da revolução russa, mesmo sendo
fracassada em seu objetivo, a revolução de 1905 deu bases teóricas que foram
bem sucedidas em 1917, e uma dessas bases teóricas que foram concebidas foi o
desenvolvimento desigual e combinado.
A
revolução de 1905 na Rússia não era uma aposta dos chamados dirigentes da 1ª.
Internacional, pois havia certo consenso sobre as interpretações de Marx, pois
este havia dito em mais de uma ocasião que a evolução das forças produtivas
levariam ao socialismo, ou por meio de uma revolução ou da própria necessidade
progressista da sociedade, ou seja, de seu amadurecimento.
Em
ambos os casos a Rússia Czarista não se encaixava, para Trotsky era necessário
estabelecer outra fonte teórica que permitisse avançar ao tacanho momento da
Internacional Socialista da época, e ele desenvolveu a partir do estudo da
revolução de 1905 esse elemento dialético, do desenvolvimento desigual e
combinado, pois o capitalismo já era, nesse período, um sistema planetário, e
portanto, as diferentes localidades sofreriam o mesmo impacto dos ditos países
industrializados.
Logo
os efeitos da crise de baixa ou de alta produção determinariam os valores de
mercadorias para além das fronteiras nacionais, a própria dinâmica do
imperialismo estava determinando essas medidas de controle de crise. Por outro
lado, esse mecanismo aproximavam as classes trabalhadoras do mundo todo,
criando vínculos que naquele período não poderiam ser explicados, como por
exemplo, o processo de crise global dos dias atuais.
Contudo,
Trotsky anteviu esse processo a partir da análise da revolução de 1905, e
identificou elementos onde o capitalismo russo era extremamente desenvolvido e
como esse processo se interiorizava e começa o artifício de proletarização do
campesinato na Rússia, e a combinação de elementos progressistas nas economias
periféricas determinava o desenvolvimento desigual no resto do globo, mas
estava combinado em sua gênese, o aumento do lucro dos donos do poder
econômico.
Certamente
o processo explicaria a tomada de decisão dos setores da Internacional em não
apoiar mais incisivamente os revoltosos de 1905, o que cabe destacar é que a
metodologia dotada por Trotsky permitiria construir análises que iriam além do
receituário marxista da época, o que gerou muita crise, mas foi determinante
para que Lenin escrevesse “O que fazer?”, e ambos fossem os principais teóricos
e interlocutores da revolução vitoriosa de 1917.
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