Passado 53 anos do embargo econômico americano a Cuba, fomos surpreendidos, com o começo do diálogo entre EUA e Cuba, com a libertação de presos políticos de ambos os lados, mas acima de tudo, o reinicio de uma relação diplomática suspensa a tanto tempo.
Devemos voltar ao tempo e verificar como eram essas relações, antes mesmo da revolução vitoriosa de 1959, Cuba vivia exclusivamente das relações comerciais com o EUA, um país dependente, Cuba era apenas uma ilha para fornicação e passatempo dos americanos abastados, mas tinha uma situação de extrema pobreza que contrastava com os prédios luxuosos e os cafés para os estrangeiros.
Os charutos já eram um dos principais itens da cesta de importações, assim como suas prostitutas, atividade regulada pelo Estado de Batista, que tinha 500 em seus registros, a população mal conseguia se alimentar, era uma republica de bananas, umas das suas principais atividades econômicas.
A industria da perversão e dos jogos de azar eram a principal fonte de renda dos cofres públicos, que eram saqueados pelos sucessivos governos, a infraestrutura existente era proveniente de recursos do Tesouro Americano, as principais estradas, o próprio aeroporto foi construído com recursos dos EUA, que viam a ilha como uma paraísos tropical a seu serviço.
Não havia escolas suficientes, e as poucas existentes eram sucateadas e os professor não tinha formação acadêmica, a ilha de Cuba antes de 1959 era um estado de terror, pois Fulgêncio Batista em 10 de março de 1952 tomou o poder através de um golpe assistido e apoiado pelos norte-americanos. com uma população faminta e sem expectativas de vida, uma economia completamente dependente do parceiro americano.
Uma situação extremamente delicada, ocorreram diversas greves e revoltas. Sempre partindo do proletariado que se unia e do movimento estudantil que ganhava força. As primeiras ações sentidas foram os ataques e tentativas de tomada dos quartéis de Moncada e de Carlos Manuel de Céspedes, em 26 de Julho de 1953. A ação conjunta fracassou, resultando na morte de vários combatentes, em sua maioria jovens estudantes e a prisão de outros tantos. Entre os presos estava Fidel Alejandro Castro Ruz, recém-formado advogado pela Universidade de Havana.
Outros movimentos de revolta também tentaram ataques isolados, tendo todos fracassado. Enquanto isso Fidel Castro é liberto e exilado no México. E foi lá então, que reuniram-se condições, convergiram fatores, para que se pensasse em uma verdadeira guerrilha. Fidel tinha em torno de si uma grande rede de contatos que o apoiariam; foi com esse objetivo então, que em 1954, funda o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7). Baseado no México, articula ações e conta com casas de apoio e representantes, principalmente em Cuba, Guatemala e Estados Unidos.
Vivendo na clandestinidade, o M-26-7 tem grandes planos, mas tem maiores ainda dificuldades. Conciliar egos e pensamentos diferentes, manter o movimento coeso e unificado, treinar combatentes, angariar recursos e pessoal, evitar espiões e traidores. Num processo lento o plano é traçado: Penetrar com um foco guerrilheiro através das florestas ao sudoeste da ilha, aos pés da Sierra Maestra e espalhar a revolução, contando com a adesão popular e dos camponeses que vivem miseravelmente ali.
A partir daqui todos sabemos o que aconteceu, o grupo guerrilheiro liderado por Fidel, Raul e Che se embrenharam nas florestas de cuba, e contando com apoio mássico da população camponesa começaram uma caminhada por todo o país, ganhando mais e mais adeptos, evitando entrar em confronto direto com as tropas de Batista, tática de depois ficou conhecida como guerra de guerrilha.
Tomado o poder, a intenção inicial dos guerrilheiros não era um alinhamento com a URSS, mas sim construir uma terceira via, as primeiras medidas foram a desapropriação dos meios de diversão dos americanos, uma profunda reforma agrária, mas não mexeram no papel social da propriedade, mas a medida que as reformas foram sendo estabelecidas e discutidas nos mecanismos revolucionários, como os conselhos, a relação com os EUA foram piorando chegando mesmo a uma invasão na Baía do Porcos.
Conhecida em espanhol pelo nome de "La Batalla de Girón em Cuba", a Invasão da Baía dos Porcos ocorreu quando um contingente de exilados cubanos contrários a Fidel Castro, organizados pelos EUA, tentaram invadir a região sul de Cuba. Este episódio ocorreu no ano de 1961 e os exilados de Cuba foram apoiados pelo exército norteamericano e tiveram treinamento de agentes da CIA (Central Intelligence Agency). O objetivo era depor o governo socialista que tinha se instalado após a Revolução Cubana e derrubar Fidel Castro.
Menos de três meses após John Kennedy assumir a presidência dos EUA, o plano da Invasão da Baía dos Porcos foi colocado em ação, mas acabou sendo um fracasso. Isso ocorreu devido ao equipamento e treinamento do exército cubano, financiado pelos países do Bloco do Leste, e acabaram vencendo os exilados em um período de 3 dias, sendo que grande parcela dos agressores foram presos pelas forças armadas de Cuba. Este confronto acirrou ainda mais o relacionamento ruim entre os Estados Unidos e Cuba e teve como consequência a Crise dos Mísseis.
Ciente de manobras militares norteamericanas para invadir a Guatemala pós-revolucionária, Che Guevara alertou Fidel Castro sobre a possibilidade de um ataque à ilha. Em abril de 1961, Fidel Castro, sabendo que a invasão ocorreria, discursou e anunciou o cunho socialista da revolução. Um dia depois, a ilha sofreu o ataque dos EUA, que começaram pela região da Praia de Girón, localizada na Baía dos Porcos.
Por meio da CIA, os Estados Unidos realizaram o treinamento de mais de mil cubanos que tinham sido exilados de seu país. A maior parte deste grupo apoiava o ditador Fulgencio Batista, ditador militar cubano, e se localizava em Miami. Na época, o então presidente John Kennedy vetou o apoio da Força Aérea dos EUA nesta operação por temer um envolvimento de forma aberta e institucional na operação. Esse foi um dos fatores que levou a operação a ser diluída pelo exército cubano em 3 dias. Esta operação realizada secretamente pelos EUA para sabotar o governo cubano ficou conhecida pelo nome de Operação Mangusto.
E a partir de então as duas nações entraram em campos opostos, os EUA liderava o bloco dos países capitalistas e a URSS liderava o bloco comunista, e Cuba se aliava de corpo e alma aos desígnios de Stálin, mas foi obrigado a socializar a produção agrícola, o sistema financeiro e todas as demais políticas de magnitude socialista.
Mas em nenhum momento os revolucionários do Movimento 26 de julho não tinham como objetivo a instalação da ditadura do proletariado, muito menos construir o Partido Comunista Cubano, o desenvolvimento dos acontecimentos forçaram Fidel e seus companheiros a avançarem os rumos da revolução, para deixar de ser um golpe de esquerda para avançar rumo a uma revolução socialista, e então Cuba faria parte em definitivo do bloco soviético, bem na cozinha dos seus adversários na dita Guerra Fria.
Essa relação ficou sem grandes mudanças até ao final dos anos 80, quando o governo de Moscou adotou a Perestroica e Glasnost, Gorbachev anunciava a redução de ajuda financeira, econômica e política a Cuba, desde então, a ilha comandada por Fidel começou a sentir mais e mais o estrangulamento econômico promovido pelo EUA, e passou os últimos anos da década de 90 do século passado em uma profunda crise, mas manteve fiel aos seus conceitos e doutrinas, mesmo com a volta ao capitalismo nos antigos países do bloco soviético, mesmo com o capitalismo de estado chinês, e a ditaduras personalistas de outros países como a Coreá do Norte e Vietnam, ou foram varridos como a Albânia.
Deve-se salientar que o retorno ao capitalismo do antigo bloco soviético, deve-se ser compreendido como um retrocesso, algo negativo para a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do restante do mundo, a contra-revolução vitoriosa chegou ser mesmo festejada por algumas insígnias e correntes pelo mundo, como é o caso do PCO, PSTU e CST no Brasil.
Durante todo o tempo que Cuba sofreu com o isolamento econômico, os verdadeiros comunistas, se solidarizaram com Cuba, mas nunca defenderam o regime de exceção da burocracia de Castro, muito menos fez coro com os americanos, da mesma forma consideramos que ao abrir o dialogo diplomático com os EUA, e assim caminhar na direção de reatar as relações econômicas, políticas e diplomáticas com o EUA, Cuba deve enviar um claro recado ao governo de Obama, que ao conseguir se manter fiel aos preceitos revolucionários, mesmo esses sendo exportados e implantados a contra gosto de Fidel, Cuba permanecerá Socialista! E que importará seu modelo de construção social para toda America Latina e para o Mundo, pois é esse recado que os explorados do mundo inteiro hoje comemoram, com essa notícia da vitoria da resistência socialista, temos que nos organizar para garantir a luta política em Cuba para superar o regime de Castro e superar a sua burocracia, rumo a tomada de poder pelo povo cubano e para continuar avançando nas conquistas da revolução social.
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