Esse texto a seguir é resultado de um questionamento de uma companheira de luta virtual, a qual tive o privilégio de conhecer na última campanha eleitoral, ela mora em Brasília, mas suas inserções comentando a campanha ganharam o Brasil e com isso meu respeito e admiração, Márcia Paiva, levantou o questionamento em seu perfil do Facebook, e a partir dele fiz alguns comentários, a qual transcrevo para meu blog por considerar que são pertinentes para esclarecer a atual etapa de luta de classes, e como essas dúvidas são costumeira e freqüentes, podemos assim, levar o debate adiante com um dose mais pertinente de consistência em nossas afirmações, e agradecer a Má, pela oportunidade de levantar esse debate.
Márcia Paiva:
Que esquerda fomos, que esquerda somos e o que queremos ser como esquerda? Que prerrogativas devem ser importantes na nossa luta contra o sistema? Como podemos caminhar contra o sistema se não conseguimos sair dele? Eu prego a liberdade de gênero, de ideais e de idéias. Luto pela igualdade e pela justiça social. Luto pela melhor divisão de renda. Eu desejo a liberdade. O que queremos e pra onde vamos se não nos permitimos compreender que chamar uma mulher de puta porque ela é loira e gostosa estamos reproduzindo o que há de mais desumano e vil na sociedade? Me recuso a reproduzir a máquina que nos cega, me recuso a deixar de quebrar paradigmas todos os dias. Reflitam, amigos! Lutamos contra quem e por quê?
Marcelo Bastos.
Desculpe, e me desculpe de novo por começar com uma desculpa, mas todas as questões que você levantou não são novas ou inéditas, sempre estiveram e ainda estarão sob julgo e análises na sociedade divida em classes sociais, o que temos que discutir e como elas surgiram, e que momento, começou a exploração do homem pelo homem, e quando descobrirmos que a culpa é da propriedade individual, onde se estruturam todas as demais questões, podemos começar o verdadeiro debate.
Qual é o ponto de partida, o gatilho das injustiças?
Essa é a pergunta que eu acredito que podemos começar, dentro dela podemos construir diversos pontos de vistas, e que um será sempre mais correto que o outro dependendo sempre da concepção de cada um, da compreensão de cada um sobre os eventos históricos que levaram a construção da atual etapa de desenvolvimento humana e social.
No meu entendimento, a partir do momento que houve a necessidade de construção de um estado para resolver conflitos sociais, mediar as relações sociais e por fim, estabelecer regras jurídicas, éticas e morais para concatenar e estabelecer padrões de convivência.
Contudo, se começarmos a avaliar esse ponto de partida, compreenderemos que ele começa a partir do desenvolvimento das relações sociais, medidas a partir de seu próprio desenvolvimento econômico, ou seja, das relações de produção.
e fomos pensar em uma linha do tempo, podemos pensar que as relações sociais tribais foram as primeiras formas de organizações sociais, e com elas as antigas e pré-históricas sociedade comunais, que também são resultado de um processo mais longo e lento, muito lento, que permitiu que o homem saísse da vida nômade, que desenvolvesse técnicas de cozimento, e que estabeleceu regras de convivência onde a mulher tinha um destacado papel, pois ela, chefe da família e da sociedade matriarcal, estabelecia a partir de sua posição, as tarefas sociais, com a fixação do homem a terra, e com o fim da vida nômade, o sociedade humana, experimentou longos anos de desenvolvimento econômico, a partir mesmo da técnica.
até o dia, em que alguém resolveu dizer que a propriedade não era mais coletiva, e que depois inventaram o direito de herança e as relações sociais começaram um período de disputas entre homens, antes os conflitos (guerras) não eram entre homens, mas sim entre diferentes espécimes animais, ou seja, o homem lutava pela terra contra animais maiores, o homem lutava pela sua sobrevivência enquanto espécie, como ainda é hoje por exemplo, a floresta amazônica, entre as relações entre a onça e a capivara.
Mas a partir do momento que o homem começou a lutar contra o próprio homem, pela posse da terra, a sociedade tribal se viu obrigada a estruturar regras de convivência, aquilo que Hobbes, chama de “Homo homini lupus”, e surge o estado e a sociedade evoluiu para uma sociedade patriarcal e escravista!
Enfim, mas isso é uma percepção histórica desenvolvida a partir de uma análise marxista e que ela segue, o Manifesto Comunista de Marx, é a principal literatura desse tipo de análise, que pós-queda do Muro de Berlim, jogou toda a construção intelectual de anos na lata do lixo, e é o meu ponto de partida para se rediscutir o papel dos comunistas na atual etapa de desenvolvimento humano.
Essa é a diferença fundamental, o Marxismo não é somente Marx, mas sim todo um sistema de método que permite a todos analisarem o desenvolvimento social, a partir mesmo da realidade concreta, enfim, esse é o processo de construção coletiva que os críticos do marxismo não entendem!
Defina utopia? Mas no meu modo de ver e interpretar as realidades, vem acompanhada de um processo anterior aos "conceitos", é a parte metodológica da construção do pensamento cientifico, e para quem não compreende o marxismo como um método, o percebe apenas como uma teoria, mas tal é a vitalidade dele que chega mesmo a ser parecer como o final do caminho, e não o caminho em si.
Essa é a diferença, reconsiderando apenas o conceito no qual eu trabalho, sem levar em conta outras teorias, como por exemplo, a das epistemologias do Sul, na qual o pensamento europeu é relativizado e utilizado com mecanismo de dominação, e conseqüentemente, de exploração, incluindo o Marxismo, a atual etapa de desenvolvimento se enquadra perfeitamente, naquilo que chamamos de desenvolvimento desigual e combinado, uma espécie de quarta lei da dialética (http://dilacerado.blogspot.com.br/.../a-quarta-lei-da...), e que pode perfeitamente comportar a ânsia de entendimento da atual etapa de desenvolvimento histórico.
Com relação ao modelo? Essas respostas devem ser construídas a partir do debate, as formulas prontas já não podem resolver nada, devemos nos preocupar mais nas formas do debate, na preservação de opiniões distintas, mesmo as minoritárias, e quem sabe assim, compreendendo que as relações sociais estão embasadas nos antagonismos irreconciliáveis, podemos então, suprimindo esse pontos do debate, a partir de sua resolução prática, podemos construir um sociedade de fato e verdadeiramente humana.
Não consigo visualizar o "eu" sem o contexto social, não somos seres independentes, mas sim interdependentes, sociais como dirão outros, não se pode haver revoluções individuais, ela se dá na exclusividade da luta social, e sim para mim é luta, pois a sociedade está dividida em classes sociais, e sim é uma guerra, a diferença que as estruturas sociais estão ai para manter o status quo, e todos os argumentos que venham em sentido contrário apenas reforçam nossas correntes, compreender essa luta como uma guerra é a única forma de se libertar das correntes da dominação do julgo do capital, palavras pesadas, mas enquanto os interesses deles são o lucro, a ganância e a propriedade, podemos pensar que salvar a Amazônia é importante, desde que não se mexa no fluxo de capitais para pagamento das dívidas oriundas dos pagamentos das taxas de juros, o que no final faz a economia do país e do mundo se movimentar. O eu submerge se desfazendo, e não se constituindo como processo alternativo de substituição de prioridades, só haverá paz, à medida que a razão suprimir os desejos, e que a materialidade seja uma racionalidade conquistada e não produto de um consumismo fugaz!
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