Desde
o fim das eleições em 2008, e com o PT na figura da companheira Ana Julia,
governando o Estado, me deparei com a seguinte situação: vários companheiros da
AS (Articulação Socialista) que apoiaram o companheiro Eliezer Rego a vereador,
e que de certa forma não foram contemplados nos planos da AS após as eleições,
dentre eles o companheiro Rogério Corrêa, na qual dedico minhas mais sinceras
homenagens e sei da luta desse companheiro e digo, com certo orgulho, que
nesses anos não só nos tornamos companheiros, como amigos, sei de seu
profissionalismo, da sua garra, e da sua capacidade de articulação e
organização, certamente um dos meus referenciais hoje em internet e redes
sociais.
Prosseguindo
tínhamos a convicção que os “espaços” estavam já loteados e que era necessária
rever nossas posições políticas, desde a minha chegada de Brasília, em março de
2007, tentei uma aproximação com a Unidade na Luta, cheguei mesmo a falar com o
companheiro Paulo Rocha em Brasília, nos corredores do anexo 4, quase em frente
a seu futuro gabinete, guardo ainda hoje suas sábias palavras. Contudo, me
atrevi e voltei para Belém, sentir certo desconforto com o clima e a recepção
de alguns companheiros “novos” no partido, que me viam e ainda hoje me vêem
ressabiados, digo isso em solidariedade ao companheiro Claudio Puty, em outra
oportunidade falei diretamente a ele, mas quero dizer aqui em alto e bom som:
Sou do Pará, sou do PT e aqui construir minha história e toda minha formação política no movimento
estudantil, tenho orgulho disso, mas sei que não posso viver só das glórias do
passado e nem ser eternamente uma promessa não realizada.
Tenho aqui
minhas raízes e origens, que vão mais além do próprio PT, minhas origens em
Bujaru, com certo orgulho de ser um Oliveira Bastos, ou mesmo em Muaná, sendo
da família Magno, de um lado ao outro minha família mantenho laços com o
movimento Cabano, e hoje com esse material coletado e sendo pesquisado percebo
que minhas ações nada mais são que um reflexo profundo das minhas origens
familiares.
Mas
assim como eu existem vários netos e bisnetos que ainda não desistiram de
continuar os sonhos de seus antepassados, nobres de sangue azul nunca fomos,
mas nobres em ações e participação na vida política do meu Estado, sim, trago
nas minhas veias essa tradição, talvez hoje de forma mais conseqüente e com
certeza mais a esquerda, força da metodologia marxista.
Enfim,
no final de 2008, depois de ter elaborado diversos projetos, a Prefeitura de
Capanema, na administração do PT me chamava para executar um projeto de
qualificação de jovens, via Secretaria de Assistência Social, com a valorosa
Dona Palmira, nesse momento negociamos diretamente com o companheiro Nonato
Guimarães (ex-deputado estadual e ex-presidente do PT estadual) a execução, solícito,
ajudou no que pode, desde esse momento construímos uma relação de respeito e de
ajuda mútua, sua casa em Capanema se transformará nos próximos anos um local
freqüente de reuniões e encontros.
Após,
a execução do projeto que contemplou 220 jovens em 11 cursos, em quase 45 dias
de curso, tínhamos terminado um ciclo, quero agradecer a Dona Palmira que foi
incansável em seus préstimos e ao companheiro Alan Amorim por suas preciosas
contribuições.
No
final do processo eleitoral e reeleito o prefeito Louro em Santa Luzia (antigo
quilometro 47 da Belém-Maranhão), tive novamente contato com o companheiro
Nonato Guimarães na qual ele propunha que executassem os cursos em Santa Luzia,
a partir mesmo da experiência de Capanema, mas com outra vertente, a da
capacidade de mobilizadores sociais, a partir da constituição de cooperativas
de crédito e de trabalho, em síntese o curso se dividiria em duas partes, a
primeira seria qualificar uma equipe para serem os facilitadores, nesse ínterim
obtive a ajuda e parceria do companheiro Juvenal que acompanhou todo o
trabalho, para não fugir a regra quero dizer que o companheiro de Santarém é um
daqueles raros amigos que constroem sua relação pessoal a partir do mais
sincero sorriso e da mais apaixonada dedicação, obrigado companheiro.
A segunda etapa consistiria na preparação das
pessoas para formação das cooperativas, já com a ação dos facilitadores, e
assim teríamos a possibilidade de construção de uma agenda com participação
popular e na perspectiva da construção de um pólo de econômica solidaria no
município, para construir uma alternativa de desenvolvimento econômica para a
região, com uma vocação agropecuária.
Foi
em uma tarde de dezembro que começamos a discutir a construção de uma
alternativa para quebrar o isolamento político que a prefeitura de Santa Luzia
atravessava, afastada da AS, desde o final das eleições os companheiros
decidiram trilhar um rumo que pudesse por um lado, aproximar o Governo do
Estado da administração do Prefeito Louro, e por outro, se constituir a partir
das experiências da economia solidária em um grupamento político e teórico que
pudessem transcrever essa experiência em um marco teórico e conceitual, em ambos
o casos a idéia sempre me pareceu fascinante.
Começávamos
nossa empreitada para construir o Solidariedade e em fevereiro de 2009, na
cidade de Irituia (PA) lançamos nosso manifesto, com a presença de quase 80
companheiros distribuídos em mais de 14 municípios, em sua síntese o Movimento
Solidariedade se constituía para se tornar um movimento por dentro do PT e que
pudesse ser um elo entre o partido e a necessidade de reconstruir a utopia
socialista a partir de um novo elemento a solidariedade, trazendo para o PT
elementos profundamente humanista de construção partidária, mas acima de tudo
com o desafio de ser tornar um corrente de pensamento dentro e fora do PT.
Após
nossa reunião em Irituia tiramos uma coordenação política e eu logo
participaria dessa primeira coordenação, nossa primeira tarefa foi tentar uma
aproximação com o CNB, que no estado era composto por três grandes tendências a
Unidade na Luta, o PT Pra Valer e a AS, lembro de termos participado como
convidados de um seminário no Hotel Beira Rio, e nessa tentativa tivemos
problemas com os companheiros da AS, que desavisadamente não tolerava nossa
participação no debate, em contrapartida a companheira do PT Pra Valer nos viam
como aliados em potencial, e a Unidade na Luta que não mostrou nenhum interesse
no debate, recordo-me do companheiro Paulo Rocha em seu discurso saudar as
correntes, menos o Movimento Solidariedade, confesso que fiquei decepcionado
com o companheiro e fui depois de sua fala conversar com ele, apreensivo fui ao
seu encontro e com um ar de cobrança fui incisivo, “esqueceu de falar do
Movimento Solidariedade!”, e ele com a calma que lhe é peculiar disse, “não
esqueci, mas o movimento não é um tendência”, palavras essas que ecoaram como
um previsão, talvez naquele momento ele estive certo, mas hoje o entendo e
percebo que se ele foi justo na crítica, foi ruim na forma, mas enfim, o
Solidariedade se encontrava como começou o encontro fora do Campo Majoritário!
Estava
dada a tarefa de romper o cerco, a prefeitura precisava urgentemente dos
repasses para começar o segundo governo com o pé no acelerador, nossa ida para
o CNB estava sendo impedida pela AS, defendida pelo PT Pra Valer e contava com
a omissão da Unidade, sequer fomos convidados para o conselho político, foi
quando em uma reunião que decidimos fazer contato com a Democracia Socialista,
e eu fui o nome indicado pelos companheiros para fazer essa aproximação,
aceitei a tarefa e começamos assim a construir o caminho do Movimento
Solidariedade com o núcleo de governo.
Nesse
período conseguir falar com o companheiro Rolando Noronha, conhecido de longa
data, dos tempos de movimento estudantil na Universidade, já tínhamos trilhado
alguns caminhos conjuntamente, sempre com respeito e companheirismo, tivemos
uma primeira conversa, logo após marquei um ida do Nonato e do Gedson para
falar com o Rolando e assim começava nossa jornada ao Palácio de Governo.
Depois
desse encontro marcamos um domingo para falar com o Puty, no sábado tinha
chegado a Belém o Nonato e o Gedson, ficamos esperando o telefonema do Rolando
o dia inteiro, quando chegou por volta das 16:00 horas fomos avisados que
iríamos reunir naquele dia e fomos para a casa do companheiro Puty, eu, Nonato
e o Gedson. Nessa reunião ficou acertado nossa entrada no governo, a relação
com a prefeitura seria revista e priorizada e saímos de lá com uma reunião
marcada em Brasília com a direção nacional da DS e da Mensagem ao Partido, na
mesma semana estava embarcando só para Brasília para realizar essa conversar
com o companheiro Soriano.
Após
a conversa marcamos uma data para que pudessem vir a Brasília o companheiro
Nonato e o prefeito Louro, que aconteceria algumas semanas depois,
oficializando nossa entrada na Mensagem ao Partido.
Por
aqui no estado nossa relação com a DS teria seu primeiro batismo de fogo o PED!
Se me permitem vou pular essa parte da história, o que é importante destacar é
que a partir do PED estava clara a estratégia da DS aos demais grupamentos da
Mensagem no estado: a pura e simples cooptação! Eis que nesse momento não pude
ficar passivo, fui questionar a estratégia adotada pelo coletivo em relação a
DS, questionei o seguidismo desnecessário e fui além, achava que tínhamos que
construir uma relação diferenciada, graças a isso no processo eleitoral
conseguimos manter o pé no chão, logo, fechamos um acordo com o PT Pra Valer
para apoiar o dep. Ganzer, novamente estava eu, o Nonato e o Gedson na conversa
com o Valdir e o Apolônio, apoiamos para deputado federal o Puty, mas isso
permitiria construir laços que pudessem nos aproximar do campo por um lado e
por outro manter nosso acordo com a DS e com a Mensagem ao Partido.
Hoje, com mais
calma acredito que tenha sido um erro não lançarmos candidato para deputado
estadual, lembro-me que questionei isso em uma dada reunião em Castanhal, mas
cumprimos nossos acordos e fomos para a campanha, em Santa Luzia e Capanema
chegamos a realiza uma ida do Puty e do Ganzer juntos, de tantas outras
posteriores, para selar o acordo.
Selado os
acordos fomos caminhando para nossas tarefas diárias, o Movimento
Solidariedade, após o PED indicou meu nome para compor o Diretório Estadual e prosseguíamos
a vida, nesse período, fiquei mais em Belém, na Casa Civil. Contudo, nem tudo
foram flores, o processo eleitoral indica um caminho sem volta, a perda do
governo estava a caminho e sabemos o resultado hoje.
Em todo caso,
o Movimento Solidariedade tinha perdido já no processo eleitoral seu objetivo
organizacional, não reuníamos mais, sob a tutela do companheiro Nonato Guimarães,
e sua ida para Ipixuna, e com crises constantes na gestão em Santa Luzia não conseguíamos
mais voltar ao ponto de partida, e logo após a derrota eleitoral em 2010 e com
a primeira reunião do PT estadual no início do ano seguinte (2011) fui
surpreendido no dia da reunião com a notícia que não pertencia mais ao diretório
do PT, que no dia anterior, por volta das 18 horas tinha sido afastado do
diretório por um ofício assinado pelo Nonato, que me substituía, e ai
questionar o fato fui avisado que tinha surgidos boatos que eu estava no PT Pra
Valer.
Enfim, passado
um ano desse evento percebo que a DS agira não somente de forma torpe, mas a
calunia foi a arma utilizada, o hoje vendo que os coletivos como o 13
Socialista e que se organizava em torno do companheiro Arroyo foram cooptados
para as fileiras da DS, percebo que a estratégia seria a mesma com o Movimento
Solidariedade e que eu, com a minha postura e decisão política, jamais
permitiria, logo o meu afastamento seria uma etapa necessária.
Fiquei
aguardando o ano de 2011 para ver os desdobramentos, pensei que o Movimento
Solidariedade pudesse sobreviver e que a linha política adotada na prefeitura
de Santa Luzia pudessem dar rumo aos companheiros, percebo agora, com muita
calma que isso era apenas um desejo, o que de fato ocorreu foi um ataque a gestão
do companheiro Loro, vindo dos mais diversos cantos, e que o Movimento
Solidariedade não estava mais preparado para dar suporte político para a
prefeitura, os acontecimentos são a prova cabal desse diagnóstico.
Hoje encerro o
ciclo, para mim o Movimento Solidariedade esta acabado em seu sentido político,
nada tem mais a acrescentar, não faço mais parte de suas fileiras, esperei um
ano completo para escrever essas linhas, em respeito aos companheiros que ainda
acreditam no Movimento Solidariedade, mas vou prosseguir e chamo esses
valorosos companheiros a caminharem comigo uma vez mais para dar sentido a
nossa luta pelo socialismo e pela defesa incondicional do Prefeito Louro e de
sua gestão democrática e popular a frente da prefeitura de Santa Luzia!
O futuro deverá
ser a construção dos nossos sonhos!
Viva o Socialismo com Solidariedade!
Marcelo Bastos
Belém, 25 de
fevereiro de 2012
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