Agora a pouco assistir uma
reportagem sobre os resultados do IDEB, no corte promovido pelo telejornal, a
análise que se propunham tem um quê sugestivo que no mínimo deveria ser motivo
de cassação do usufruto da concessão pública dos seus direito televisivos, mas isso
é assunto para outro momento, o que cabe observar são as conclusões que seus
ancoras e especialista chegou: que a disciplina foi o determinante para que
essas instituições escolares pudessem configurar entre as melhores do Brasil.
Durante a reportagem o que se viu
foi escola em prédio bem equipados, alguns com academias, quadras e até aulas
de hipismo, sala de artes e laboratórios equipados. Professores bem
remunerados, algumas com cerca de 70 com mestrado e doutorado. Todos os
estudantes uniformizados e felizes, lembrou os desfiles oficiais promovidos
pela Corea do Norte.
Em todo caso, a felicidade é algo
para poucos conforme o editorial dos jornais, um pouco mais de 7 mil na Bahia e
3 mil no Amazonas, são escolas públicas de excelência! Mas determinadas para
uma minoria, resquício da ditadura, onde os colégios militares eram
laboratórios de criação de oficiais preocupados apenas com a manutenção da
ordem e da paz, voltando seus apetrechos de segurança e suas garras e olhos
para seu público interno, ou seja os descontentes com o autoritarismo militar e
sua ditadura fétida.
Sinceramente a conclusão que o
analista chegou ao final de seus comentários, beira o sofismo linear e
absoluto, mas variáveis inexistente ou completamente ausentes, como se fosse
preferir ir ao Carandiru do que para a Praia Grande e lá concluir que a
liberdade é um dos valores universais.
Explico, durante a escravidão a
Praia Grande era utilizada para aporte dos navios negreiros, chegou–se mesmo
até ser construída trilhas de pedras para facilitar o transporte de escravos, e
com o antigo presídio, não acho que é necessário!
Mas enfim, a disciplina que o
jornal defende é do sim senhor e a do não senhor, como essa forma pudesse
compreender todas as habilidades humanas, robôs e fantoches, são criados sem o
criticismo necessário para o estabelecimento do saber, pois conhecimento sem
filosofia, não é saber, é informação!
Se essa disciplina que o jornal propõe
como modelo para outros colégios e instituições de ensino certamente ter-se-á
uma exercito de reserva de escravos modernos, verdadeiros agentes de um status quo fadado ao fim do processo,
restando a ele apenas acreditar que o meio será sempre mais importante que o
fim, que o desenvolvimento humano.
A disciplina na educação não é
uma marca que deverá ser gravada na pele dos estudantes, nem tampouco se
utilizada para punir aqueles que “pensam” diferentes, a atual modelo de
educação privilegia certo nível de conteúdo e não de criatividade, enaltece a
capacidade matemática do que a filosófica, busca na concorrência a elevação, em
vez da solidariedade, caminha com passos igual ao próprio desenvolvimento do
capitalismo tardio em nosso país.
A genialidade contida em nosso
povo só poderá sair de seu obscurantismo
à medida que as liberdades individuais se tornem coletivas, que a necessidade
não seja a regra, mas sim a exceção, a igualdade de possibilidades se dará não
no cume da pirâmide mas na sua base, pois lá os iguais se transformam em corpo
coletivo, em elaboração solidaria em pensamento vivo, transformando a realidade
que todos vivemos, porque é assim que se muda os valores de uma sociedade.
Já temos base para isso, duvido muito,
ainda corremos atrás do que foi roubado, tirando de nossos avôs, pais e irmãos,
nossos filhos cobrarão ainda essa dívida, mas se a disciplina pode influenciar
o processo educacional, disso não temos a menor dúvida, ou meus caros o jovem
Amadeus ficando horas a frente do piano não era claramente um ação soberba de
disciplina, o jovem Albert trancafiado em seu quarto com suas equações,
Vinicius com seu malte e Raul com seus cânticos e mantras.
Resta-nos admitir que a nossa
disciplina não depende deles, mas sim de um atributo maior, de uma
responsabilidade maior, que se encontra na solidariedade das nossas ações
individuais, transformando-se em coletivas, onde o caráter da educação passa de
concorrente para solidário, e a disciplina nada mais que nosso momento maior de
diversão e prazer!
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